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TerraClass mostra cobertura e uso da terra no Cerrado • Portal DBO

Imagem: Embrapa

Fruto de uma parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI ), o TerraClass Cerrado acaba de divulgar os dados do mapeamento de uso e cobertura da terra no bioma, referente ao ano de 2020.

O objetivo do levantamento é identificar e qualificar as principais atividades realizadas nas áreas já antropizadas da região, previamente detectadas e delimitadas pelo Programa de Monitoramento do Desmatamento do INPE, Prodes Cerrado.

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Os dados de 2020 fazem parte da série iniciada com a publicação do mapa de 2018 e permitem analisar a dinâmica de ocupação do território no período.

Considerando toda a extensão do bioma, o TerraClass mostra que, em 2020, cerca de 48,6% da área do Cerrado é ocupada por vegetação natural primária, 29,3% por pastagens e 15,9% por atividades agropecuárias, incluindo agricultura temporária, semiperene, perene e silvicultura.

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O restante está dividido em outras classes de uso e cobertura do solo, como vegetação natural secundária, resultante do processo de regeneração da vegetação natural, áreas urbanizadas e corpos d’água.

O estudo foi produzido no âmbito do projeto “Gestão Integrada da Paisagem no Bioma Cerrado”, conhecido como FIP Paisagens Rurais.

Os resultados foram divulgados no dia 15 de dezembro e estão disponíveis na plataforma digital GeoPortal TerraClassque oferece ferramentas para visualização de mapas e geração de tabelas e gráficos que facilitam a análise pelos usuários.

Segundo a diretora do Departamento de Produção e Irrigação Sustentável do Mapa, Fabiana Villa Alves, identificar, delimitar, mapear e analisar as mudanças no uso e cobertura da terra e na paisagem, desenvolvidas nas unidades territoriais, no caso do bioma Cerrado , é a base para o diagnóstico e elaboração de estratégias de curto, médio e longo prazo, bem como para o planejamento de políticas públicas, incluindo o Plano ABC+.

“Estas ferramentas ajudam-nos a acompanhar a evolução da sustentabilidade socioeconómica e ambiental promovida pelas tecnologias promovidas pelo Plano, promovendo a conservação dos solos, da água, da biodiversidade e a redução das emissões de gases com efeito de estufa. Trabalhamos com um conceito focado nos desafios atuais e futuros do país, na adaptação e no conceito de Abordagem Integrada da Paisagem, alinhando o Brasil às principais estratégias de governança territorial. Nesse sentido, o TerraClass é uma importante base de informações”ele aponta.

De maneira geral, os resultados do último mapeamento são próximos aos divulgados para o ano de 2018, com pequena variação na redução ou expansão da área das principais classes de uso e cobertura da terra, de um período para outro.

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Com base nos dados divulgados pelo Prodes e na matriz de transição TerraClass, houve uma redução de 0,8% na área de vegetação natural primária no Cerrado de 2018 para 2020, o que representa 16.185 km2. Desse total, as pastagens ocuparam 12.166 km2.

Além disso, cerca de 1.781 km2 não foram explorados após o desmatamento e se tornaram vegetação natural secundária.

A área total de pastagens no bioma teve um crescimento líquido de 0,5% no período, cerca de 10.000 km2. Mas também deu lugar à agricultura temporária de um ou mais ciclos.

Intensificação da agricultura – Em relação à expansão da agricultura, a área ocupada no bioma aumentou 0,7% entre 2018 e 2020. Desse montante, as lavouras agrícolas temporárias de mais de um ciclo aumentaram em 26.427 km2.

Este aumento ocorreu principalmente em áreas onde anteriormente foram estabelecidas culturas agrícolas temporárias de um ciclo e áreas de pastagem.

Para Alexandre Coutinho, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital e um dos coordenadores do projeto, trata-se de um claro processo de intensificação da produção e uso da terra, fenômeno que ajuda a minimizar a pressão pela abertura de novas áreas.

A agricultura de mais de um ciclo permite ao produtor obter duas colheitas e não apenas uma, no mesmo ano agrícola. “Uma parte importante do crescimento da produção agrícola nacional vem de ganhos de produtividade, por meio da adoção de tecnologias, e outra parte ocorre justamente pela otimização e aproveitamento de uma mesma área para a produção de mais de uma safra”enfatiza o pesquisador.

Vegetação secundária – Em valores totais, a vegetação secundária apresentou uma diminuição em sua área de 95.112 km2 para 85.298 km2, representando uma diminuição de 9.814 km2 (0,48%) em relação a 2018.

Entre as transições mais relevantes no período envolvendo essa classe temática, destacam-se as trocas entre ela e a classe pastagem – 33.536 km2 migraram de vegetação secundária para pastagem e, em contrapartida, 22.882 km2 passaram de pastagem para vegetação secundária.

Coutinho explica que essa dinâmica entre pastagem e vegetação secundária pode indicar que essas áreas acabam funcionando como uma reserva para o proprietário rural, um estoque de terras cujo uso dependerá muito das oportunidades econômicas que surgirem para que sejam integradas ao sistema produtivo .

“Instrumentos como o mapeamento do TerraClass podem orientar políticas públicas que levem à ocupação dessas áreas com maior eficiência produtiva e sustentabilidade. Da mesma forma, também podem favorecer a recuperação ambiental daquelas terras pertencentes a ecossistemas mais frágeis do Cerrado, que foram abertas mas não possuem potencial produtivo e podem entrar em processo de regeneração da vegetação”🇧🇷

Em termos paisagísticos, a vegetação secundária assume função semelhante à cobertura natural do Cerrado, auxiliando na recomposição dos ecossistemas naturais.

Segundo Cláudio Almeida, pesquisador do INPE, a vegetação secundária tem um papel muito importante, pois permite o reforço de corredores com cobertura natural em diferentes estágios sucessionais, favorecendo a circulação de espécies entre diferentes maciços de vegetação natural e permitindo, por exemplo, espécies de sobrevivência que agem como polinizadores.

FIP Paisagens Rurais – O Projeto de Manejo Integrado da Paisagem no Bioma Cerrado – FIP Paisagens Rurais é financiado com recursos do Programa de Investimento Florestal (FIP – Programa de Investimento Florestal), por meio do Banco Mundial.

A coordenação é do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e do Ministério da Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação, em parceria com o INPE, Embrapa Cerrados, Embrapa Agricultura Digital, Agência Alemã de Cooperação Técnica (GIZ) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

Seu principal escopo é fortalecer a adoção de práticas de conservação e restauração da vegetação nativa, bem como práticas agropecuárias de baixo carbono no bioma Cerrado, que serão medidas por meio do monitoramento da dinâmica da paisagem, via satélite.

Ao final do projeto, será elaborado outro novo mapeamento TerraClass Cerrado, correspondente ao ano base de 2022.

Também está previsto o monitoramento das ações de recuperação de áreas degradadas nas propriedades rurais participantes do FIP Paisagens Rurais, por meio de uma escala cartográfica mais detalhada.

Fonte: Portal DBO

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