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Pico da safra, maior apetite e frigoríficos em alerta no longo prazo; veja o que move o mercado – Money Times

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Ciclo positivo do gado em maio deve resultar em maior oferta de carne bovina no Brasil e preços mais acessíveis (Imagem: Unsplash/Juliana Amorim)

o mercado de boi a gordura no Brasil sofreu os impactos do embargo às exportações de carne bovina para a China entre fevereiro e março, que durou cerca de um mês.

Para entender o cenário atual de preços, exportações e custos, além da oferta e demanda de carne bovina no Brasil, o Tempos Agro conversou com Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado e especialista em proteína animal.

Exportações

Até a segunda semana de abril, as exportações de carne bovina in natura, resfriada ou congelada do Brasil totalizaram 4.805,1 toneladas na média diária de embarques, uma queda de 42% em relação à média diária de 8.282,1 em abril do ano passado. Quando comparamos essa variação da receita, observa-se uma queda de 56,7%.

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Na avaliação de Iglesias, os números divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram um cenário anterior ao período atual.

“Ao analisarmos esses dados da Secex, que são divulgados semanalmente, devemos entender que esse é um quadro antigo para o mercado, são vendas que aconteceram de 30 a 40 dias atrás, então vemos com mais força a ausência da China naquele período . Os meses de abril e maio ainda serão difíceis nesses relatórios da Secex. Porém, devemos ver os embarques voltando ao normal na segunda quinzena de maio”, avalia Iglesias.

O analista explica que os preços da carne bovina no mercado internacional seguem em tendência de queda. “Saímos de um mercado com preços de US$ 7.500/t para um cenário de preços entre US$ 4.800/t-US$ 4.700/t. Assim, houve uma queda considerável no preço da proteína, o que influencia na receita de exportação e também deve influenciar na decisão dos frigoríficos na compra de gado”.

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Pico da safra de boi

O analista explica que estamos nos aproximando do auge da safra de gado vivo, que ocorre em maio, e se refere ao período de menor precipitação e menor capacidade de retenção por parte do pecuarista. Com isso, acaba a capacidade de dar ritmo às suas negociações e há uma urgência maior de vendas.

Esse período marca uma maior oferta de animais para abate e maior disponibilidade. Assim, 2023, na visão de Iglesias, é um ano de maior oferta de carne bovina no Brasil e preços mais acessíveis.

“Estamos chegando em um momento em que os pecuaristas não têm o mesmo fôlego para negociar, e isso resulta em maior oferta e melhores preços. O pico da safra do boi gordo é o período que marca os preços mais baixos ao longo do ano. Na verdade, o contrato de boi de maio na B3 é muito importante porque é um contrato de hedge (proteção), e o pecuarista pode usar para se proteger desse movimento de queda. Já vimos uma queda nas cotações em todo o país”, analisa.

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custo do boi magro

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor médio do boi gordo no estado de São Paulo é de R$ 3.552,12/cabeça, queda de 11,14% em relação a abril de 2022. A queda é explicada pela maior disponibilidade de animais .

“O pecuarista que trabalha com engorda compra o boi magro para acabar com ele antes de ser levado para o abate. Ou seja, essa queda no preço do boi magro significa que o mercado de reposição está mais barato, e esse é o momento do ciclo da pecuária que estamos vivendo, com isso a oferta de bezerros, de boi magro, aumenta, e os produtores estão conseguir adquirir mais animais”, diz Iglesias.

Há dois pontos interessantes, na visão do analista, ao observar essa queda nos preços do boi gordo, que se referem a arroba e custos de produção.

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“O pecuarista que está focado na engorda terá custos menores, porque a reposição está caindo
e, dentro da pecuária, o principal custo da atividade é a reposição. Mesmo com uma arroba mais baixa, em torno
de R$ 270-280 em São Paulo, isso não significa que os pecuaristas perderão margens. A queda do preço da arroba não representa perda de margem desde que acompanhada de queda de custos, e esse é o cenário atual”, destaca.

geladeiras

Para Iglesias, pecuaristas focados na pecuária devem enfrentar um cenário de baixa renda e rentabilidade. Para equilibrar o placar, ele vai descartar suas fêmeas.

“Assim, no curto prazo, haverá um aumento na oferta de carne bovina de produtos do abate, mas, no médio e longo prazo, a taxa de natalidade não acompanhará a demanda de reposição. Com isso, entramos nessa fase do ciclo de menor capacidade de produção, que deve acontecer entre o final de 2024 e o início de 2025. As decisões do pecuarista hoje terão impacto em 24-36 meses”, aponta.

Na avaliação do analista, o momento atual do pecuarista de engorda não é necessariamente de lucro menor, já que a queda da arroba não significa necessariamente perdas para o setor.

No entanto, esse cenário de menor capacidade de produção entre 2024 e 2025 deve significar matéria-prima mais cara para os frigoríficos no médio-longo prazo. No entanto, o momento atual é de custos menores para o setor.

Fonte: Noticias Agricolas

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