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Pastagem consorciada de gramíneas com leguminosas reduz impacto ambiental • Portal DBO

Uma rede de pesquisa envolvendo o Campo Experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) em Prudente de Morais, além de grupos como o Núcleo de Estudos Forrageiros da Universidade Federal de Lavras (Nefor/UFLA), revelou que a A associação de gramíneas com leguminosas gera uma dieta mais nutritiva e diversificada para os animais, além de oferecer uma alternativa mais sustentável de aporte de nitrogênio, graças à sua fixação biológica.

O nitrogênio (N) é considerado o principal nutriente para o crescimento e abundância das gramíneas, afetando diretamente a quantidade e o valor nutricional da forragem disponível para bovinos, ovinos e bubalinos.

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A inserção de leguminosas, por meio do consórcio, visa introduzir N de forma eficiente e ecológica na pastagem, oferecendo uma opção mais barata que a adubação nitrogenada tradicional, técnica ainda preferida pela maioria dos pecuaristas.

“A pastagem consorciada proporciona um aumento na oferta de N aos ruminantes ao mesmo tempo em que reduz o impacto ambiental da atividade pecuária”destaca a EPAMIG.

Isso ocorre por meio da fixação natural do nitrogênio atmosférico, resultante da simbiose realizada entre leguminosas e um grupo específico de microrganismos presentes no solo, que fornecem diversos compostos nitrogenados para esse tipo de planta, em troca de carboidratos.

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Segundo Fernanda Gomes, pesquisadora da EPAMIG Centro-Oeste e uma das envolvidas no trabalho de consórcio, a leguminosa aumenta a fertilidade do solo, além da quantidade e qualidade da forragem.

“A composição celular da leguminosa permite que ela tenha maior digestibilidade dos nutrientes no rúmen, o que faz com que essa planta tenha maior valor nutricional, melhorando a dieta do animal quando ingerida”, destaca Gomes.

O pesquisador destaca que o nitrogênio fornecido pela leguminosa é mais bem aproveitado pelos microrganismos do rúmen, pois essas plantas possuem maior quantidade da chamada “proteína verdadeira” disponível em relação às gramíneas tropicais.

Pastagem consorciada de capim Capim-Marandu com leguminosa forrageira (Foto: Ítalo Gonçalves de Lima/Nefor-UFLA)

Além disso, a presença de compostos secundários, como o tanino condensado, atua para diminuir a excreção de N na urina, que é prejudicial ao meio ambiente ao produzir um gás de efeito estufa muito estudado, o óxido nitroso (N₂O).

Outro benefício do uso de leguminosas em pastagens consorciadas é que o nutriente permanece no sistema, mesmo após o desaparecimento da planta. “O nitrogênio que entra no solo através da leguminosa permanece no solo cerca de um a dois anos após a morte da planta, através do processo de ciclagem desse nutriente pelas excretas dos animais”acrescenta o pesquisador.

Diretrizes para Produtores – Para obter resultados positivos em pastagens consorciadas, as leguminosas forrageiras devem estar adaptadas às condições ambientais e edáficas da região, além de serem resistentes a pragas e doenças.

“Os produtores interessados ​​em criar pastagens consorciadas em suas propriedades precisam, antes de tudo, avaliar o relevo, tipo de solo, pluviosidade e temperatura da região para escolher as leguminosas e gramíneas mais adaptadas à pastagem. Além disso, devem estar atentos à compatibilidade entre elas, pois a presença de duas espécies com diferenças fisiológicas, morfológicas, estruturais e nutricionais provoca competitividade entre elas, tanto acima quanto abaixo do solo, gerando uma gama de respostas que definirão sua produtividade , qualidade, vigor e persistência no campo”detalhes Fernanda Gomes.

Ainda de acordo com o pesquisador, a prática do consórcio de plantas de diferentes espécies em pastagem se estende às interações entre outros tipos, além das leguminosas.

“Nos sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, há associação de pelo menos uma espécie destinada ao pastoreio, geralmente gramíneas forrageiras, com uma cultura anual, como milho ou soja, e com espécies arbóreas, como eucalipto, mogno ou nativas. árvores”diz Fernanda.

Atualmente, a EPAMIG desenvolve trabalho com pastagens consorciadas em sistemas silvipastoris, implementado inicialmente pela pesquisadora Maria Celuta Machado Viana em Prudente de Morais (MG), e, desde 2020, vem pesquisando o consórcio entre as espécies de capim piatã e a leguminosa cratília, em parceria com a professora Ângela Lana, da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais.

Entre as perspectivas futuras, Fernanda Gomes destaca a recuperação de áreas de diversos campos experimentais da EPAMIG por meio da integração lavoura-pecuária, implantando pastagens consorciadas após a retirada da safra anual.

“Também pretendemos estudar duas leguminosas com hábitos de crescimento diferentes, Desmodium ovalifolium e Stylosanthes guianensis cv. Encantador. Queremos verificar qual consórcio responde melhor em termos de produtividade do pasto, consumo de leguminosas, balanço de nitrogênio consumido pelos animais e emissão de metano, variáveis ​​importantes em um sistema de produção animal a pasto”conclui.

Fonte: Ascom EPAMIG / Governo de MG

Fonte: Portal DBO

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