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Soja: safra brasileira ainda não está totalmente definida, mas prêmios…

    Soja safra brasileira ainda nao esta totalmente definida mas premios

    O Pátria Agronegócio elevou sua nova estimativa para a safra brasileira de soja 2022/23 em 148,96 milhões de toneladas nesta terça-feira (14). A produtividade média esperada pela consultoria é de 56,9 sacas por hectare (3.413 kg/ha), 12,8% a mais que na safra anterior. Além de maiores produtividades, o Brasil também aumentou sua área dedicada a oleaginosas em 5,2%, para 43,65 milhões de hectares.

    “A produção aumentou em relação ao último levantamento em apenas 60 mil toneladas, resultado da expansão da área, mesmo com a queda da produtividade”, explica a equipe do Pátria. “A calamidade produtiva no Rio Grande do Sul foi o principal fator para manter estimativas abaixo de 150 milhões”.

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    Gráfico: Pátria Agronegócio

    Entre os números detalhados pelo Patria, um dos destaques é a produção de soja na região norte do país, onde se estima um aumento de 12,1% em relação à safra passada. A região – que tem a maior safra do Tocantins – deve registrar uma safra de 9,4 milhões de toneladas.

    Embora as notícias positivas pareçam mais frequentes agora, a safra no Brasil ainda está chegando ao fim e os problemas continuam preocupantes, principalmente pelo excesso de chuvas, que não é o melhor cenário para lavouras em fase final de desenvolvimento.

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    “Vivemos uma redução do teto produtivo no centro do país. Ainda há cerca de 20% da safra nacional no centro do Brasil em processo de reprodução, exigindo um equilíbrio entre incidência de luz, temperaturas e chuvas”, explicou o diretor do Pátria, Matheus Pereira.

    Porém, como já explicaram analistas e consultores, o mercado não reflete mais problemas e inseguranças quanto ao tamanho da oferta brasileira, o que torna os negócios muito lentos e pouco frequentes agora. “Esses atrasos e redução de teto não trazem grandes mudanças. O mercado da soja está estagnado até agora”, diz Pereira.

    E a logística continua sendo um dos principais gargalos e preocupações, além de um vetor de pressão sobre as cotações no mercado doméstico. Os prêmios continuam caindo significativamente no Brasil e também exigem monitoramento constante, para pelo menos garantir uma boa fatia de suas vendas em momentos mais oportunos. Os meses de março, abril e maio já registram prêmios bastante negativos – e continuam em queda – e são um dos principais focos de atenção dos produtores brasileiros, conforme explica o analista de mercado Mário Mariano, diretor comercial da Novo Rumo e Agrosoya.

    E mesmo diante dessa reação da premiação, Mariano faz um alerta importante. “Não se trata de uma safra extraordinária”, diz ele. O especialista tem visitado lavouras de soja em diversas regiões do Mato Grosso – maior estado produtor de soja do Brasil – e a irregularidade ainda é uma marca da safra atual, principalmente pela ocorrência de anomalias nas lavouras.

    “Tem produtores, e não são poucos, registrando 30, 35 sacas por hectare de rendimento sem saber onde errou, se errou ou se foi o clima. É muito preocupante. em Campo Novo, Deciolândia, Diamantino e Nova Mutum. Outras regiões e lotes dessas mesmas regiões tiveram sucesso com 70, 75, 77 sacas por hectare”, relata Mariano.

    Os resultados efetivos dessas irregularidades, porém, só poderão ser contabilizados e totalmente compreendidos quando a colheita da soja estiver adiantada e toda essa soja estiver nos portos para embarque ou nos processadores, como explica o analista.

    Ainda assim, neste cenário de algumas incertezas que continuam envolvendo a nova safra, os prêmios de exportação da soja brasileira continuam em queda, com indícios de -28 centavos de dólar por bushel em relação ao praticado na Bolsa de Chicago, enquanto para maio estão -15 centavos. “Estamos com a logística sobrecarregada em todo o Brasil. A programação aponta para exportações próximas a 15 milhões de toneladas neste mês, contra 12 milhões em março do ano passado”, afirma.

    Enquanto os embarques são difíceis no Brasil, a soja tem dificuldade de chegar na China e, por isso, a oferta é mais restrita.

    “Os problemas logísticos continuam, principalmente a falta de capacidade de armazenamento. Os produtores têm comentado a falta de espaço nos armazéns em várias localidades, com exceção do Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, aponta a Agrinvest Commodities.

    Assim, enquanto alguns sojicultores optam pelos silos-saco, outros aceitam, ainda segundo a consultoria, descontos maiores para embarques curtos e pagamentos longos. “No entanto, em geral, os produtores continuam vendendo apenas o necessário. Os pedidos continuam acima da paridade de exportação.

    Conforme o gráfico abaixo, também da Agrinvest, o prêmio da soja para embarque em abril acumula queda de 60 centavos de dólar por bushel desde janeiro.

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    Gráfico: Agrinvest Commodities

    Com as vendas mais lentas e a colheita em ritmo acelerado, a oferta será concentrada no mercado brasileiro e se estenderá para o segundo semestre. Com isso, “o risco é de estoque muito grande no último trimestre do ano e início do próximo, quando será a janela de exportação americana”, explica a equipe da Agrinvest.

    “A curva futura de Chicago já está funcionando nesse cenário, com mais competição. A ponta longa está caindo mais forte em relação à ponta curta”, complementam os especialistas.



    Fonte: Noticias Agricolas