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Parecer sobre quadro fiscal fica para a próxima semana, diz Cajado após…

    Parecer sobre quadro fiscal fica para a proxima semana diz

    tag:reutersPor Bernardo Caram e Ricardo Brito

    BRASÍLIA (Reuters) – O relator do projeto do novo marco fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), apresentará seu parecer na próxima semana, provavelmente na terça-feira, informou a assessoria do deputado nesta quinta-feira.

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    Inicialmente, a expectativa era de que o deputado apresentasse o texto nesta quinta-feira, mas Cajado já havia sinalizado que poderia adiar a entrega do parecer em meio a pressões da oposição, de nomes da base governista e de consultorias técnicas da Câmara para incluir regras mais rígidas no texto. ajuste das contas públicas.

    Cajado se reuniu nesta tarde com técnicos da Câmara e com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), logo após sua chegada em viagem aos Estados Unidos, tendo discutido o texto, segundo duas fontes com conhecimento das negociações .

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    Ao sair daquele encontro com Lira, o relator disse em entrevista que ficou acertado que na tarde desta segunda-feira o texto seria apresentado aos líderes partidários em uma ampla conversa para encontrar o “ponto de equilíbrio”.

    “Precisamos ajustar o texto para ter uma maioria consolidada que garanta os votos de que precisamos para aprová-lo na Câmara dos Deputados”, disse, após destacar que tem havido dificuldades de negociação com o governo porque petistas, presidente O partido de Luiz Inácio, Lula da Silva, se posicionou contra a proposta.

    Na quarta-feira, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), disse à Reuters que a bancada petista não apresentaria emendas ao novo quadro fiscal, após essa possibilidade ter circulado na imprensa nos últimos dias. No entanto, não está descartado que deputados de partidos individuais possam apresentar sugestões de mudanças no texto.

    VALOR

    Segundo fonte que acompanha as negociações, a entrega e divulgação do texto dependeram da autorização de Lira, que pretende analisar a proposta e finalizar as consultas com as lideranças partidárias para garantir que a nova regra tributária seja aprovada pelos deputados.

    Ao sair da reunião que teve na manhã desta quinta-feira com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, Cajado disse que esperará que Lira acerte os detalhes do texto antes de divulgá-lo, reconhecendo que será “mais difícil” garantir a entrega nesta quinta-feira.

    O deputado tem recebido pedidos para incluir na medida gatilhos de ajuste de gastos caso o governo não cumpra a meta fiscal, como congelamento de salários de servidores e vedação de concursos públicos.

    Outras sugestões incluem a redução das exceções à regra de gastos, um dispositivo para obrigar o governo a bloquear recursos dos ministérios se as contas estiverem desalinhadas e a possibilidade de punir o presidente da República por problemas na gestão do Orçamento.

    A pressão para endurecer o texto vem de siglas que se opõem ao governo, mas também encontra eco entre os assessores do Orçamento do Congresso que fornecem estudos para subsidiar a elaboração do relatório.

    Nota técnica produzida esta semana pelas consultorias de Legislativo e Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara critica o fato de o marco tornar opcional o bloqueio de gastos ao longo do ano caso o governo perceba que não cumprirá a meta fiscal.

    “O fim do contingenciamento obrigatório enfraquece o princípio básico da Lei de Responsabilidade Fiscal, que exige ação planejada e correção de desvios”, diz o documento.

    As consultorias também defendem que os parâmetros para gastos, como limitar os gastos a 70% da receita, estão permanentemente inseridos na lei complementar de enquadramento – a proposta do governo impõe esses critérios apenas até 2027 e remete aos próximos governos essa definição no Lei de Diretrizes Orçamentárias, um instrumento mais fraco. Cajado já sinalizou que concorda com a alteração deste ponto.

    O relatório dos consultores também aponta que, em caso de descumprimento da meta, o projeto não aciona gatilhos de controle de despesas nem exige redução de benefícios fiscais. O ponto é alvo de críticas de parlamentares.

    A bancada do PSD, por exemplo, que conta com 42 parlamentares, enviou a Cajado um documento que condiciona o “amplo apoio” do partido à proposta e mudanças no texto. A sigla afirma que definir apenas uma desaceleração das despesas em função das receitas não é suficiente, sugerindo a inclusão de mecanismos de ajuste.

    No documento obtido pela Reuters, o partido também afirma não concordar com a ausência da possibilidade de punir o presidente da República, já que o texto apenas define que o deputado envie explicações ao Congresso caso a meta não seja cumprida.

    “A retirada de qualquer tipo de responsabilidade ao gestor pelo incumprimento, no entender do PSD, representa uma falta de ‘enforcement’. Não basta o simples envio de carta ao Congresso justificando o descumprimento da meta”, diz a bancada, que também critica o dispositivo que torna a contingência opcional.

    Na entrevista desta manhã, Cajado disse que o prazo para acionar os gatilhos e a responsabilização dos gestores que não cumprirem as metas ainda estão em análise. Segundo ele, tem havido o cuidado de se chegar a uma “graduação equilibrada de ‘enforcement’ (aplicação de punição), que está prevista para ocorrer até o final do dia.

    “Não seria um período de gatilho, seria encaminhar a divulgação dos relatórios, seja bimestral ou trimestral. Estamos avaliando isso, essa é uma questão que faz parte da fiscalização e são exatamente esses detalhes que estamos apenas concluindo”, ele destacou.

    (Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello)

    Fonte: Noticias Agricolas