Pular para o conteúdo

Farsul alerta para possível alta no preço dos alimentos

A falta de uma política fiscal ancorada pelo Governo Federal tem causado preocupação na área econômica. A indefinição de uma âncora fiscal desencadeará um processo inflacionário que impactará não apenas os preços dos alimentos nas gôndolas, mas também a economia em geral. O alerta é da Assessoria Econômica da Farsul.

No período imediato pós-pandemia, houve inflação em decorrência das ações do governo para injetar dinheiro na economia, como explica o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, “Tínhamos um processo inflacionário extremamente alto no mundo e isso era algo esperado, pois resultado de todos os governos jogaram pilhas de dinheiro na economia, inclusive o governo brasileiro, como Auxílio Emergencial, Pronamp, auxílio a estados e municípios. Foram quase R$ 600 bilhões em dois anos para a economia não quebrar. E deu certo, os EUA fizeram isso, a Europa também”, comenta.

Patrocinadores

Luz explica que a medida era necessária para a situação “Quando você faz isso, você quer defender a economia, proteger o tecido econômico, mas a consequência é a inflação, nós sabemos que isso gera inflação. aumentar os juros. Eles são o instrumento para combater a inflação”, diz, lembrando que, no caso dos EUA, a inflação atingiu o maior nível em 40 anos, exigindo aumento proporcional dos juros. O economista destaca que tanto na América do Norte quanto na Europa, a taxa de juros continua alta, enquanto no Brasil está estabilizada, ainda que elevada.

No entanto, Luz chama a atenção para a questão fiscal que ocorre paralelamente ao processo de combate à inflação. “Mas não adianta a política monetária trabalhar para a inflação baixar, ter desinflação, se a política fiscal boicota a política monetária. Estamos, no Brasil, sem nenhuma âncora fiscal. O superávit fiscal foi desmoralizado no segundo governo Lula, quando criou a Contabilidade Criativa e quebrou a âncora fiscal quando a ex-presidente Dilma acabou com a meta de superávit primário”, aponta.

Patrocinadores

No período seguinte, o teto de gastos foi restabelecido como âncora fiscal, fazendo com que a inflação diminuísse e, com isso, os juros caíssem. “Agora estamos novamente sem âncora fiscal. E o que está acontecendo? Os preços voltaram a subir, tivemos um pico inflacionário no pós-pandemia, começamos a ter uma desinflação e estamos vendo os preços acelerarem novamente”, alerta.

A preocupação, segundo Luz, está nas projeções de inflação no longo prazo, em que a expectativa é de alta. “No dia seguinte às eleições, a projeção era de 4,94%. Depois veio a PEC da Transição, ataques aos equilíbrios fiscais, ataques ao Banco Central. Hoje a projeção para 2023 já está em 5,96% e subindo. E alimentos não são uma ilha, eles fazem parte da inflação como um todo. Se a inflação sobe, a comida também sobe”, reforça.

O objetivo do economista é destacar o movimento que vem ocorrendo para evitar que o campo seja responsabilizado pela alta da inflação posteriormente. “Antes de tudo, queremos chamar a atenção para o fato de que a inflação dos preços ao produtor acumulada em 12 meses é 8,03% menor (segundo o IIPR de fevereiro de 2023). Nesses últimos doze meses, os preços ao produtor caíram. No mesmo período, o IPCA alimentação acumulou alta de 9,84%, ou seja, se a alimentação está mais cara não é porque o produtor está recebendo mais, porque ele não está, ele está recebendo menos. de soja, de milho, trigo, carne”, detalha.

Luz lembra que em um processo inflacionário não há beneficiários. “Na inflação ninguém ganha, todo mundo perde. Então, não é a indústria ou o supermercado que está causando nenhum tipo de problema, não é nada disso. É a própria inflação. Então não adianta o produtor ficar com preços mais baixos e o consumidor está pagando um preço mais alto, isso é ruim para nós”, reforça.

A expectativa da Assessoria Econômica da Farsul está na definição rápida de uma âncora fiscal. “Por isso estamos ansiosos por essa medida que o governo está chamando de arcabouço fiscal. Esse nome, por si só, já reflete um compromisso instável de ancorar as finanças públicas. Porque não precisamos de arcabouço, precisamos de uma âncora. governo você não precisa gastar mais do que ganha e gerar dívida para os próximos pagarem e gerar inflação no curto prazo. E se o governo não tiver equilíbrio fiscal, a inflação vai voltar e os alimentos vão aumentar”, disse aponta.

A intenção do economista é antecipar as consequências das medidas atuais e evitar a busca pelo vilão inflacionário. “Não adianta perguntar depois se a safra foi boa ou não ou culpar as exportações, como aconteceu na Argentina. Estamos preocupados porque o Brasil é negligente na questão fiscal, não temos âncora, as projeções de inflação continuam subindo. Se o governo não organizar a fiscal, a inflação deve subir, os preços vão subir e aí virão apontar o dedo para o produtor. Não adianta querer mudar os livros de economia. Os líderes devem seguir a ciência e não o contrário. Ter um fiscal equilibrado ajuda no combate a inflação e os preços dos alimentos vão convergir”, concluiu.



Fonte: Noticias Agricolas

Autor