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Necessidade de financiamento governamental cai 77,5% em 2021, diz IBGE

    Necessidade de financiamento governamental cai 775 em 2021 diz IBGE

    A necessidade líquida de financiamento do governo geral atingiu R$ 201,5 bilhões em 2021. O valor equivale a uma queda de 77,5% em relação ao ano anterior, quando foi fortemente influenciado pela crise provocada pela pandemia de covid-19. O crescimento de 25,8% na receita total ante o aumento de 1,8% nas despesas computadas nas três esferas de governo favoreceu o resultado.

    A variação positiva de todas as componentes da receita: receita fiscal (28,2%), contribuições sociais (12,1%) e outras receitas (43,9%) permitiu o seu desempenho em 2021. Os dados constam das Estatísticas das Finanças Públicas, divulgadas hoje (23), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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    Para o gerente de Administração Pública da Coordenação de Contas Nacionais, Douglas Moura Guanabara, a combinação de dois fatores permitiu a queda da necessidade de financiamento em 2021. “Forte aumento da arrecadação, principalmente com a retomada da atividade econômica no pós-pandemia período e redução de custos, mais especificamente os recursos utilizados no ano anterior para enfrentar a pandemia”, destacou.

    impostos
    Os números também indicaram que todos os itens relacionados a impostos tiveram alta. Destacaram-se os impostos sobre comércio e transações internacionais (35,7%), impostos sobre renda, lucros e ganhos de capital (32,6%) e impostos sobre bens e serviços (27,2%). Os impostos sobre imóveis cresceram 17,8% e os impostos sobre os salários 12,7%.

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    O aumento está relacionado ao aumento de 38,2% no valor em dólar das importações, que contribuiu para o aumento da arrecadação de impostos sobre comércio e transações internacionais. No imposto de renda, a influência foram os avanços de 71,2% na arrecadação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e de 45,4% na arrecadação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que segundo o IBGE, pode ser explicado por aumentos nas arrecadações mensais, trimestrais e de lucro presumido, e também pelos pagamentos atípicos, que somaram aproximadamente R$ 40 bilhões em 2021.

    Segundo o gestor, a recuperação da atividade econômica teve impacto direto na arrecadação, o que explica o forte aumento da arrecadação de impostos sobre os lucros das empresas, mas também há outros fatores que ajudam a explicar esse desempenho. “A retomada da arrecadação do IOF, que havia sido zerada para as operações de crédito em 2020, o significativo aumento na arrecadação de dividendos das estatais federais e as compensações financeiras pela produção de petróleo e gás previstas no contrato de concessão do pré-sal, são alguns dos eles”, acrescentou.

    Com crescimento de 85,3% no período, a equivalência patrimonial teve participação relevante entre as fontes de receitas totais. Segundo o IBGE, o percentual decorreu do aumento de 54,5% na receita de juros e do forte aumento na arrecadação de dividendos (384,2%), em função do bom desempenho financeiro das estatais federais e da arrecadação de concessões de bens não produzidos ativos (99,1%), principalmente royalties do petróleo, na esfera federal, e privatizações na esfera estadual, com maior destaque para o leilão da Cedae-RJ.

    benefícios previdenciários
    A queda de 15,7% nos pagamentos de benefícios previdenciários e assistenciais foi a principal razão para o crescimento de apenas 1,8% nas despesas e, consequentemente, para a redução da Necessidade Líquida de Financiamento em relação a 2020. As remunerações tiveram variação positiva de 5,5% e as despesas com bens e serviços cresceram 13,7%. As despesas com juros, subsídios e outras despesas também variaram positivamente 38,7%, 6,4% e 37,5%, respectivamente.

    O Guanabara informou que a queda de 15,7% no pagamento de benefícios previdenciários e assistenciais, item que concentrou os recursos utilizados no enfrentamento da pandemia, contribuiu decisivamente para conter o aumento das despesas em 2021. elas com aumento significativo, como pagamento de juros , que subiu 38,7%”, observou.

    benefícios sociais
    As Estatísticas das Finanças Públicas de 2021 também mostraram que a categoria de Benefícios da Assistência Social na classificação da Conta Intermediária do Governo, que em 2020 havia registrado uma despesa total de R$ 415 bilhões, teve variação negativa de 58,8% em 2021, com despesa total de 171 bilhões. A explicação é a redução dos gastos com benefícios sociais, que apresentaram aumento excepcional em 2020, uma vez que essa categoria concentrou parte significativa dos recursos destinados ao enfrentamento da crise pandêmica, com destaque para o auxílio emergencial e o benefício para manutenção do emprego e da renda.

    Formação bruta de capital fixo
    A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que representa os investimentos captados na Conta Intermediária do governo, passou de cerca de R$ 112,6 bilhões para R$ 121,2 bilhões, o que significa um aumento de 7,6%, influenciado pelos investimentos realizados pelos governos estaduais, que aumentaram em 73 %, seguindo a tendência de alta de 8,6% observada no ano anterior.

    “Alguns fatores que podem ajudar a explicar o aumento dos investimentos na esfera estadual estão relacionados ao aumento da arrecadação, como, por exemplo, a arrecadação do ICMS, item responsável por aproximadamente 56% da arrecadação total do estado e que apresentou um variação de 25,8 %, e receitas extraordinárias com concessões e repasses”, disse o gerente.

    Condados
    Ainda segundo o levantamento, as prefeituras, que contribuíram positivamente para a formação bruta nos dois anos anteriores com altas de 28,3% em 2019 e 44,3% em 2020, mudaram a trajetória de crescimento em 2021 e registraram queda de 17,8%. “O governo federal voltou a registrar queda nos investimentos em 2021, que foram reduzidos em 8,4%, ante queda de 3% em 2020”, acrescentou o IBGE.

    Também em 2021, o valor agregado do governo registrado na Conta do Governo Intermediário atingiu R$ 1,2 trilhão. Isso representa uma variação positiva de 7,1% em relação ao ano anterior. Todas as esferas tiveram variação positiva: 3,9% na federal, 9,7% na estadual e 7,5% na municipal. “Com esse comportamento, a esfera federal perdeu 1,0 ponto percentual de participação no valor adicionado total do setor, passando de 31% para 30%, enquanto os governos estadual e municipal aumentaram sua participação em 0,8 e 0,1 ponto percentual, respectivamente”, concluiu o IBGE.



    Fonte: Agro