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Ibovespa hesita, mas fecha em alta enquanto mercado aguarda regra fiscal

    Ibovespa hesita mas fecha em alta enquanto mercado aguarda regra scaled

    Por Paula Arend Laier

    SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa vacilou, mas fechou em alta nesta quarta-feira, com Vale e Petrobras entre os principais apoiadores, enquanto permanecem as incertezas sobre o conteúdo e a data de apresentação do novo marco fiscal do país pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva . Inácio Lula da Silva.

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    No cenário empresarial, a Qualicorp caiu fortemente após resultado abaixo do esperado no quarto trimestre, enquanto a Hapvida voltou a se destacar pelo lado positivo, ainda sob efeito das medidas de fortalecimento de sua estrutura de capital.

    Índice de referência do mercado de ações brasileiro, o Ibovespa subiu 0,6%, a 101.792,52 pontos, na quarta sessão consecutiva de valorização. Na melhor das hipóteses, chegou a 102.213,27 pontos. Na menor, caiu para 100.247,89 pontos.

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    O volume financeiro somou 19,6 bilhões de reais, mais uma vez abaixo da média diária de 2023, de 25,3 bilhões de reais.

    As atenções continuaram voltadas para as notícias relacionadas ao novo quadro fiscal do país, com expectativas principalmente em torno de um encontro entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Lula, além de notícias especulando sobre o conteúdo da proposta.

    De acordo com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, Lula pretende enviar a nova norma ao Congresso Nacional o quanto antes, mas ainda não há data definida. A expectativa é que Haddad apresente o texto aos deputados que lideram a bancada nesta quarta-feira.

    “O anúncio do quadro fiscal precisa ser acelerado”, disse o economista-chefe, especialista em política fiscal da Warren Rena, Felipe Salto, argumentando em nota aos clientes que rumores e vazamentos sobre a nova regra ocorreram e acabam obscurecendo o análises e prejudicando o andamento dos mercados e da economia.

    Ele enfatizou que continua acreditando que será apresentado um bom quadro fiscal, capaz de ancorar as expectativas e gerar trajetórias sustentáveis ​​para a relação dívida/PIB.

    “Isso é fundamental para toda a agenda econômica que se seguirá, a começar pela reforma tributária. Sem a aprovação de uma regra fiscal crível, o enfraquecimento da área econômica colocaria a perder todos os planos e medidas considerados até agora.”

    No exterior, Wall Street fechou com ganhos expressivos, o que acabou beneficiando a bolsa paulista, com perspectivas otimistas para a Micron e outras empresas mitigando algumas preocupações com a economia. O S&P 500 avançou 1,42% e o Nasdaq subiu 1,79%.

    DESTAQUES

    – HAPVIDA ON avançou 4,94%, para 2,76 reais, ainda amparado pela notícia do início da semana envolvendo a venda de 10 imóveis de subsidiárias da empresa por 1,25 bilhão de reais para a família Pinheiro (LPAR), controladora da empresa, como bem como a contratação de bancos para analisar a viabilidade de uma potencial oferta subsequente de cerca de 877 milhões de reais, o que ajudou a reduzir as preocupações com a liquidez. Na véspera, as ações disparavam 18,5%.

    – A QUALICORP ON caiu 5,97%, para 3,78 reais, após divulgar na véspera queda de 70,3% no lucro líquido ajustado do quarto trimestre de 2022, para 21,9 milhões de reais, bem abaixo das expectativas dos analistas. O papel vinha de três altas consecutivas, período em que avançou mais de 10%, após atingir mínimas históricas na última quinta-feira. Avaliando que os gatilhos para 2023 continuam improváveis, os analistas do Credit Suisse cortaram o preço-alvo dos papéis de R$ 9 para R$ 3,5, com recomendação “neutra”.

    – VALE ON fechou com alta de 1,44%, para 80,51 reais, beneficiada pela alta dos contratos futuros de minério de ferro na China. A mineradora também fechou negócios com parceiros chineses, incluindo uma planta de ferro-níquel na Indonésia, e anunciou na véspera um acordo pelo qual pagará US$ 55,9 milhões a um órgão regulador dos Estados Unidos para encerrar a ação por Brumadinho.

    – PETROBRAS PN subiu 1,31%, para R$ 23,9, mesmo com a queda do preço do petróleo no exterior. O atual Conselho de Administração da estatal, ainda formado por nomes apontados no governo anterior, também decidiu nesta quarta-feira que a empresa não deve rever vendas de ativos já em fase de assinatura e fechamento de contratos. A diretoria destacou que a questão da revisão dos processos de investimento e desinvestimento deve ser considerada dentro do plano estratégico, mas poderá avaliar o assunto caso a nova diretoria decida sobre o assunto.

    – ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,97%, a R$ 23,96, e BRADESCO PN ganhou 0,54%, a R$ 12,99, diante dos dados de crédito do país em fevereiro, que apontavam queda de 9,5% nas concessões de crédito na comparação com mês anterior, mas estabilidade da inadimplência no segmento de recursos livres em 4,5%.

    – SÃO MARTINHO ON avançava 4,07%, a 25,83 reais, em dia de altas no setor sucroalcooleiro, com RAÍZEN PN valorizando 3,77%, a 2,75 reais.

    – LOJAS RENNER ON recuou 4,87%, para 17 reais, refletindo alguma correção após três altas consecutivas. Analistas do Bank of America Securities também cortaram as projeções de lucro da varejista em 2023 e 2024, bem como a meta de preço das ações de R$ 25 para R$ 22, ao mesmo tempo em que reiteram uma recomendação “neutra” para as ações.

    – A LIGHT ON, que não está no Ibovespa, caiu 16,31%, a 1,95 reais, após afirmar na noite de terça-feira que está em “situação operacional e financeira complexa”, devido ao alto endividamento, geração de caixa insuficiente para honrar compromissos e alta taxa de roubo de energia. Em 2022, a elétrica teve prejuízo líquido de 5,67 bilhões de reais.

    – ONCOCLÍNICAS ON disparou 16,27%, para 7,86 reais, na esteira do balanço do quarto trimestre de 2022, que apontou lucro líquido de 96,9 milhões de reais, contra 22,7 milhões um ano antes. A ação não faz parte do Ibovespa.

    – GRUPO MULTI ON despencou 36,73%, a 1,43 reais, para novos mínimos históricos, após divulgar prejuízo de 205 milhões de reais no quarto trimestre, com o presidente-executivo da empresa também vendo um primeiro semestre complicado, ainda afetado pela migração para o novo Sistema ERP. O papel também não está no Ibovespa.

    – A MOBLY ON, que não está no Ibovespa, despencou 27,61%, para 1,94 reais, depois que a empresa de comércio eletrônico de móveis e decoração reportou prejuízo de 16,8 milhões de reais no quarto trimestre, refletindo queda de receita e aumento de custos fixos e despesas com depreciação e amortização.

    (Reportagem de Paula Arend Laier)



    Fonte: Noticias Agricolas