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Produtores de leite pedem apoio para estancar crise no setor

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    A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) reuniu nesta segunda-feira (28) representantes do governo federal e do cadeia de produtores familiares de leite da Região Sul em busca de soluções para o setor, em crise desde 2016.

    A reunião foi conduzida pelo presidente do CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), segundo quem dezenas de milhares de pequenos produtores já deixaram o setor, entre outros motivos, por não conseguirem competir com as regras que facilitam o importação de leite da Argentina, Uruguai e Paraguai no âmbito do Mercosul.

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    “Muita gente abandonou a produção leiteira, pois não há incentivos e há dificuldades em ter uma produção viável. A Argentina, por exemplo, subsidia 40% da produção local, reduzindo custos. Dados oficiais mostram que, desde 2018, 44 mil pequenos produtores, só no Rio Grande do Sul, abandonaram a cadeia do leite. O IBGE mostrou que a produção de leite caiu 5,5% no país em 2022, e só nos primeiros 3 meses de 2023 importamos 6 milhões de litros dos nossos parceiros do Mercosul, sem contar a importação de leite em pó, que também disparou”, disse Paim, destacando a “concorrência desleal” que penaliza os produtores familiares.

    Grupos de trabalho

    Os representantes do governo apresentaram iniciativas que já foram tomadas.

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    Monica Avelar, que é coordenadora geral de Acompanhamento da Produção Agrícola do Ministério da Fazenda; Milton José Fornazieri, Secretário de Abastecimento, Cooperativas e Soberania Alimentar do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; e Heloisa Pereira, subsecretária de Articulação sobre Assuntos Comerciais do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, enfatizaram que o governo tem trabalhado para ajudar a cadeia produtiva.

    Mencionaram a atuação de grupos de trabalho interministeriais dedicados ao tema, que têm dialogado com entidades representativas para a adoção de novas políticas de ajuda. Os técnicos admitiram que produtores gaúchos, catarinenses e paranaenses sofreram grandes prejuízos.

    Representantes do governo destacaram decisões recentes de grupos interministeriais, como a medida que aumentou a tarifa de importação de 29 laticínios de 10,8% para 14,4%.

    Na lista estão iogurtes, manteigas, queijos ralados e doce de leite, entre outros laticínios.

    Mencionaram ainda o aumento das tarifas de importação de 12,8 para 18% no caso do óleo de manteiga butírica (ingrediente utilizado em queijos processados, molhos, pães e outros produtos), queijos azuis mofados e roquefort, e com teor de umidade de 46%. para 55%. Representantes do governo acrescentaram que R$ 100 milhões de recursos orçamentários estão sendo destinados à compra de pequena produção local.

    Preços

    Para representantes da cadeia produtiva da agricultura familiar, as medidas ainda estariam longe de ser uma solução para a crise, que é de natureza estrutural.

    Para os produtores de leite, a situação só será ultrapassada quando forem remunerados de forma justa, tendo em conta os custos de produção, e isto independentemente das flutuações do mercado.

    Os produtores familiares também reclamam que a legislação que trata dos contratos antecipados de compra e venda não tem sido levada em consideração pelo setor industrial, que adquire a produção.

    Outra reivindicação apresentada por eles é a redução dos impostos sobre a produção de leite.

    Cleonice Back, representante da Federação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Rio Grande do Sul (Fetraf-RS)resumiu as dificuldades de milhares de pequenos produtores de leite que ainda resistem.

    “Se na Europa e em outros países do Mercosul a produção de leite é subsidiada, por que isso não é possível no Brasil? É preciso garantir preços justos aos agricultores para que a cadeia produtiva não vá à falência. Que sejam garantidos pelo menos três a seis meses de produção, além da redução de impostos”, disse.

    Representantes de pequenos produtores também reclamam que leite da Nova Zelândia e de outros países estaria entrando no Brasil como se fosse da Argentina, com base em acordos com empresas argentinas. Isso também se dá pelas regras do Mercosul, que tornam mais barata a entrada dessa “produção terceirizada”, livre de alguns impostos.

    Fornazieri admitiu que a prática ocorre de fato e que o governo estaria intensificando a repressão a esse tipo de fraude comercial.

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