Entenda por que a carne está caindo mais no campo do que ao consumidor
Descubra os bastidores da queda no preço da carne bovina
Como os supermercados estão se beneficiando da situação
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Sumário
1. Introdução ao cenário do mercado bovino
2. Supermercados não repassando queda de preços
3. A relação entre o preço da carne e o poder de compra do brasileiro
4. Explicação do movimento do varejo e do consumidor
5. Variação do preço do boi e impacto na inflação das famílias
6. Ciclos de mercado e movimentos na oferta e demanda
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O valor do boi caiu bastante nos últimos meses, mas o consumidor ainda não foi totalmente beneficiado por este movimento.
➡️Isso porque os supermercados não estão repassando boa parte da queda de preços que está acontecendo no campo, avaliam especialistas.
Ao mesmo tempo, o poder de compra do brasileiro ainda não melhorou.
“Enquanto o boi gordo caiu cerca de 15% [entre abril e maio], o preço da carne no atacado recuou 7% aproximadamente e, no varejo, teve uma queda de apenas 2% a 3%”, diz o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.
“O que explica esse movimento? O varejo está aproveitando esse momento para ampliar a sua margem operacional [ou seja, o seu lucro]”, acrescenta.
O analista do Safras explica que, quando os preços pagos aos produtores diminuem no campo, o varejo, tradicionalmente, não repassa a queda para o consumidor na mesma velocidade.
O g1 procurou a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) para comentar a reportagem, e aguarda por um posicionamento.
🐂 O preço do boi caiu quanto? De janeiro a 6 de junho deste ano, a arroba do boi gordo recuou 14,6%, para R$ 244,90. A arroba é uma medida do peso da carcaça bovina. Cada uma equivale a 15 quilos.
A cotação atingiu a sua maior alta em 24 de março de 2022, quando bateu R$ 352. De lá para cá, o valor despencou cerca de 30%.
Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA Esalq/USP).
🥩 E a inflação das famílias? De janeiro até maio, as carnes recuaram 3,87% nas gôndolas dos mercados. Alguns cortes tiveram quedas maiores, como contrafilé (-5,5%), acém (-5%) e picanha (-4,4%), enquanto o patinho, por exemplo, caiu menos (-2,5%).
Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
‘Aonde a vaca vai, o boi vai atrás’
A arroba bovina está caindo porque a oferta de animal cresceu no mercado, pontua Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria.
Ele explica que o “mercado do boi atua em ciclos” e que muitos desses movimentos é explicado por “uma maior ou menor retenção de fêmeas”.
“A gente costuma brincar que aonde a vaca vai, o boi vai atrás”, diz Fabbri.
Neste momento, tem mais fêmeas sendo abatidas.
Fabbri detalha que, de 2019 para 2020, os preços dos bezerros começaram a subir porque a oferta desses bovinos mais jovens caiu.
“Para a gente ter o bezerro, é preciso que a vaca seja retida [mantida no campo] pelo produtor, para que, lá na frente, a oferta cresça”.
Em 2020, portanto, o produtor começou a segurar as vacas no campo. E, em 2021, manteve esse movimento.
Com a oferta crescente de bezerros, os preços começaram a cair. Neste cenário, como o produtor fica sem estímulo para criar bezerros e, portanto, as fêmeas começam a ser abatidas.
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O aumento do preço da carne bovina tem sido um problema para os consumidores nos últimos meses. O valor do boi caiu consideravelmente, mas o benefício para o consumidor ainda não foi totalmente sentido. Isso porque os supermercados não estão repassando a queda de preços que está acontecendo no campo, sugere a opinião de especialistas. Ao mesmo tempo, o poder de compra do brasileiro ainda não foi melhorado.
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, o preço do boi gordo caiu cerca de 15% entre abril e maio, mas o reflexo dessa queda no atacado foi de aproximadamente 7% e no varejo, apenas 2% a 3%. Devido a esse cenário, os supermercados estão ampliando suas margens operacionais, visando um aumento nos lucros.
Quando os preços pagos aos produtores diminuem no campo, o varejo tradicionalmente não repassa totalmente a queda para o consumidor. O g1 procurou a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) para comentar sobre o assunto, porém, aguarda por um posicionamento.
De janeiro a 6 de junho deste ano, a arroba do boi gordo recuou 14,6%, para R$ 244,90. A arroba é uma medida de peso da carcaça bovina, onde cada unidade equivale a 15 quilos. A cotação atingiu a maior alta em 24 de março de 2022, chegando a R$ 352 e, desde então, o valor despencou cerca de 30%. Todos esses dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA Esalq/USP).
Já a inflação das famílias referente à carne tem mostrado um recuo de 3,87% nas gôndolas dos mercados, de janeiro até maio. Alguns cortes tiveram quedas ainda maiores, como contrafilé (-5,5%), acém (-5%) e picanha (-4,4%), enquanto o patinho teve uma queda menor de apenas (-2,5%). Esses dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A dinâmica do mercado do boi é muito influenciada pela oferta de animais e pela retenção de fêmeas. Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria, explica que o mercado do boi atua em ciclos que são explicados pela maior ou menor retenção de fêmeas. Neste momento, mais fêmeas estão sendo abatidas devido às mudanças nos volumes de oferta.
Fabbri detalha que, de 2019 para 2020, os preços dos bezerros começaram a subir devido à queda na oferta desses bovinos mais jovens. Portanto, quando a oferta de bezerros cresce, os preços começam a cair e, como resultado, muitos produtores ficam desestimulados a criar bezerros, levando à queda no número de fêmeas nas fazendas.
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