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Radar de Saúde | Confinamento “seca”: prevenção de pneumonia • Portal DBO

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Por Enrico Ortolani – Professor da Clínica de Ruminantes da FMVZ-USP ([email protected])

CONFINAÇÃO DE “DROGAS”: PREVENÇÃO DE PNEUMONIA

Basicamente, temos dois grandes períodos de confinamento no Brasil: a seca e o período chuvoso. Cerca de 70% do gado é engordado no ciclo de confinamento das secas, que agora se iniciam. A principal doença reinante nos confinamentos é a pneumonia, responsável por pouco mais de 50% de todas as doenças.

Acompanhamos a frequência de pneumonia nos ciclos de confinamento nas chuvas e secas, sendo 70% maior neste último período do ano.

No período seco, as condições respiratórias triplicaram em ambientes empoeirados. Para diminuir a poeira nos piquetes, são utilizados dois tipos de sistemas: pulverizadores (por rede suspensa – foto abaixo) e jatos d’água (com caminhão pipa e por estaca – foto abaixo).

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Os aspersores causam menos problemas de lama e casco.

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Pulverizador a jato de água.

Como tenho visto em confinamentos, os pulverizadores aéreos são mais eficientes na prevenção de pneumonia do que os jatos de água, pois se bem utilizados geram menos problemas de lama e casco do que este último método.

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Em uma pesquisa que fiz, descobri que bois com problemas nos cascos tinham 1,7 a mais de risco de ter pneumonia do que os saudáveis. Portanto, agora é hora de verificar o abastecimento de água, o encanamento e os bicos dos aspersores de água para evitar poeira.

Muitos me perguntam sobre a eficácia das vacinas contra pneumonia. Temos boas vacinas no mercado. No entanto, para que essas vacinas sejam totalmente eficazes, elas precisam ser aplicadas duas vezes (1ª: 20 dias antes do embarque e 2ª no primeiro dia de confinamento), pois a maioria das pneumonias ocorre até 30 dias após a alimentação.

Com duas vacinações, a quantidade de anticorpos produzidos nesse período é maior. Então, combine com seu fornecedor de gado magro para vaciná-los com antecedência.

“PRECOCINHAS” MINEIRAS MORREU DE VERMES

Um criatório da região metropolitana de Belo Horizonte comprou 220 novilhas Nelore “precoces”, com idade entre 18 e 22 meses, a maioria prenhes. Ao chegarem, foram tratados com vermífugo à base de ivermectina 3,5%, mas os resultados não foram favoráveis.

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Dentro do lote, 45 das novilhas (20,45% morbidade) apresentaram emagrecimento progressivo, diarreia, tosse, anemia e morte de 21 delas (9,5% mortalidade).

No exame de fezes, de parte do lote, constataram grande presença de ovos de vermes. Na necropsia, foi encontrado grande número de vermes nos pulmões (Dyctiocaulus viviparus), no abomaso (Haemonchus placei), no intestino delgado (Cooperia spp) e no intestino grosso (Oesophagostomum spp).

Diante dos problemas encontrados, os veterinários que atenderam o caso alteraram o protocolo de vermifugação, utilizando outra base medicamentosa. Embora não se conheça a história do rebanho, tudo indica que a desparasitação na propriedade anterior não foi bem conduzida.

Está bem comprovado no Brasil que a cada dia que passa, a ivermectina diminui sua eficácia contra uma série de vermes gastrointestinais comuns, incluindo Cooperia, Haemonchus e Oesophagostomum.

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Recentemente, foram descritos alguns surtos de vermes pulmonares também resistentes à ivermectina. Essa base vermífuga, lançada em 1982, teve eficiência próxima a 100% contra todos os vermes citados no texto! O excesso e o mau uso levaram à seleção de uma população de vermes cada vez mais resistente.

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Vermes pulmonares adultos.
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Vermes H. Placei adultos no abomaso.
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Nódulos parasitários na parede do intestino grosso.

ATAQUES DE “QUEIMA” EM MS E SP

Focos de requeima, conhecidos cientificamente como fotossensibilização, atingiram oito bovinos em Coxim (MS) e seis em Sorocaba (SP). Em ambos os focos, bovinos da raça Nelore estavam pastando capim Brachiaria decumbens. No caso do Mato Grosso do Sul, as novilhas adquiridas foram colocadas no piquete em questão e, após sete dias de pastejo, apresentaram a condição de pele.

Em ambos os municípios, assim como em muitos outros em parte do Brasil, ocorreram ondas de calor e chuvas recordes nos primeiros meses do ano (Sorocaba: 984 mm só em janeiro e fevereiro; Coxim: 102 mm em um único dia de janeiro ).

Estas condições climáticas favorecem a multiplicação do fungo Phytomyces chartarum, que produz uma toxina (esporodesmina) ou em alguns casos o acúmulo de saponinas nas gramíneas, principalmente do gênero Brachiaria. Tanto a esporodesmina quanto a saponina causam danos ao fígado ao interferir na degradação, neste órgão, de um metabólito da clorofila (filoeritrina).

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Essa substância cai no sangue e ao passar pela pele, os raios solares provocam a formação de substâncias tóxicas na região (radicais livres), que provocam uma espécie de queimadura solar nas partes mais expostas ao sol e nas mais despigmentadas áreas da pele (foto). causando inflamação, necrose e até pele gangrenada.

A perda de peso é perceptível. A maioria dos casos aparece nos meses de abril a agosto. Não há antídoto contra essas toxinas e de nada adiantam os famosos antitóxicos. O controle deve ser feito retirando os animais do pasto problemático, colocando-os em outro pasto com gramíneas diferentes e que contenha muita sombra.

Para reduzir a produção de radicais livres na pele, recomenda-se aumentar a quantidade de zinco oferecida na dieta. Para tanto, procure a orientação do seu veterinário ou nutricionista de plantão.

Para reaproveitar o pasto contaminado, recomenda-se cortar o pasto baixo, para ter o efeito positivo do sol e para que cresça um novo capim sem a presença do fungo.

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Desmamado com “requeima”.

Envie suas notícias sobre a presença de surtos ou surtos recentes dos mais variados tipos de doenças em bovinos de corte para o seguinte endereço de e-mail: [email protected]

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Fonte: Portal DBO

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