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Plano Safra 23/24 vai reforçar conversão de pastagens em lavouras, diz Fávaro

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Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) – O próximo Plano Safra (2023/24) deve incluir o reforço de um programa mais robusto de estímulo à conversão de pastagens degradadas em lavouras, para que o país possa ampliar a área plantada com grãos em 5% a cada safra há vários anos sem realizar desmatamento, disse o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, nesta terça-feira.

Em entrevista à Reuters, ele reafirmou que esse crescimento seria possível com o país utilizando cerca de 40 milhões de hectares de pastagens degradadas, que podem ser convertidas em lavouras. Para isso, será oferecido crédito agrícola com taxas adequadas, acrescentou o ministro, citando que outra prioridade do governo será o apoio à expansão do seguro agrícola.

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Antes de sua primeira viagem internacional como ministro, para um evento na Alemanha, Fávaro disse que o plano permitiria um importante aumento na produção de grãos e oleaginosas no Brasil, hoje plantada em cerca de 77 milhões de hectares, respeitando as preocupações com a ambiente. .

“Teremos um aumento de recursos para equalizar as taxas de juros desse programa que vamos criar para investir na conversão de pastagens”, disse o ministro, citando as prioridades do próximo Plano Safra.

Normalmente, por meio da chamada equalização de juros, o Tesouro subsidia programas de financiamento com taxas mais baixas dentro do Plano Safra, principalmente para pequenos produtores.

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A ideia de Fávaro ainda lembra os objetivos do Plano ABC, lançado no final do segundo mandato de Lula. Mas esse programa de incentivo à agricultura sustentável continuou com uma abrangência relativamente pequena nos últimos anos, em relação ao total oferecido no Plano Safra.

O ministro lembrou que o país tem atualmente cerca de 150 milhões de hectares de pastagens com baixa produtividade ou em processo de degradação ou áreas já degradadas, citando o estoque de terras no Brasil.

“Por que isso não é convertido em lavoura? Por falta de investimento. Então vamos criar uma linha de crédito, com taxas de juros compatíveis, com carência, com prazos estendidos… Para que o produtor pegue esse recurso e faça essa conversão…”, disse ele por telefone.

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Com isso, ele acredita em um aumento de área plantada de 5% ao ano por várias safras. “É factível, no ritmo chinês, mas de forma sustentável.”

Ele não deu detalhes sobre o nível de interesse que deve ser buscado neste programa.

RESPEITO AO MEIO AMBIENTE E À LEI

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O ministro afirmou que o novo governo respeita o meio ambiente e combate o desmatamento ilegal, mas não pode ser retirado o direito previsto na legislação nacional para que os produtores desmatem parte das florestas de sua propriedade.

Ele argumentou que se o consumidor quer desmatamento zero no Brasil, algo que vai além da legislação vigente, deveria pagar pelos serviços ambientais, para que agricultores e proprietários de terra sejam recompensados ​​por manter a floresta em pé.

“Somos um governo que preza pela legalidade. Se o desmatamento fora do Código Florestal tem que ser combatido, porque está fora da lei, como vamos tirar o direito que está na lei do produtor desmatar 20% da floresta e 65% no Cerrado?” ele disse, quando perguntado sobre isso.

A legislação brasileira autoriza o desmatamento de parte das propriedades rurais, em percentuais que variam de acordo com a região.

Ele reforçou, porém, que é possível ter desmatamento zero no Brasil, “mas aí é preciso ter pagamento por serviços ambientais, quem não desmatar deve pagar ao produtor”.

A posição do ministro vai de encontro ao que pensam alguns consumidores, principalmente na União Europeia.

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A pressão contra o desmatamento, mesmo o feito legalmente, tende a aumentar nos próximos anos, já que as maiores multinacionais do agronegócio têm como meta eliminar todo o desmatamento –mesmo o feito dentro da lei– de suas cadeias produtivas a partir de 2025 ou 2030 .

“A grande diferença é que nos últimos quatro anos não tive uma relação respeitosa com o meio ambiente, e isso mudou”, disse.

PORTAS ABERTAS

Questionado sobre o ceticismo e as críticas de algumas associações que representam os produtores em relação ao novo governo — muitas delas simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro –, Fávaro disse que estará aberto a todos “que queiram cumprir a lei e a todos que quer respeitar a produção sustentável”.

“Esses estão com as portas abertas, mas quem prefere acreditar em fake news… O presidente Lula já disse mais de uma vez que não vai taxar exportação, que vai respeitar direitos de propriedade, vai respeitar direitos adquiridos, que vai respeite qual produtor tem armas para fazer a primeira luta caso bandidos venham perturbar sua paz”, comentou, referindo-se a preocupações expressas por algumas entidades de classe.

Sobre o fato de a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ter passado para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, Fávaro disse que existe o entendimento de que a estatal também pode trabalhar para o Ministério da Agricultura, colaborando com a política agrícola dos pequenos agricultores e também de grandes produtores.

Ele também reafirmou que quer aprimorar as informações sobre mercados e estoques agrícolas e de produção apresentadas pela Conab.



Fonte: Noticias Agricolas

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