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Tétano em Equinos – O que é? Qual é o tratamento?

    Tetano em Equinos O que e Qual e o

    O tétano em cavalos é um doença infecciosa causada pela toxina Clostridium tetanisendo uma das doenças mais antigas registradas em equinos.

    É uma doença de grande importância na clínica veterinária, devido à alta taxa de mortalidade e longo período de convalescença (THOMASSIAN, 2006).

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    As taxas de mortalidade por tétano em cavalos variam amplamente entre países e regiões. apesar do diminuição da ocorrência da doença com o advento da vacinaçãoo tétano continua associado a altas taxas de letalidade, especialmente em países em desenvolvimento, onde a vacinação não é uma medida profilática usual.

    as bactérias Clostridium tetani

    O Clostridium tetani (C. tétano) é Bactérias Gram positivas que causa o tétano. Tem a forma de bacilos retos ou curvos e possui endósporos esféricos que promovem a resistência bacteriana.

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    bactéria A bactéria Clostridium tetani
    A bactéria Clostridium tetani

    Em grande parte, os clostrídios patogênicos são anaeróbios estritosque podem sobreviver por muito tempo no solo e ter distribuição mundial (VERONESI et al., 2015; QUINN et al., 2005).

    Como o tétano em cavalos se prolifera?

    Feridas, infecções omphalus, abscessos de injeção, infecções uterinas, feridas perfurantes em cascos ou tecidos moles são locais propícios para a proliferação do Clostridium tetani devido à formação de anaeróbico.

    Infecção bacteriana secundária, necrose tecidual, acúmulo de pus e presença de corpos estranhos também podem ocorrer (SMITH, 2006).

    Qualquer ferida que tenha uma condição anaeróbica pode haver crescimento bacteriano que se multiplica no local e produz toxinas difusíveis.

    Respiração celular
    Diferenças nas concentrações de microrganismos aeróbicos (dependentes de oxigênio) e anaeróbicos (não dependentes de oxigênio)

    Em um ambiente anaeróbico, os clostrídios produzem três exotoxinas:

    • Toxina não espasmogênica – promove a estimulação autonômica em resposta à hiperestimulação do sistema nervoso simpático (VERONESI et al., 2015; QUEVEDO et al., 2011).
    • tetanolisina – gera necrose tecidual;
    • tetanospasmina – produz os sinais clínicos característicos do tétano.

    As feridas profundas e perfurantes favorecem a anaerobiose, da mesma forma que as feridas purulentas, pois há consumo de oxigênio pelos germes piogênicos, favorecendo o ambiente para a proliferação de C. tetani (SILVA et al., 2010).

    A taxa de início da doença é influenciada por vários fatores, incluindo a localização da feridasua gravidade é seu nível de contaminação. Se os esporos se alojarem em tecidos bem oxigenados, podem permanecer adormecidos após a cicatrização por longos períodos, até que uma contusão ou outra lesão no mesmo local crie condições que ativem o organismo e permitam que ele se multiplique.

    Por outro lado, a rápida descoberta, limpeza e tratamento de uma ferida reduz a ameaça de infecção.

    Como a doença se desenvolve?

    C. tétano libera toxinas do corpo tetanospasmina e tetanolisina.

    a tetanolisina promove a propagação da infecçãoComo aumenta a quantidade de necrose tecidual local (SMITH, 2006; SMITH & GEORGE, 2006).

    A tetanospasmina é responsável por desencadear os sinais de tétano em cavalos.

    Uma vez que a tetanospasmina é liberada das células bacterianas pela ação de uma protease, ela se divide em duas estruturas, uma cadeia leve é corrente pesadaligados por uma ponte dissulfeto.

    A toxina chega então ao neurônio motor, através da cadeia pesada, sendo transportada para a medula espinhal. Ele então entra no neurônio inibitório, quando perde a ligação dissulfeto e se torna ativo.

    Após a ativação, a cadeia leve atua no citoplasma da célula nervosa quebrando proteínas celulares e impedindo a liberação de neurotransmissores moduladores (GUILFOILE & BABCOCK, 2008).

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    Sintomas

    Os sintomas são mais ou menos semelhantes em todos os animais. Hernández et al., (2014) ao relatar o caso de tétano em um cavalo crioulo, classificaram os sinais clínicos do tétano de acordo com a gravidade dos sinais clínicos:

    • leve – apresenta prolapso de terceira pálpebra, orelhas voltadas para trás, marcha levemente rígida e ingestão alimentar inalterada;

    • moderados – prolapso de terceira pálpebra, orelhas voltadas para trás, membros rígidos, deambulação com dificuldade e ocorrência de espasmos generalizados, porém podendo ingerir alimentos e água;
    sinais claros de tétano em cavalos
    Prolapso da terceira pálpebra
    • forte – quando o animal é capaz de ficar em pé, mas incapaz de andar, tem dificuldade em agarrar o alimento, engolir e ingerir água voluntariamente.
    • terminais – quando o animal estiver em decúbito, incapaz de ficar em pé e consumir alimentos, levando à recomendação da eutanásia.
      A morte geralmente ocorre por insuficiência respiratória restritiva e obstrutiva resultante da paralisia dos músculos respiratórios (FILIPPO et al., 2016).
    sinal de tétano em cavalos
    Cauda de bandeira, rigidez dos membros.

    A morte do animal ocorre entre 5 e 15 dias após os primeiros sintomaspor asfixia causada pelo paralisia muscular respiratóriafalta de comida e água e, por fim, pela acidose (THOMASSIAN, 2006).

    O diagnóstico é feito essencialmente através da exame clínico, história e quadro clínico apresentado pelo animal. No entanto, o diagnóstico laboratorial pode ser realizado pela demonstração da neurotoxina, esfregaço direto ou cultura anaeróbia do material da ferida e do baço (THOMASSIAN, 2006).

    Tratamento de tétano em cavalos

    O tratamento é baseado em:

    • Eliminar o agente etiológico;
    • Neutralizar a ação das toxinas;
    • Controlar espasmos musculares;
    • Realizar terapia de suporte.

    Inicialmente, o soro antitetânico é administrado por via intravenosa. A energia fornecida deve ser deglutição fácil.

    O animal deve ser mantido em ambiente escuro, isoladocubra os olhos e coloque algodão nos ouvidos para reduzir o ruído.

    Deve ser realizada drenagem e limpeza de feridas (ou lesões) com peróxido de hidrogênio, infiltração de Penicilina G ao redor dessas lesões (THOMASSIAN, 2006).

    Ribeiro et al., (2018) relata o tratamento em 70 equinos no Hospital Veterinário da Unesp, Botucatu em São Paulo, utilizando penicilina benzatina como antibiótico de escolha.

    Uma dose única de antitoxina tetânica foi administrada no primeiro dia de internação dos cavalos, além de hidratação intravenosa (IV) em animais incapazes de beber água, com soluções isotônicas.

    Profilaxia do tétano em cavalos

    Felizmente, o tétano é uma doença facilmente evitável. A profilaxia do tétano é feita através de:

    • Vacinação anual dos animais;
    • Uso de soro antitetânico antes da realização de procedimentos cirúrgicos ou após lesões que possam facilitar a infecção;
    • Evitar o contato de feridas profundas com o meio ambiente;
    • Cuidado com a assepsia dos instrumentos cirúrgicos e antissepsia das lesões;
    • Elimine objetos pontiagudos do ambiente onde o animal vive (LOBATO et al., 2013).

    LEMBRE-SE SE

    Este artigo tem apenas caráter informativo. SEMPRE procure um profissional!

    Aproveitando os estudos, confira nosso artigo sobre anatomia e fisiologia da reprodução da égua

    Referências

    DI FILIPPO, PA, GRACA, FAS, DA COSTA, APD, DOS SANTOS COUTINHO, I., & VIANA, IS Achados epidemiológicos e resposta ao tratamento de 25 casos de tétano em equinos na região Norte Fluminense, Rio de Janeiro.

    Revista Brasileira de Medicina VeterináriaP. 33-38, 2016.
    Guilfoile, P. & Babcock, H. (2008). tétano. Nova York, EUA: Chelsea House LOBATO, FCF, SALVARANI, FM, GONCALVES, LA, PIRES, PS, SILVA, ROS, ALVES, GG, … & PEREIRA, PLL Clostridioses de Animais de Produção. Veterinária e Zootecnia, v. 20, pág. 29-48, 2013.

    QUEVEDO, PEDRO DE SOUZA; LADEIRA, SL ; SOARES, MP MARCOLONGO-PEREIRA C. ; SALLIS, ES ; GRECO, FB; ESTIMA-SILVA, Pablo ; SCHILD, AL Tétano em bovinos no sul do Rio Grande do Sul: estudo de 24 focos. veterinário de pesquisa Brasil. v. 31, não. 12, pág. 1066-1070, dezembro de 2011.

    QUINN, PJ; MARKEY, BK, CARTER, ME, DONNELLY, WJ & LEONARD, F. Microbiologia Veterinária e Doenças Infecciosas. Porto Alegre: Artmed, 2005.Tetano, p. 95-98.

    RIBEIRO MG, NARDI JUNIOR G., MEGID J., FRANCO MMJ, GUERRA ST, PORTILHO.VR, RODRIGUES SA & PAES AC (2018). Tétano em cavalos: uma visão geral de 70 casos. Pesquisa Veterinária BrasileiraP. 285-293.
    SMITH, MO, 2006. Doenças do sistema nervoso, In: SMITH, BP (3ª Ed.), Tratado de medicina interna de grandes animais, Manole, São Paulo, p. 995-998.

    SILVA, AA; STELMANN, UJP; PAPA, JP; FONSECA, EPF; IGNACIO, FS Uso de Antitoxina Tetânica Intratecal e Intravenosa no Tratamento do Tétano Acidental em Equinos: Relato de Caso. Revista Científica Eletrônica Medicina veterinária, Ano VIII, nº. 14 de janeiro de 2010, Periódicos Semestrais.

    THOMASSIAN, ARMEN. doenças do cavalo 4ª Edição: Livra: São Paulo. Livraria Varela, 2005, 487p

    VERONESI, R.; FOCACCIA, R.; TAVARES, W.; MAZZA, CC; Tratado de Infectologia. Parte VI Bactérias e Micobactérias. editor científico Roberto Focaccia. (5. Ed). rev. e atual. — São Paulo: Editora Atheneu, 2015. p. 1373-1398.



    Fonte: Agro