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Mercado em alta em alerta, mas otimista • Portal DBO

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Por Denis Cardoso

Com o fim do verão, o volume de chuvas pode ser menos intenso neste mês de abril, no Brasil Central, alerta a agrônoma Jéssica Olivier, analista da Scot Consultoria, de Bebedouro (SP), com base em previsões do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). ).

“Com o início da estiagem e a entressafra do capim, a oferta de gado deve aumentar e os preços (do boi gordo) podem funcionar com mais folga, como costuma acontecer nessa época do ano”relata o analista.

No entanto, apesar das especulações sobre os valores da arroba no curto prazo, os pecuaristas abriram o mês em clima de comemoração, pois as pastagens continuam verdes nas regiões pecuárias do país, enquanto o mercado de gado voltou a ser “comprador” após a reativação de negócios com a China, a partir de 23 de março, quando foi instaurado o fim de um embargo de 29 dias à carne brasileira, motivado pelo diagnóstico de um caso atípico de “vaca louca” no Pará.

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Assim que o governo chinês deu sinal verde aos embarques brasileiros, os pecuaristas intensificaram ainda mais a estratégia de barganhar preços mais altos pelo boi gordo. Como a boa qualidade das pastagens continua favorecendo a retenção dos animais nas fazendas, os frigoríficos têm sido obrigados a pagar mais caro para lotar os caminhões de transporte do gado até os frigoríficos.

Assim, em março, o boi paulista fechou o mês cotado a R$ 295,95/@ (à vista), com alta de 10,4% (ou R$ 28/@) em relação ao preço final de fevereiro (R$ $ 267,95/@). Com a valorização do mês passado, os preços da arroba iniciaram abril praticamente nos mesmos níveis registrados em meados de fevereiro, antes do bloqueio chinês.

mercado Denis 3

Destaque para o chamado “boi chinês” (abatido mais jovem, até 30 meses), que, por motivos óbvios, tem reaparecedo nos balcões das empresas, ganhando prêmios atrativos em relação ao animal “comum” (destinado principalmente ao consumo ). As vendas ficaram entre R$ 300/@ e R$ 310/@, em São Paulo.

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china com apetite

“Mais frigoríficos, principalmente exportadores, voltaram a negociar com preços na “banda alta”, enfatiza o zootecnista Douglas Coelho, sócio da Radar Investimentos, com escritório em São Paulo. Durante quase todo o mês de março, lembra Coelho, as escalas de abate nos frigoríficos brasileiros estiveram retraídas, com as indústrias comprando “da mão à boca”, devido à incerteza do ponto final.

“Agora, com o aumento do apetite do exportador e margens relativamente atrativas, a maioria dos frigoríficos está tentando recompor os cronogramas de abate”, observa. Na avaliação do analista, China volta a ter “fome de negócios”e a demanda pela proteína brasileira tende a se intensificar significativamente nos próximos meses.

“A questão é que, neste momento, a China está em desacordo com a política econômica da maioria dos países, especialmente quando comparada aos EUA e à UE”compara Coelho, acrescentando: “Enquanto norte-americanos e europeus estão ‘correndo atrás da inflação’, que impacta o ritmo de suas economias, a China vive uma fase de expansão”.

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Ainda segundo o zootécnico, em fevereiro passado, o índice de atividade industrial da China atingiu o maior nível dos últimos 10 anos, deixando para trás o impacto da Covid-19. “Em resumo, é mais dinheiro circulando naquele país, possivelmente mais pessoas empregadas e com renda disponível para consumo (incluindo o maior apetite por carne bovina)”reforça.

Segundo a equipe de analistas do Rabobank, banco de origem holandesa, o ritmo de retomada das compras da China no período pós-embargo é superior ao registrado nas semanas seguintes ao fim do bloqueio chinês em 2021 (motivado também por uma caso atípico de “vaca louca” no Brasil). Esse fator, dizem os especialistas, já era esperado pelos agentes do mercado devido ao cenário mais favorável para os exportadores brasileiros em relação ao último evento.

“Por exemplo: a dependência da China da carne brasileira é maior agora (41% em 2022, contra 24% em 2019) e a recuperação do consumo chinês com a queda dos casos de Covid-19 aumentou a necessidade de importar a preços baixos. menor, já que os estoques naquele país estão atrelados a preços mais altos no final do ano anterior”diz.

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dados “contaminados”

Embora os embarques tenham retomado o fôlego após o fim do embargo chinês, os dados gerais das exportações brasileiras de carnes, em março/23, ainda carregavam o efeito negativo da saída do gigante asiático das compras. Segundo dados parciais da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nos primeiros 18 dias úteis de março foram embarcadas 107.470 t, média de 5.970 t/dia, o que representou uma queda de 22,3% sobre a média diária de março de 2022 .

O economista Yago Travagini, da consultoria Agrifatto, com escritório em São Paulo, chama a atenção para o resultado ruim registrado especialmente na terceira semana de março, quando foram enviadas 17.660 toneladas de carne in natura para o exterior, resultando em uma média de apenas 3.530 t/ dia. “Esta é a média diária mais baixa dos últimos dois anos”, o informa. Considerando os mesmos 18 dias de março/23, a receita média diária com os embarques de proteína in natura foi de US$ 28,8 milhões, queda de 36,5% sobre a média diária obtida em março do ano passado.

pontos de atenção

O momento de euforia registrado no mercado de boi gordo logo após a retomada dos negócios na China não “contamina” positivamente os preços futuros. Pelo contrário: em relação à situação observada em fevereiro, os contratos futuros de boi gordo de curto prazo (abril/maio/junho) perderam força na B3, a Bolsa de Mercadorias de São Paulo, oscilando abaixo de R$ 300/@.

mercado Denis 1

Na opinião da analista Laura Rezende, da Agrifatto, tal comportamento no mercado futuro é um sinal de que o segmento já precificava tamanha alta na arroba e também mostra que o preço físico do boi gordo pode ter atingido “seu teto”. ” (cerca de R$ 300/@, em SP). Essa percepção, diz ela, reflete o momento de mudança do ciclo da pecuária (fase de preços baixos), além do atual período de safra (maior oferta de gado terminado a pasto).

Os analistas do Rabobank destacam dois outros pontos de atenção. A princípio, diz o banco, a retomada das exportações para a China resultou em uma recuperação dos preços do boi gordo, “mas a tendência de aumento no escoamento das fêmeas deve ser um fator de pressão negativa nas cotações da arroba”. De fato, as fazendas de corte brasileiras aumentaram o número de porcas enviadas para o anzol, reflexo dos baixos preços do bezerro e outras categorias de reposição.

Outro alerta citado pelo Rabobank é a atual disseminação da gripe aviária na América do Sul, aumentando o risco de possível entrada do vírus em território brasileiro. As medidas de prevenção foram intensificadas, mas o poder disruptivo desse evento é alto. Na análise dos analistas, além do setor avícola, todo o segmento de proteína animal pode ser prejudicado caso a doença seja detectada no Brasil. Alguns países da América do Sul, como o Chile, registraram a presença do vírus da gripe aviária no final de 2022 e Bolívia, Argentina e Uruguai registraram casos de contaminação neste ano.

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Retiro de bezerro e milho em SP

mercado Denis 4Em março/23, muitos recreadores e invernistas paulistas foram buscar bezerros em outras praças pecuárias, provocando uma queda acentuada nos preços locais do produto, informa a zootécnica Jayne Costa, analista da Scot. Em relação aos preços de fevereiro último, todas as categorias de machos anlorados apresentaram queda de preços no mês passado, em SP.

O bezerro desmamado teve queda mensal de 4%, passando para R$ 2.164/cab, em média, enquanto o de cernelha sofreu queda de 5,6%, fechando março a R$ 2.762/cab, informa Jayne. As novilhas, por sua vez, caíram quase 1%, na comparação com a mesma base, fechando março a R$ 2.326/cabeça.

Porém, no MS, considerado o berço do bezerro no Brasil, o preço do bezerro registrou alta em março/23, iniciando abril também com tendência de alta. O Indicador Bezerro do Cepea fechou o último mês cotado a R$ 2.450, alta de 1,1% em relação à cotação de fevereiro. No início de abril (fechamento desta edição), o mesmo indicador atingiu 2.514,21/cabeça, com forte alta diária de 2,6%.

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Milho – As cotações do milho, principal matéria-prima para alimentação bovina, encerraram março em patamar baixo em SP, iniciando abril também em queda. Segundo o Cepea, enquanto os produtores locais precisam escoar a produção da safra de verão, compradores nacionais e estrangeiros limitam as compras do cereal.

Os vendedores estão mais flexíveis quanto aos preços e dispostos a fazer entregas imediatas, mas, do lado da demanda, os agentes indicam que possuem estoques para o curto prazo, enquanto outros aproveitam as atuais oportunidades de maior oferta para adquirir o cereal por preços mais baixos preços. Em Campinas, o milho fechou a R$ 82,60 a saca de 60 kg, queda de 4% em relação ao valor registrado 30 dias antes, segundo dados do Cepea.

Leia a Revista DBO de abril de 2023 AQUI.

Fonte: Portal DBO

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