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Dia Mundial do Café: Safra se aproxima com leve recuperação e com base…

    Dia Mundial do Cafe Safra se aproxima com leve recuperacao

    Principais setores cafeeiros do Brasil falam ao Notícias Agrícolas sobre produção e expectativas do mercado para o novo ciclo que começa em maio

    Presente em pelo menos 98% dos lares no Brasil, chegando a mais de 120 países por ano, o café tem um dia mundial para chamar de seu. Neste dia 14 de abril é comemorado o Dia Mundial do Café e o que chama a atenção é que a data antecede um dos momentos mais emblemáticos para o setor no mundo: a colheita da safra no Brasil.

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    Os olhos do mercado estão voltados para a produção brasileira, na expectativa de uma recuperação após anos tão desafiadores e com condições climáticas tão adversas. Ao mesmo tempo, sabendo da força que só a cafeicultura brasileira tem, que há mais de 150 anos se mantém líder em pesquisa e produção, o mercado também exige cada vez mais qualidade e sustentabilidade da origem produtora que abastece o mundo.

    Sustentabilidade e qualidade têm sido palavras de ordem que abrem portas para os produtores brasileiros no mercado internacional. Mas e aqui no Brasil? Quais são as expectativas do setor para a próxima safra?

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    Na maior região produtora de café do mundo, no sul de Minas Gerais, apesar das lavouras ainda não apresentarem potencial máximo de produção, as expectativas são positivas para o ciclo que deve começar na reta final de maio.

    “Tivemos pandemia, crise econômica mundial, guerra na Ucrânia, instabilidades climáticas (seca, geada, granizo), mas nada disso tirou o ânimo dos cafeicultores. Nossas expectativas são boas para este ano e a colheita deve começar no próximo estimado. O consumo de café não vai diminuir. O Brasil tem vantagens em relação a outros players para atender o mercado, considerando produtividade, qualidade e até clima”, aponta ao Notícias Agrícolas Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé, maior cooperativa de café do o mundo .

    Café - CNA

    Em termos de volume, a cooperativa destaca o desempenho mais positivo esperado para a safra 2023, com produção prevista de cerca de 8 milhões de sacas na área de atuação da Cooxupé. “Este ano, como dito, teremos novamente uma baixa produção e nesse sentido o produtor deve trazer seus custos de produção na ponta do lápis. Conhecer seu custo de produção permite que ele administre bem sua propriedade e também participe do mercado quando oferece boas oportunidades”, diz o presidente.

    O produtor da região sul de Minas Gerais já se tornou peça chave quando o assunto é qualidade da bebida. O presidente destaca que é de extrema importância para o Brasil continuar traçando os objetivos da cafeicultura em prol da produção de qualidade. “O mundo hoje busca esses cafés. Temos a convicção de que o produtor não desistirá mais de buscar essa qualidade”, afirma.

    Ainda no sul de Minas Gerais, a cooperativa Minasul também aposta em uma safra mais positiva em volumes para este ano. Sobre a safra, José Marcos Rafael Magalhães – presidente da cooperativa, diz que algumas variedades da região de Furnas já apresentam condições para o início da safra.

    “A maturação lá está muito à frente das outras, então alguns cafés já começaram a aparecer. Mas, no geral, esperamos que a safra fique dentro do esperado, a partir de maio. Vai ser bem melhor do que nos últimos anos, mas vai não atingir os números de 2020. O que estamos vendo é que com o enchimento dos grãos teremos um rendimento melhor do que o esperado”, afirma.

    Entre as dificuldades do produtor, Magalhães destaca a dificuldade de contratação de mão de obra – um dos principais gargalos da cafeicultura. O setor trabalha em conjunto com o Ministério do Trabalho para garantir a contratação de trabalhadores sazonais, mas ainda não há uma resolução oficial para a safra que está para começar. As ações em Brasília estão sendo dirigidas pelo Conselho Nacional do Café (CNC).

    ESG: mercado de café é mais do que nunca guiado pela agenda ESG

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    As demandas internacionais por café do Brasil são cada vez mais exigentes. As práticas ESG são uma realidade para o setor e as ações com o comércio exterior têm se pautado na comprovação das boas práticas adotadas pelos cafeicultores no Brasil.

    Acompanhando de perto essas demandas, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) destaca que é fundamental que, com as novas regras de importação, o país se posicione no mercado internacional para comprovar os bons índices que só a cafeicultura brasileira possui.

    “No Dia Mundial do Café, o Cecafé reforça o papel da sustentabilidade em todos os segmentos da cafeicultura brasileira, o primoroso trabalho que é feito pelo produtor rural e a eficiência e organização dos segmentos, principalmente as exportações, que possuem o principal e maior repasse de FOB preço ao produtor, isso é renda”, comenta Marcos Matos, CEO do Cecafé.

    Nesse sentido, ele destaca que a entidade tem focado seu trabalho na promoção da imagem do produto nacional no exterior. “Com diálogo, com nossos parceiros internacionais, com regulamentação internacional, estamos nesse trabalho contínuo de defesa dos interesses do Brasil”, acrescenta.

    No próximo mês de maio, o Cecafé promoverá a 9ª edição do Café Jantar e Cimeira com o foco principal em debater demandas internacionais e oportunidades para produtores no Brasil.

    “O mundo exige cada vez mais produtos que respeitem critérios de sustentabilidade, governança socioambiental e acreditamos que o Cecafé, como representante dos exportadores de café do Brasil, é fundamental para proporcionar debates e trocas de experiências sobre o tema”, explica.

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    Para o presidente da Cooxupé, o cooperativismo é uma das formas de comprovar as ações do Brasil. “Os princípios: Ambiental, Social e Governança são praticados diariamente em nossas atividades. Sempre cuidamos do meio ambiente, que é a fonte primária de nossas atividades; sempre cuidamos do desenvolvimento econômico e social de nossas pessoas e comunidades e sempre tinha governança participativa”, diz o presidente.

    Além disso, ele destaca que a mentalidade dos consumidores de café em todo o mundo mudou nos últimos anos. “O mercado global e os consumidores estão cada vez mais exigentes em consumir café de qualidade e, principalmente, com procedência, respeitando os pilares sustentáveis ​​(social, ambiental e econômico). Produzimos café para o mundo e para um consumidor cada vez mais novo e exigente e que vem apresentando uma nova mentalidade. Um consumidor engajado com as boas práticas perante o mercado e cujas decisões são baseadas na sustentabilidade”, afirma.

    No mesmo sentido, José Marcos destaca que o produtor brasileiro também é líder absoluto nessas práticas, mas reconhece a necessidade de mostrar tudo isso ao mercado internacional. “O produtor brasileiro já é o que mais pratica a conservação, mas precisamos deixar isso mais claro, mostrar para o mundo. E o social também, nossas leis também são rígidas e temos condição de atuar nesse campo social de forma brilhante”, afirma.

    Redução de alíquotas pode ajudar o país a avançar nas exportações de café solúvel

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    Para Aguinaldo José de Lima, diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), o caminho para manter o Brasil nos patamares atuais vai além do campo, destacando a importância do fortalecimento da cadeia como um todo. “Dessa forma, criamos mais demanda para os produtores brasileiros. Os acordos internacionais são fundamentais para o Brasil, os acordos que eliminam tarifas são importantes porque o Brasil tem muitas tarifas no exterior”, comenta.

    Ele também destaca que o setor está otimista com o acordo entre a União Européia e o Mercosul, que deve reduzir em 9% as tarifas do café solúvel brasileiro. “Temos países que são muito importantes em termos de consumo, mas que acabam com muita dificuldade, pouca competitividade por conta desses acordos. O trabalho que estamos fazendo é nesse sentido de criar janelas de oportunidades para negociações que às vezes não ainda precisa envolver o Mercosul, negociações para a criação de cotas e que possa haver a possibilidade de exportar”, diz.

    No mercado nacional, onde o consumo está em constante evolução, a ABICS vem trabalhando para apresentar as diversas possibilidades que este café apresenta. Ele destacou ainda que a Associação trabalha atualmente na criação de um selo de qualidade, que será apresentado ao mercado logo após a criação da nova metodologia de avaliação sensorial do café solúvel, apresentada ao mercado internacional no ano passado.

    “Finalmente, a grande mensagem que nosso setor deixa para o Dia Mundial do Café é que o café é um patrimônio legítimo, principalmente no Brasil. E temos o dever de lutar por ele, de propagá-lo, de criar cada vez mais mercados e nada melhor comemorando juntos o dia que representa a atividade de nossas vidas, de nossas áreas profissionais em que atuamos e o café solúvel faz parte desta grande família”, finaliza.

    BSCA: Ações de promoção de imagem continuam em 2023

    Segundo Vinicius Estrela, diretor-executivo da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), a retomada da agenda internacional colocou o país em patamares elevados no exterior. A entidade representou o país em cerca de 20 ações no exterior. “Dentre elas destacamos a volta da participação brasileira em feiras na Ásia, notadamente Japão, Coreia do Sul e Austrália, além de mercados tradicionais como Estados Unidos e Europa. Em 2023 planejamos ainda mais ações e parcerias para impulsionar o crescimento do a cadeia de valor em torno dos cafés especiais”, afirma.



    Fonte: Noticias Agricolas