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relação de câmbio boa e preço futuro ruim • Portal DBO

    relacao de cambio boa e preco futuro ruim • Portal
    Por Hyberville Neto – consultor e diretor da HN AGRO

    O mercado de milho em queda melhorou a relação entre arroba e alimento. Em maio, foram 4,5 sacas por arroba, a melhor desde o final de 2019, com alta de 22,3%, em relação a maio de 2022.

    O boi magro tem uma relação historicamente interessante, mas não nas altas dos últimos meses. Na média de maio, com 12,[email protected] de gado gordo, era possível comprar um gado magro, usando referências do Cepea de São Paulo para ambos. A média desde o início de 2019 é [email protected]lembrando que neste caso números menores são mais interessantes.

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    Quando somamos o gado magro e o milho, temos o maior componente de custo (reposição) e o principal item na maioria das dietas. Para uma relação de troca que inclua ambos, utilizamos um boi magro e 700kg de milho, o que equivaleria a um consumo diário de 7kg de milho em cem dias de cocho.

    Com isso, calculamos quantas arrobas de gado vivo são necessárias para adquirir esses dois componentes de custo. Veja a figura 1.

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    Figura 1. Arrobas de gado vivo necessárias para compra de gado magro e 700kg de milho em São Paulo. Fonte: CEPEA/HN AGRO

    Quanto menos arrobas, melhor a relação de troca. Com exceção de dois meses de 2019, o indicador está no melhor nível desde janeiro de 2015. Em novembro e dezembro de 2019, o índice despencou devido à forte alta da arroba (denominador do índice), que passou de R$ 163,26 na média de outubro para R$ 201,16 e R$ 211,97, respectivamente, em novembro e dezembro daquele ano.

    Depois, a arroba se acomodou e surgiu a substituição, que voltou a aumentar o câmbio.

    o mercado futuro

    As relações de troca apresentadas consideram as cotações contemporâneas, ou seja, boi magro, milho e boi gordo no mesmo mês.

    Quando o confinador avalia sua operação, essas negociações não ocorrem simultaneamente. A venda do gado gordo ocorre mais adiante, obviamente. Por esse motivo, o confinador geralmente considera projeções futuras de mercado para fins de planejamento.

    Vale ressaltar aqui que, se os preços futuros não são usados ​​efetivamente para proteção, eles são apenas mais uma opinião (dos agentes envolvidos), que muda, e muda bem, no dia a dia. Por isso, é importante que o produtor sempre considere as estratégias para sair do risco de preço, seja comprando opções, vendendo contratos futuros ou mesmo via contratos a termo, diretamente com a indústria.

    Para avaliar o sentimento do mercado futuro, realizamos uma análise das oscilações dos preços do boi gordo no período de janeiro de 2010 a 2022.

    Assim como a “opinião” dos futuros, a história não é garantia de nada, mas nos mostra o que já aconteceu e dá uma ideia de otimismo ou pessimismo. Os resultados estão em Figura 2que explicaremos com mais detalhes.

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    Figura 2. Variação histórica de preços, em relação a janeiro, considerando anos de descarte de fêmeas, as piores variações ocorridas e a curva de 2023 (ocorridas e projetadas). Obs: mercado futuro na manhã do dia 26/05 | para 2023, os preços são os futuros a partir de junho. Fonte: CEPEA/B3/HN AGRO

    A linha vermelha mostra quanto o preço em cada mês ficou abaixo do preço de janeiro, na média de todos os anos de descarte de fêmeas entre 2010 e 2022.

    Como estamos em um ano de alienação, vamos focar nessa parte da história. Mas, para referência, na média dos anos de retenção (o que não é o caso), as cotações de dezembro foram 22% superiores às de janeiro.

    Nos anos de descarte, como mostra a figura, a média de dezembro é semelhante à de janeiro. Em 2023, tivemos uma média em janeiro de R$ 285,97/@, considerando o Cepea, que é o indicador a ser comparado com o futuro.

    Também criamos uma curva (linha preta) das piores quedas em relação a janeiro, nos anos de descarte, no mesmo intervalo (2010-2022). Ou seja, no ano em que o mercado mais caiu entre janeiro e novembro, a cotação de novembro foi 16% menor que a de janeiro, e assim sucessivamente.

    A última série (barras) refere-se aos preços já ocorridos em 2023 e projeções futuras do mercado, na manhã do dia 26/05. Até maio, foram utilizados os preços médios observados e, a partir de junho, os preços futuros.

    Ou seja, o mercado, embora subindo na manhã considerada, precificava junho, agosto, setembro e outubro como as piores quedas em relação a janeiro, desde 2010, mesmo no grupo de anos de baixa apenas (descarte).

    Fisicamente, o cenário atual do mercado é de baixa pressão e ainda há oferta para chegar no curto prazo. Porém, os próprios preços futuros não têm estimulado o confinamento, o que acaba ajudando de alguma forma o cenário de preços no segundo semestre, com menor pressão de oferta desse tipo de engorda.

    Há expectativas positivas para as exportações e níveis mais calmos de inflação e desemprego (com dúvidas sobre o que virá, mas contidos por enquanto), o que pode colaborar para uma demanda um pouco melhor no segundo semestre.

    Em resumo, 2023 não deve ser um ano de explosão de preços, longe disso, pela fase do ciclo, com maior oferta e situação de demanda ainda retraída, em geral. De qualquer forma, pode ser que o mercado esteja muito pessimista, mais uma vez precificando um mercado fraco no segundo semestre, como visto em 2022. Vamos acompanhar.

    Gostou desta coluna? Você tem alguma sugestão ou nova informação? Por favor me escreva no e-mail [email protected].

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    Fonte: Portal DBO