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Expansão gradual do BNDES não vai criar problemas para política monetária, diz…

    Expansao gradual do BNDES nao vai criar problemas para politica

    tag:reutersPor Alberto Alerigi

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    SÃO PAULO (Reuters) – O objetivo de expandir gradativamente o BNDES para atingir um patamar de desembolsos de 2% do PIB em 2026 contra 1% em 2022 não é obstáculo para a política monetária, com a direção do banco de fomento preocupada em ser um parceira do mercado de crédito privado e não rival em financiamentos, disse nesta quinta-feira o diretor de planejamento da instituição, Nelson Barbosa.

    O ex-ministro da Fazenda do governo Dilma Rousseff disse durante evento online organizado pelo Bradesco BBI que o banco está trabalhando em seu planejamento para os próximos quatro anos e que entre as principais metas estão o nível da Basileia de 15% a 20% e um pagamento de dividendos na ordem de 25%.

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    “Não é um retorno daquele BNDES que teve um subsídio muito alto do Tesouro, principalmente entre 2018 e 2014”, disse Barbosa. “A magnitude (da expansão do banco) por si só tranquilizaria qualquer um que esteja preocupado com a eficiência da política monetária”, acrescentou.

    “O BNDES crescendo até 2% do PIB até 2026 não me parece um aumento significativo da demanda em um contexto macroeconômico. Acredito que só o evento Americanas teve um impacto maior do que em dois meses, em termos de crédito contração”, disse Barbosa . Ele se referiu ao processo de falência da rede varejista em janeiro.

    O Banco Central reforçou em sua comunicação que políticas expansionistas “parafiscais” podem reduzir o poder da política monetária. Na quarta-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tocou no assunto ao destacar que o alto volume de crédito subsidiado é um dos motivos pelos quais o país tem a maior taxa de juros real do mundo.

    “Não acho que isso vá realmente criar obstáculos de magnitude relevante para a política monetária”, disse Barbosa. Ele acrescentou que o BNDES explicará a questão ao Banco Central, “se e quando o Ministério da Fazenda concordar… “.

    DESINVESTIMENTOS

    Questionado sobre a carteira de investimentos do BNDES, Barbosa afirmou que o banco “não tem orientação” para continuar com a política de vendas aceleradas dos últimos quatro anos.

    Ao final de 2022, a carteira do BNDES era de R$ 62,7 bilhões, sendo R$ 58,7 bilhões em ações e o restante em fundos de investimento. A carteira de ações, após o forte ritmo de vendas das ações do banco, ficou concentrada em quatro empresas: Petrobras, Eletrobras, JBS e Copel.

    “Com essa concentração e dado o atual estado do mercado de ações, a incerteza não só sobre as tendências das taxas de juros no Brasil, mas também nos Estados Unidos e na Europa, uma política agressiva de desinvestimentos de curto prazo não faz parte da estratégia atual”, disse Barbosa .

    “Hoje não há orientação para desinvestimento rápido da carteira como houve nos últimos quatro anos, também não há orientação clara para investimento, para acumulação”, acrescentou.

    FINANCIAMENTO

    Durante a coletiva, Barbosa afirmou que o BNDES precisa “andar com as próprias pernas” e diminuir a dependência dos recursos do FAT para suas operações de financiamento.

    Uma das propostas do BNDES, sujeita à aprovação do Congresso, é a criação do instrumento de financiamento da Carta de Crédito ao Desenvolvimento (LCD), isento de imposto de renda e nos moldes das atuais LCI e LCA, disse Barbosa.

    “Com isso, o BNDES consegue levantar dinheiro sozinho, não dependendo apenas dos repasses do FAT… Se o Tesouro concordar e o Congresso aprovar, podemos começar no final do ano”, disse o diretor. “Seria uma fonte para o BNDES fazer gradativamente o que os bancos já fazem por aí, ou seja, sua principal fonte de recursos são os recursos próprios.”

    Segundo Barbosa, o mecanismo traria vantagens ao fim da discussão sobre subsídios na captação de recursos do banco. “Não é preciso falar em subsídio implícito nesse caso, é uma intermediação financeira em que a atividade do BNDES seria beneficiada apenas porque o financiamento não incide imposto de renda.”

    Além disso, Barbosa mencionou que o BNDES pretende retomar a captação internacional depois que o canal teve, em 2022, o menor valor da história do banco de fomento. “Existem várias fontes que podem permitir levar os desembolsos do banco à média histórica (2% do PIB) de forma sustentável.”

    CAP 3

    O diretor de planejamento do BNDES afirmou ainda que o governo e o banco vêm trabalhando em um novo programa de investimentos paralelamente às atividades do gerente de projetos de concessões de ativos de infraestrutura que ganharam destaque na gestão anterior do banco.

    O nome do novo programa ainda não foi decidido, disse Barbosa, referindo-se a ele como “PAC 3”, uma alusão à sigla utilizada nos governos anteriores do PT para o Programa de Aceleração do Crescimento.

    “É um novo programa de investimentos que terá várias áreas e dentro das áreas o BNDES pode contribuir muito… O objetivo é ajudar o governo a estruturar um plano nacional de PPPs (Parceria Público-Privada)”, disse Barbosa.

    Ele afirmou que a ideia é levar a experiência do BNDES na estruturação de PPPs para municípios e estados em áreas como iluminação e saneamento, “em escala nacional”, e apontadas entre as áreas de interesse saúde e educação.



    Fonte: Noticias Agricolas