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Por que usar consorciação de forragem na segunda safra?

Nos últimos anos, poucas culturas têm sido mais lucrativas para os agricultores do que a soja e o milho. Porém, nem sempre as condições climáticas permitem a semeadura da segunda safra em toda a área dentro da janela recomendada pelo Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC). Além disso, a sequência repetida dessas culturas pode trazer problemas agronômicos. Nesses casos, o consórcio de forragem de segunda safra é uma boa alternativa para o produtor.

Dependendo da combinação de espécies, é possível obter diferentes serviços ecossistêmicos, como aumento de matéria orgânica no solo, melhoria da microbiota, fixação biológica de nitrogênio, ciclagem de micro e macronutrientes, redução da população de ervas daninhas, descompressão do solo, mitigação de nematóides, entre outros. Há também a melhoria da qualidade da forragem para as áreas de integração lavoura-pecuária (ILP).

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A escolha das espécies a serem utilizadas no consórcio deve ser feita levando em consideração as necessidades agronômicas daquela parcela e as características edafoclimáticas da região. No Mato Grosso, pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril e da Universidade Federal de Mato Grosso – campus Sinop, vêm testando mais de 20 combinações de consórcios, sejam de duas espécies ou policonsórcios, com até seis materiais.

As braquiárias são as gramíneas mais utilizadas, com destaque para B. ruziziensis e B. brizantha, destacando-se as cultivares BRS Piatã e BRS Paiaguás. Devem ocupar no mínimo 70% (em matéria seca) do consórcio, podendo produzir mais de 10 toneladas de matéria seca por hectare, sendo que o mínimo recomendado para um bom sistema de plantio direto é em torno de 5 t/ha.

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Como a maioria dos consórcios ainda está em pesquisa ou validação, temos poucas publicações sobre eles. Porém, no Canal da Embrapa no YouTube, ao buscar por “Forage Consórcios”, é possível encontrar palestras ministradas em dias de campo com recomendações para vários deles. Destacaremos três consórcios abaixo:

Sistema Gravataí (capim + feijão-caupi)

Recomendado para o ILP, será pastoreado pelo “boi de safrinha”. Além de melhorar o teor de proteína bruta da dieta do animal, permitirá maior produção de massa de forragem e aumento de nitrogênio no solo. Após a colheita da primeira safra, o feijão-caupi deve ser semeado em linhas espaçadas de 0,5 m, com uma taxa de semeadura de 4 a 6 sementes por metro linear (80 a 120 mil plantas/ha). semeadura entre 3,5 a 5,5 kg/ha de sementes puras e viáveis, ou a lanço com 6 a 8 kg/ha de sementes puras e viáveis. Cerca de 40 dias depois, o gado deve ser inserido na área.

Grama + Crotalaria ochroleuca/C. spectabilis

Consórcios de Crotalaria ochroleuca ou C. spectabilis com gramíneas do gênero Brachiaria, como B. ruziziensis e B. brizantha Cvs. A BRS Paiaguás e a BRS Piatã têm como principais finalidades reduzir a população de nematóides do solo em áreas de soja, tanto no NT quanto no ILP, aumentar o nitrogênio no solo por fixação biológica (BNF), além de produzir forragem em grandes quantidades e de boa qualidade qualidade (valor nutritivo) no período seco do ano. C. spectabilis deve ser preferencialmente semeado diretamente em linhas espaçadas de 0,5 m, com 20 sementes/m linear (~7 kg/ha) ou a lanço, com 60 sementes/m2 (~10 kg/ha). Já a C. ochroleuca deve ser preferencialmente semeada a lanço, com 60 sem/m2 (~4 kg/ha) ou diretamente em linhas espaçadas de 0,5 m, com 20 sem/m lineares (~2,5 kg/ha) . Independente da crotalária, a braquiária pode ser semeada em linha, com taxa de semeadura entre 3,5 a 5,5 kg/ha de sementes puras e viáveis, ou a lanço com 6 a 8 kg/ha de sementes puras e viáveis. Nessas taxas de semeadura, a crotalária não ultrapassará 25% da matéria seca da forragem, podendo ser pastada diretamente pelo gado no ILP. Ainda poderão armazenar mais de 120 e 150 kg/ha de N na palha quando a leguminosa for, respectivamente, C. ochroleuca e C. spectabilis.

Relva com nabo forrageiro

O nabo forrageiro pode ser consorciado com gramíneas do gênero Brachiaria, como B. ruziziensis e B. brizantha Cvs. BRS Paiaguás e BRS Piatã. As principais finalidades são a ciclagem de nutrientes, notadamente o potássio (mais de 340 kg/ha de K2O armazenado na palha) e a descompactação do solo, principalmente nos primeiros 20 cm de profundidade, em áreas de soja tanto em SPD como em ILP, em além de produzir forragem em grande quantidade e de boa palatabilidade no período seco do ano. É possível misturar muito bem as duas sementes e semeá-las em linha (semeadura direta) ou a lanço, seguida de leve incorporação (grade niveladora fechada ou canivete). O nabo forrageiro (cultivares Siletina, AL 1000 ou IPR 116), semeado a lanço, deve fornecer aproximadamente 55 semanas/m2 ou 5 kg/ha. Já a braquiária pode ser semeada em linha, com taxa de semeadura entre 3,5 e 5,5 kg/ha de sementes puras e viáveis, ou a lanço com 6 a 8 kg/ha de sementes puras e viáveis.



Fonte: Agro

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