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    Mastite clínica: conheça detalhes importantes sobre essa doença

    Antes de discutir “o que se sabe” e “o que se faz” sobre a mastite atualmente, bem como “o que há de novo”, vamos começar com alguns conceitos estabelecidos sobre esta doença que acomete vacas em lactação. É uma das doenças mais comuns que podem afetar a vida produtiva e reprodutiva dos animais, podendo levar à morte e/ou descarte.

    O que é mastite?

    A mastite é uma inflamação da glândula mamária, resultante de uma infecção causada por um patógeno, que penetra na glândula mamária através do orifício da teta (principal via de infecção) ou sangue (ex. Micoplasma), causando danos nos tecidos e alterações físico-químicas no leite. É uma doença cara e complexa, com origem, gravidade e desfechos variáveis, dependendo do patógeno e do ambiente exposto (Thompson-Crispi et al., 2014).

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    A mastite pode ser diagnosticada como clínica ou subclínica, sendo a primeira detectada através de alterações visíveis no leite, acompanhadas ou não de sinais inflamatórios na glândula mamária ou sistêmica (Wenz et al., 2004); e a segunda, através do aumento de células somáticas no leite e diminuição da produção animal. Embora silenciosa e muitas vezes negligenciada pelo produtor, a mastite subclínica resulta em maiores prejuízos, pois reflete em perdas de produção, abriga patógenos, pode causar mastite clínica e resulta em leite de má qualidade (alta contagem de células somáticas, CCS).

    Os danos dessa doença vão além da perda de produtividade. Como dito acima, a perda da qualidade do leite, da saúde e bem-estar animal, assim como os gastos com antimicrobianos e outros medicamentos, levam a perdas econômicas significativas com tratamentos, descarte de leite, diminuição da fertilidade e reposição de fêmeas. O custo total do tratamento mastite clínica pode ficar em torno de R$ 400,00 a R$ 600,00, dependendo do tipo de infecção.

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    Uma preocupação cada vez maior é com o uso inadequado e indiscriminado de antibióticos na produção animal. A mastite e a “terapia de vaca seca” entram como as principais responsáveis ​​pelo uso de antimicrobianos, muitos deles sendo considerados de importância crítica pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2013), que recentemente declarou que a resistência ao uso de antibióticos é um dos principais as maiores ameaças globais.

    Com esse cenário e a tendência de diminuição do uso de antimicrobianos, estudos reforçam que o manejo realizado nos animais e no ambiente, bem como as estratégias nutricionais, podem reduzir os casos de mastite no rebanho. Além disso, novas tecnologias estão sendo desenvolvidas para melhorar o diagnóstico da doença e orientar o produtor sobre o melhor tratamento a ser realizado em cada caso.

    Mastite clínica

    A detecção de mastite clínica é difundido entre fazendas de todo o mundo e consiste basicamente em detectar grumos ou alterações na cor e viscosidade do leite. Antes da ordenha de cada vaca, os primeiros jatos são retirados em uma caneca de fundo preto e a presença dessas alterações é avaliada. No entanto, erros de diagnóstico (falsos negativos e falsos positivos) são muito frequentes no campo (Hogeveen et al., 2010).

    Para buscar um diagnóstico precoce e direcionado, estão sendo desenvolvidos sensores eletrônicos, com o objetivo de avaliar: peso do leite, composição, condutividade elétrica, contagem de células somáticas, presença de sangue no leite e coloração (Sorensen et al., 2016). ). Esses dados são coletados individualmente, a cada ordenha, e auxiliam no diagnóstico da mastite. Modernas ordenhadeiras mecânicas e robôs já são adquiridos com este pacote tecnológico, sendo também possível adquirir apenas esses sensores em uma unidade de ordenha já instalada.

    Uma vez diagnosticado o mastite clínica, classifica-se em: grau 1 (somente alterações no leite); grau 2 (alterações no leite e sala inflamada); ou grau 3 (alterações do leite, sala inflamada e animal prostrado). A maioria dos casos é leve e a decisão de tratar ou não o animal varia entre as fazendas. No grau 1, quando tratados, são utilizados medicamentos intramamários à base de cefalosporina ou penicilina, na maioria dos casos, e nos graus 2 e 3, esse tratamento está associado ao uso de anti-inflamatórios e hidratação da vaca (importante hidratação por via oral). , usando “Drench”), quando necessário.

    A imagem mostra três situações de mastite clínica apontadas no artigo sobre o assunto

    No entanto, a gama de patógenos que podem causar mastite é grande, e nem sempre o medicamento utilizado é o mais recomendado para o caso, o que pode levar a falhas no tratamento e evolução para casos crônicos. Pesquisas mostram que, em média, 30% dos casos de mastite clínica têm resultado microbiológico negativo (não necessitam de tratamento) e que 50% dos casos podem ter cura espontânea (o sistema imunológico da vaca luta), dependendo do patógeno causador da doença.

    Como resultado, o uso de cultura microbiológica na fazenda está se espalhando cada vez mais como método de diagnóstico direcionado. Este procedimento consiste em coletar o leite da vaca que apresentou mastite e incubar em placas contendo meio de cultura por um curto período de tempo. Na maioria dos casos, em 24 horas, ocorre o crescimento e a identificação da bactéria causadora da doença.

    Existem poucas opções de placas de cultura disponíveis no mercado, que se diferenciam pelo meio de cultura e poder de seleção de bactérias, além do preço. Placas bipartidas (ágar sangue e McConkey), que segregam as bactérias em dois grandes grupos: gram-positivas e gram-negativas; trigêmeos, que possuem um meio de cultura extra, capaz de selecionar bactérias do gênero Estreptococo; e aqueles que contêm um meio cromogênico, capaz de identificar espécies bacterianas pela diferenciação das cores das colônias, nos três diferentes meios de cultura.

    Dessa forma, torna-se possível direcionar melhor o tratamento para mastite clínica, bem como uma caracterização microbiológica da fazenda para conhecimento dos principais patógenos encontrados em vacas. Este último nos mostra se os patógenos são contagiosos (Ex. Staphylococcus aureus e Streptococcus agalactiaeresponsável pela maioria dos casos de mastite clínica) ou de origem ambiental (Tabela 1). A primeira é causada por micro-organismos parasitas obrigatórios da glândula mamária e sua contaminação ocorre através de uma ligação “vaca a vaca” ou “tetina a teta”, ou seja, a teta infectada pode contaminar a mão do ordenhador e/ou a ordenhadora e contaminar outras vacas. Por outro lado, os microrganismos ambientais não colonizam a glândula mamária, mas podem causar mastite por contaminação ambiental (sala de ordenha e equipamentos contaminados, cama, área externa de úberes e tetos), e as vacas apresentam sintomas que variam de leves a moderados ( Langoni, 2013; Marques 2006).

    Tabela 1. Patógenos que causam mastite ambiental e contagiosa

    tipos de mastite patógenos
    mastite contagiosa Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae, Staphylococcus coagulase negativo, Mycoplasma spy, Corynebacterium bovis.
    mastite ambiental Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter aerogenes, Proteus spp, Pseudomonas spp, Streptococcus uberis, Streptococcus dysgalatiaeleveduras, algas e fungos.

    A mastite clínica pode ser causada por qualquer um dos patógenos citados acima, porém, na maioria dos casos, os principais são Coliformes e Estreptococos Ambientais, e a maioria das mastites causadas por coliformes apresentam cura espontânea. Mastite causada por estreptococos ambientais (ex. S. Uberis e S. dysgalactiae) apresentam baixo índice de cura espontânea, mas respondem bem ao tratamento quando realizado corretamente. Além disso, existem fatores de risco que tornam as vacas mais propensas a infecções, como: animais de alta produção, animais mais velhos, período crítico de início de lactação, casos anteriores de mastite, mastite crônica subclínica (histórico de CCS alto) e algumas características morfológicas do úbere e das tetas (profundidade do úbere, hiperqueratose da ponta da teta, incontinência do esfíncter).

    O produtor precisa estar atento às definições e diagnósticos de mastite clínica e, principalmente, gerar registros por animal (Figura 2). Dessa forma, o histórico da vaca ajudará na decisão do tratamento e/ou descarte do animal, pois, por mais que a percepção do produtor seja de que os antibióticos não fazem mais efeito, a conversa não é bem assim, pois a intrínseca fatores para as vacas e o patógeno determinam muito mais a eficácia do tratamento. Por exemplo, animais com mastite clínica recorrentes precisam ser avaliados com mais cuidado, pois são animais transmissores de patógenos e precisam ser avaliados quanto à decisão ou não de tratar e/ou secar ou descartar a vaca.

    Tabela 2. Exemplo de planilha de campo para casos de mastite clínica

    vaca Encontro grau de mastite quarto afetado Cultura Microbiológica Tratamento (medicamento/dias)
    Mimosa 28/10/2019 dois EA(dianteiro esquerdo) S. agalactiae Cefalosporina intramamária por 3 dias (um tubo a cada 12 horas de intervalo),Dose única intramuscular de ceftiofur (siga o folheto informativo)

    Esses fatores intrínsecos podem ser: a condição imunológica da vaca (garantindo o bem-estar e fornecimento adequado de nutrientes), a agressividade do patógeno (S. aureus são extremamente agressivos, entram na glândula mamária, formam biofilmes e sobrevivem no interior das células de defesa, permanecendo em sua forma inativa, com alta resistência a qualquer tratamento), número de casos antigos, idade da vaca, etc.

    Portanto, o histórico de cada vaca torna-se importante e é um fator de controle do rebanho, pois quanto maior a incidência de mastite clínica (número de casos novos por vaca total em lactação no período de 30 dias), maior a contaminação de uma vaca para outra, que é uma medida de risco e sua redução tem grande impacto no controle da mastite. Além disso, alguns indicadores podem ser utilizados para avaliação e manejo do rebanho (Tabela 3).

    Tabela 3. Principais indicadores utilizados para monitoramento mastite clínica do rebanho (Langoni, 2013)

    indicadores Meta
    Incidência
    Mastite grau 3
    mortes por mastite
    Casos que requerem mudança de tratamento
    Casos repetidos
    Casos com mastite em mais de um teto
    Dias de descarte de leite* 4 a 6 dias

    *Depende do período de tratamento (por exemplo, S. aureus requer 8 dias de tratamento com IMM).

    Conclusão

    A mastite clínica É uma doença que merece cuidados redobrados e a eficácia da cura depende do patógeno envolvido, sendo que o monitoramento dos índices epidemiológicos e o histórico das vacas são ferramentas para auxiliar no diagnóstico e tratamento. A forma subclínica da mastite também causa danos consideráveis ​​e será relatada com mais detalhes no próximo capítulo.

    Nutrição Animal – Agroceres Multimix

    Fonte: Agro