Pular para o conteúdo

Painel discute viabilidade financeira de modelos de recuperação de Reserva Legal com Araucária

    Painel discute viabilidade financeira de modelos de recuperacao de Reserva

    Um painel de especialistas discutiu e definiu coeficientes técnicos para os modelos de recuperação florestal utilizados no Projeto de Conservação da Araucária. O projeto, que incentiva a recuperação de áreas degradadas em propriedades rurais, trabalha com três modelos baseados no cultivo da araucária com espécies nativas dessa tipologia florestal, como erva-mate e bracatinga, além da criação de abelhas sem ferrão.

    Patrocinadores

    Os três modelos foram discutidos e avaliados durante o painel, que levantou as receitas e custos de diversos pontos envolvidos na implantação e manutenção das áreas, como insumos (mudas, fertilizantes, tratos culturais), demanda de mão de obra (horas e trabalho do diversas atividades envolvidas), equipamentos de proteção, entre outros.
    Com base nessas informações, será possível realizar uma análise financeira e desenvolver cenários para os três modelos e adequar sua implementação à realidade dos produtores rurais.
    “O Projeto de Conservação Araucária já implantou 12 Unidades de Referência Tecnológica (URTs) em propriedades rurais do Centro-Sul do Paraná, utilizando esses três modelos propostos para a recuperação de reservas legais. Agora, a discussão dos coeficientes e a análise financeira de sua viabilidade vão subsidiar ajustes e refinamentos nos modelos, para que outros produtores possam se inspirar nessas áreas e ter uma ideia de sua viabilidade técnica e financeira”, analisa Ives Goulart, da Embrapa Florestas, responsável pela implantação das URTs.

    Participaram do painel representantes do IDR Paraná, do Instituto Água e Terra (IAT) e do Conselho Gestor da Erva-mate do Vale do Iguaçu (Cogemate). Segundo o pesquisador da Embrapa Florestas, Sergio Ricardo Silva, coordenador do projeto, “especialistas de fora da Embrapa foram convidados a compor um Grupo de Trabalho Técnico, com o objetivo de complementar o conhecimento dos pesquisadores e analistas da Embrapa Florestas. Dessa forma, a importância do trabalho é demonstrar que é possível conciliar um serviço ambiental de recuperação ou implantação de Reservas Legais com geração de renda para os agricultores, principalmente para aqueles inseridos no contexto da agricultura familiar”.

    Patrocinadores

    Segundo o pesquisador Marcelo Francia Arco-Verde, da Embrapa Florestas, que liderou o painel, “o planejamento do sistema produtivo e sua análise financeira são requisitos fundamentais para o sucesso do empreendimento. Como estamos trabalhando com espécies florestais, que possuem maior tempo de retorno, entender os desenhos dos modelos, coeficientes técnicos e financeiros envolvidos traz maior segurança ao produtor. Nesse caso, teremos benefícios ambientais, com a recuperação da reserva legal, mas também geração de renda para os produtores quando bem planejados”.

    De acordo com o Novo Código Florestal, os produtores devem recuperar áreas de Reserva Legal (RL) e Preservação Permanente (APP) em suas propriedades, mas faltam referências sobre sistemas de produção que combinem produção/geração de renda e conservação. O Projeto, então, propõe estabelecer formas de como fazer isso de forma tecnicamente adequada, conservando a floresta e, ao mesmo tempo, com levantamentos de custos de implantação e possibilidades de geração de renda.

    Para Margit Hauer, do Instituto Água e Terra, os produtores rurais têm o compromisso de cumprir o Código Florestal com a implantação do “Plano de Regularização Ambiental” (PRA), e é “interessante discutir como fazer isso para que, quando exigência entrar em vigor, já temos ferramentas e informações para o produtor não só abandonar a área, mas plantar de forma mais adequada e enxergar a floresta como uma atividade econômica, além de ambiental”.

    Essa preocupação em aliar conservação e renda é corroborada por Nei Kukla, presidente do Conselho Gestor da Erva-mate do Alto Iguaçu, que reforça que “o objetivo de todos os envolvidos, dos diversos segmentos, é trazer algo concreto para o produtor , para que ele possa aproveitar essas áreas para preservação e fonte de renda. É algo bem pensado, que de fato trará mais uma opção para as propriedades rurais, principalmente a agricultura familiar”.

    O IDR Paraná é parceiro na implantação de URTs, com a seleção de produtores para instalação das Unidades e monitoramento. A ideia é servir de modelo para os produtores de cada região e, para isso, é importante a análise de coeficientes técnicos e financeiros, como a erva-mate, que é um dos componentes da geração de renda. Segundo Jonas Bianchin, técnico extensionista do IDR Paraná, “discutir os custos de produção dos sistemas propostos é importante para avaliar e repassar ao produtor valores aproximados que condizem com sua realidade. É bom colocarmos os custos mais precisos possíveis, pois o produtor estará investindo e precisa ter segurança para saber quanto vai investir e quanto vai ter retorno de sua erva, seja em sistemas sombreados, seja em bracatinga e araucária”.

    Projeto de Conservação da Araucária

    O Projeto de Conservação da Araucária, uma parceria entre Embrapa Florestas, IDR Paraná e Sistema de Transmissão Gralha Azul, teve início em 2020 com o objetivo de promover o plantio de araucária, bem como estruturar um banco genético para conservação da espécie no estado de Paraná.

    Fonte: Embrapa Floresta

    Fonte: Conexão Agro