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BC eleva previsão de crescimento econômico de 1,7% para 2,7%

    Previa do IBGE registra deflacao de 037

    O Banco Central (BC) elevou sua previsão de crescimento econômico neste ano. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) passou de 1,7% para 2,7%. A projeção consta do Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, divulgado nesta quinta-feira (29).

    “A surpresa no crescimento do segundo trimestre, os resultados iniciais do terceiro, e estímulos não contemplados no Relatório de Inflação anterior – notadamente o aumento do valor do benefício Auxílio Brasil e o arrefecimento da inflação, resultando, em grande medida, desde a redução de impostos sobre combustíveis, energia e serviços de comunicação – são os principais fatores para a revisão”, explicou o BC.

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    O último relatório foi divulgado em junho.

    No segundo trimestre, o PIB cresceu 1,2% em relação ao trimestre anterior, impulsionado pelo aumento do consumo das famílias, pela retomada dos serviços presenciais e pelo avanço do transporte de cargas e passageiros. Foi o quarto resultado positivo consecutivo do indicador após a queda de 0,3% no segundo trimestre do ano passado. Segundo o BC, uma nova expansão deve ser registrada no terceiro trimestre de 2022, “mas em magnitude menor do que a observada nos últimos três trimestres”.

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    Entre os componentes da oferta, a projeção de alta para a indústria foi alterada de 1,2% para 2,4%, com melhora nas projeções para todos os setores, com exceção da indústria extrativa. Em serviços, a estimativa foi revisada de 2,1% para 3,4%, com aumento nas estimativas de crescimento para todos os setores, exceto serviços oferecidos pelo governo.

    Na direção oposta, a projeção para a agropecuária foi alterada de alta de 2,2% para estabilidade, em linha com as revisões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou ligeira redução nas projeções para a produção de grãos e forte queda na previsão para a cana-de-açúcar. No mesmo sentido, as expectativas para a pecuária foram reduzidas, refletindo dados mais recentes de produção de carne, leite e ovos disponibilizados pelo IBGE.

    No que se refere aos componentes domésticos da demanda, houve aumento nas projeções para o consumo das famílias, de 1,7% para 3,9%, e para a formação bruta de capital fixo das empresas, de queda de 2,7% para queda de 0,4%, e redução da projeção de consumo do governo, de 1,8% para 0,7%. As exportações e importações de bens e serviços, em 2022, deverão variar, na ordem, 1,5% e decréscimo de 2,5%, face às respetivas projeções de 2,5% e decréscimo de 4% no anterior Relatório de Inflação.

    Pela primeira vez, o BC trouxe a projeção para o PIB de 2023. A estimativa é de crescimento de 1%, “sob influência da esperada desaceleração global e dos impactos cumulativos da política monetária doméstica”.

    Inflação
    A inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve encerrar 2022 em 5,8%, no cenário com taxa de juros (Selic) em 13,75% ao ano e câmbio a partir de R$ 5,20. No relatório anterior, em junho, a projeção era de 8,8%.

    O BC também projeta que a inflação deve ficar em 4,6% em 2023 e 2,8% em 2024 e 2025. Nessa trajetória, a taxa Selic chega ao final de 2023, 2024 e 2025 em 11,25%, 8% e 7,50%, respectivamente.

    A meta para 2022, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,5% de inflação, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 2% e o limite superior é de 5%. Para 2023 e 2024, o CMN estabeleceu meta de 3,25% e 3% para o IPCA, respectivamente, também com tolerância de 1,5 ponto percentual.

    No relatório de junho, o BC reconheceu oficialmente que a meta deste ano foi superada, mas agora reduziu essa probabilidade. “Em termos de probabilidades estimadas de inflação ultrapassar os limites do intervalo de tolerância, no cenário de referência, destaca-se a redução da probabilidade de inflação estar acima do limite superior em 2022, que passou de perto de 100% no relatório. ano anterior para cerca de 93% neste relatório, e a probabilidade aumenta para 2023 de cerca de 29% para cerca de 46%”, observa o relatório.

    De acordo com o BC, a inflação acumulada em quatro trimestres atingiu o pico de 11,9% no segundo trimestre deste ano, devendo cair significativamente nos próximos trimestres. Especificamente para a revisão para baixo de 2022, o relatório destaca, entre outros, o efeito dos cortes de impostos federais sobre combustíveis, eletricidade e comunicações. O aumento das projeções para 2023 – de 4% para 4,6% – resultou, justamente, da hipótese de retorno dos impostos sobre os combustíveis no início do próximo ano, além de depreciação cambial e indicadores de atividade econômica mais fortes do que o esperado.

    Com as recentes quedas da inflação, o Banco Central encerrou o ciclo de elevação da taxa Selic e manteve a taxa básica em 13,75% na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana passada. Esta foi a primeira quebra de máximas após 12 máximas consecutivas, em um ciclo que começou em meio a alta nos preços de alimentos, energia e combustíveis.

    No entanto, a instituição considera que a inflação ao consumidor continua elevada e sinalizou que “não hesitará” em retomar o ciclo ascendente caso o processo de desinflação não decorra como esperado.

    Esse é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para atingir a meta de inflação. O aumento da Selic, que serve de referência para as demais taxas de juros do país, ajuda a controlar a inflação, pois a taxa afeta os preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, evitando demanda aquecida.



    Fonte: Agro