Pular para o conteúdo

Suinocultura ganha redução de custos

    Suinocultura ganha reducao de custos

    Sinais como aumento da produção, maior volume de abate e maior número de fêmeas nas fazendas indicam que o pior momento da atividade pode ter ficado para trás. Sinais como aumento da produção, maior peso registrado no abate e maior número de fêmeas nas fazendas indicam que a cadeia está passando por um rearranjo produtivo. Essa percepção surgiu durante o levantamento de custos de produção da suinocultura paranaense, realizado em maio deste ano pelo Sistema FAEP/SENAR-PR.

    Para essa análise, a metodologia escolhe um tipo “modal” de propriedade, aquela que mais se repete em determinada região no que diz respeito ao tamanho, equipamentos e número de animais. Para o levantamento dos custos de produção da suinocultura no estado, foram analisadas quatro modalidades: Unidade de Produção de Leitões (UPD), Unidade de Produção de Leitões (UPL), Crechário (UC) e Unidade de Produção de Produto Terminado (UPT).

    Patrocinadores

    Pela primeira vez, o trabalho foi realizado apenas com produtores que integram as Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs), instâncias de discussão entre agroindústrias integradoras e produtores integrados. Ao todo, foram coletados dados de quatro diferentes Cadecs nas três principais regiões produtoras de suínos do Estado: Sudoeste, Oeste e Campos Gerais. Nos painéis anteriores, a divisão era por fase de produção, de modo que participavam produtores de diferentes empresas.

    Apesar do cenário preocupante nas modais, alguns sinais de recuperação da atividade são evidentes, como maior número de fêmeas alojadas nas granjas, aumento dos dias de lactação e retomada do padrão de peso de abate. Além disso, embora todas as regiões e modalidades analisadas no levantamento de custos realizado pelo Sistema FAEP/SENAR-PR apresentem perda no custo total (que agrega ao custo operacional o retorno do capital investido), houve melhora generalizada nos saldos dos custos de produção. “As margens da atividade estão cada vez menores e, como em outras áreas, para obter rentabilidade é fundamental ter escala e, portanto, reduzir os custos fixos de produção. Agroindústrias e cooperativas têm visão de longo prazo e há redução do rebanho mundial. Alguém vai ter que compensar esse déficit no futuro e quem estiver preparado vai sair na frente”, destaca a presidente da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura da FAEP, Deborah de Geus.

    Patrocinadores

    Para o suinocultor Elói Fávero, que atua na fase da UPD na região Oeste e participa da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura da FAEP, a atividade demonstra certo equilíbrio em relação ao levantamento anterior. “Houve alguns custos que caíram nesse período, outros que subiram, então acho que os custos ficaram equilibrados”, diz.

    Segundo painel feito com produtores que participam da mesma integração de Fávero, o saldo dos custos operacionais aumentou 112,3% entre maio de 2023 e novembro de 2022 (data do levantamento anterior). Isso indica que, a curto e médio prazo, esses produtores terão dificuldades para se manterem ativos. Apesar de poderem arcar com os custos variáveis, não poderão renovar a infraestrutura e fazer melhorias. Isso porque, enquanto o produtor recebe R$ 40,89 por leitão, o custo total chegou a R$ 62,27 por animal. “O valor da remuneração ainda é baixo e sem sinais de melhora firme”, aponta Fávero.

    A mão de obra, mais uma vez, ficou no topo da lista de despesas que mais sofreu aumento. Entre as UPDs analisadas na região Oeste, esse item passou de R$ 16,92 em novembro do ano passado para R$ 20,14 em maio daquele ano. Seguiram-se os gastos com energia e combustível, com alta de 31%.

    Na modalidade Crechário, os R$ 10,50 per capita pagos ao produtor não cobrem os custos variáveis, desembolsos como energia, mão de obra, alimentação, entre outros, para produzir uma fornada. Este sistema apresentou um saldo variável negativo de R$ 6,28, o que significa uma perda total de R$ 16,41 por leitão. Também nessa fase produtiva, mão de obra e energia são os principais gastos.

    “Além do rosto [a mão de obra], é até difícil de achar”, pondera o suinocultor Gilberto Rentz, que trabalha na fase de Creche no município de Piraí do Sul, nos Campos Gerais. Com uma granja com capacidade para abrigar 2.700 leitões, o suinocultor observa o temor dos produtores da região diante do atual momento que a atividade atravessa. “Todo mundo está com o pé no freio, ninguém está otimista. Todo mundo se segurando, pois não é uma atividade atrativa”, analisa.

    Também no sistema de terminação (UPT), o valor pago pelos animais não cobre os custos de produção. Nessa modalidade, os produtores integrados que participaram do painel da região Oeste sofrem prejuízo de R$ 35,05 por suíno terminado. O valor recebido não cobre os custos operacionais, colocando esses suinocultores em uma situação difícil, sem saber se conseguirão se manter no negócio.

    “O produtor tem que estar ciente de que ainda estamos passando por um momento de crise. Vamos esperar a estabilização desse mercado”, avisa Fávero. “O levantamento dos custos de produção do Sistema FAEP/SENAR-PR é importante para que o produtor tenha parâmetros de seus custos em relação aos demais. Também permite um diálogo mais transparente com os integradores sobre a remuneração, chegando a um consenso para que haja uma parceria sustentável e que tenha um bom prazo para ambas as partes”, complementa a presidente do CT de Suinocultura da FAEP, Deborah de Geus.



    Fonte: Agro