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Fertilizar: vale a pena? Nutrição animal

    Fertilizar vale a pena Nutricao animal

    Fertilizar: vale a pena?

    Neste artigo vamos falar sobre fertilizar vale a pena ou não.

    Estamos em uma época do ano favorável para o crescimento e desenvolvimento das forrageiras, reconhecida como estação chuvosa. Nesse período, os fatores de crescimento e desenvolvimento das plantas (água, luz, temperatura) estão em seu potencial máximo, contribuindo para o pleno crescimento das forrageiras. No entanto, o potencial de produção geralmente é comprometido devido às condições de baixa fertilidade do solo.

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    Não é novidade que a engorda do gado ocorre a partir da exploração de pastagens, portanto, o resultado da operação é totalmente dependente da quantidade e qualidade da produção da massa forrageira. Este, por sua vez, é influenciado pelas características (estruturais e de fertilidade) do solo e pelas condições climáticas (temperatura, luminosidade e precipitação).

    Espécies forrageiras com alto potencial de crescimento são visadas, mas precisam de certas condições para expressá-los. Quanto maior a taxa de crescimento de uma determinada espécie, maior a dependência da fertilidade do solo e da reposição de nutrientes. Nesse contexto, fertilizar é o instrumento capaz de corrigir e/ou potencializar os nutrientes presentes no solo, permitindo que a espécie forrageira expresse seu potencial de crescimento.

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    Como principal nutriente limitante para o crescimento das plantas, podemos destacar o nitrogênio. Sua concentração impacta diretamente na produtividade da pastagem, pois constitui o componente necessário para a formação de enzimas que realizarão a fotossíntese na planta.

    Temos então uma série de etapas que devem ser cumpridas para que o produtor comece a ver os benefícios da fertilizar de forma bem planejada. De forma simplista e objetiva, quando falamos em buscar eficiência no processo que envolve a produção de gado a pasto, é fundamental ter em mente os “3Cs” do manejo da pastagem: crescimento (da planta); colheita (da massa de forragem produzida) e conversão (da forragem em produto animal).

    fertilizar |  Nutrição Animal - Agroceres Multimix
    Figura 1 – Os “três Cs” do manejo de pastagens. Fonte: Adaptado de Hodgson, 1990.

    Com base no que foi discutido até agora, não surpreende que o fator determinante de 60% das áreas de pastagens degradadas no Brasil seja resultado da baixa quantidade de matéria orgânica do solo, consequência da deficiência de nitrogênio. As plantas que crescem em baixas concentrações de N apresentam coloração verde clara, variando a amarelada. Lembre-se do que foi descrito acima: o N na planta aumenta a produção de clorofila que, entre as funções, é responsável pela cor verde. Folha com aspecto saudável (verde intenso) é sinônimo de pastagem produtiva.

    fertilizar |  Nutrição Animal - Agroceres Multimix
    Figura 02 – Sintomas de deficiência de nitrogênio – comparando os níveis de deficiência de nitrogênio, em relação ao ideal. Fonte: Adaptado de Luz e Mota 2015.

    fertilizar com nitrogênio, quando aplicado em doses ajustadas nas pastagens, acelera a rebrota e aumenta a produção de matéria seca por hectare. Esse aumento na produção ocorrerá de forma linear, até o ponto em que ocorra a saturação da capacidade de acúmulo de clorofila na planta (máquina de fotossíntese). A partir deste ponto, o mesmo aumento de produção não é observado a partir de aumentos na quantidade aplicada.

    fertilizar com nitrogênio permite intensificar o sistema aumentando a disponibilidade de forragem de melhor qualidade nutricional (desde que bem manejada), possibilitando aumentar a lotação animal sem prejudicar a produção, mantendo o ganho de peso dos animais e aumentando a produção por área.

    Ter conhecimento sobre nutrição do solo é essencial, pois o potencial de resposta da adubação nitrogenada é dependente do nível nutricional do solo, pH e disponibilidade de macro e microminerais, tudo isso, além das espécies forrageiras. Plantas do gênero Panicum possuem maior capacidade de assimilação de N, apresentando maior capacidade de resposta à adubação nitrogenada, em relação à Brachiaria, por exemplo.

    Para que o recurso utilizado seja bem aproveitado, é necessário utilizar estratégias adequadas para a produção de massa de forragem, quantidades e formas de aplicação de nitrogênio. Não se deve aplicar todo o fertilizante de uma só vez, pois pode haver perdas e não assimilação de todo o recurso aplicado. Além disso, devemos sempre pensar na eficiência da colheita, consumo e uso da forragem pelo animal.

    Por uma questão de lógica, fertilizar tem a obrigação de permitir um aumento no crescimento das plantas. Quando falamos em adubação nitrogenada, encontramos uma faixa de valor adicional de produção de forragem, na razão de incremento de 15 a 65 kg de MS/ha por kg de N aplicado (Cecato et al., 2011). Essa variação se deve a variações de clima, solo, espécies forrageiras, quantidade e fonte de fertilizante.

    Finalmente, às vezes nos perguntam sobre a viabilidade da intensificação. Muitos preferem investir em arrendamentos, sem utilizar de forma otimizada os recursos da fazenda. Sem dúvida, esse é o caminho mais fácil, mas provavelmente não será o mais econômico, principalmente quando pensamos em locações tradicionais, nas quais são raras as áreas que oferecem alguma estrutura diferenciada.

    Nesse caso, a pergunta que deve ser feita é: qual é melhor? Alugar terra ou gastar com adubação?

    Na prática, normalmente estimamos que a quantidade de 40 a 50 kg de N – variando de acordo com a fertilidade do solo e a espécie forrageira – permite o acréscimo de uma unidade animal por hectare. Citando a uréia como exemplo, e sabendo que a uréia é composta por 45% N, estamos falando da aplicação de ± 100 kg de uréia por hectare.

    Para prosseguir com os cálculos, vamos supor que o custo de uma tonelada de uréia seja de R$ 1.300 (você pode fazer suas contas com o valor da sua região). Nesse caso, para a forma de fertilizar descrito acima, seria necessário um investimento de R$ 130/ha para aumentar uma unidade animal.

    Quando pensamos em arrendamentos, temos uma grande variação de preço dependendo da categoria do animal que será utilizado e da região/estado da fazenda. Para seguir nosso raciocínio, adote o valor de R$ 20/cabeça/mês. Com esse valor, o desembolso anual seria de R$ 240 por animal.

    Vemos então que: investir em adubação é “mais barato” do que alugar pastagem. Deve-se notar que o barato pode sair caro se a fertilidade do solo e os requisitos de manejo das pastagens não forem respeitados. Deve-se notar que além do custo do fertilizante, precisamos considerar o custo de aplicação. Portanto, descontando o custo do fertilizante (R$ 130) do custo do arrendamento (R$ 240), sobra R$ 110 (R$ 240 – R$ 130), o suficiente para executar a operação.

    Assumindo que os custos foram iguais, ou um pouco maiores para adubação, o que deve ser questionado é: qual a capacidade de intensificação do arrendamento versus área própria? Qual é a capacidade de controlar e obter números de arrendamento versus área própria?

    Podemos concluir que o arrendamento mercantil é de facto uma opção a considerar, no entanto, o melhor aproveitamento dos recursos próprios é também uma excelente oportunidade.

    Lembre-se se

    De nada adianta a aplicação de adubação para se obter altas produções de massa de forragem por área, se não forem utilizadas as taxas de lotação adequadas, respeitando o manejo de pastejo adequado para cada espécie, permitindo otimizar o uso da forragem produzida.

    Os aspectos discutidos são cruciais para a eficiência econômica do sistema de produção animal a pasto. Quando a produção animal é planejada e eficiente, pode-se dizer que o uso da adubação nitrogenada em pastagens proporciona a sustentabilidade da produção e ganhos expressivos (em produção e economia) para o produtor.

    Nutrição Animal – Agroceres Multimix

    Fonte: Agro