Para manter a rentabilidade da atividade em momentos de altos custos de produção, o produtor de leite deve buscar ferramentas que otimizam o seu negócio e torná-lo rentável.
Dentre tantas ferramentas de manejo que visam alavancar a produção láctea, uma das mais importantes é o período de involução total da glândula mamária e, posteriormente, sob influência hormonal do final da gestação, nova proliferação de células secretoras de leite (entre 45 e 60 dias antes do parto), chamado de período seco.
Além de otimizar a lactação subsequente, o período seco é um momento crucial do ciclo de lactação para a prevenção e controle da mastite (OLIVER e MITCHELL, 1983), uma das doenças mais onerosas da pecuária leiteira, devido ao seu efeito negativo na produção e qualidade do leite (SEEGERS et al, 2003 ) .
Hoje, nas propriedades produtoras de leite, são utilizadas duas formas de secagem das vacas no final da lactação:
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- Secagem abrupta e
- Secagem gradual ou intermitente.
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a secagem abrupta ocorre quando a ordenha diária normal termina em um dia definido, que normalmente é determinado pela data prevista do parto e a duração desejada do período.
Já a secagem gradual Caracteriza-se pela redução na frequência de ordenha das vacas ao longo de um período de dias, ou semanas, até a data prevista para o início do período seco (GOTI et al, 2017). Isso é o que mais se aproxima do comportamento natural das vacas, pois, na natureza, o bezerro diminui gradativamente a ingestão de leite antes do desmame.
Os dois métodos de secagem apresentam vantagens e desvantagens em sua aplicação prática no dia a dia da propriedade.
A secagem abrupta tem a principal vantagem reduza o gerenciamento da fazenda: no dia predeterminado, entre 45 e 60 dias antes do parto, a vaca que terminará a lactação não será mais ordenhada.
Mesmo com toda a praticidade desse método, traz a desvantagem de influenciar o sistema imunológicopodendo aumentar a CCS (Contagem de Células Somáticas) no início da lactação seguinte e não proporcionar conforto nos primeiros dias após a secagem, principalmente em vacas de alta produtividade.
Já o método de secagem gradual assemelha-se ao processo natural de redução da produção de leite, proporcionando conforto imediato para a vaca após a secagem, melhorando seu mecanismo de defesa. No entanto, tem o grande desvantagem de aumentar a gestão da propriedade perto da data de secagem.
Um estudo de Gott et al (2017) avaliou o efeito do método de secagem (abrupta ou gradual) na produtividade e CCS até 120 dias de lactação.
Os dois métodos são equivalentes em relação ao seu efeito na produção de leite e CCS na lactação subsequente. No entanto, vacas secas abruptamente, com alta produção de leite, apresentaram maior CCS.
Em outro estudo, Rajala-Schultz et al (2018) avaliaram os mesmos métodos de secagem sobre o comportamento de vacas leiteiras durante o período seco.
Neste estudo, a alta produção de leite antes da secagem reduziu o tempo de descanso diário das vacas, principalmente das primíparas, sugerindo que o método de secagem gradual favorece a redução da produção de leite na ordenha finalproporcionando maiores períodos de descanso em relação às vacas que foram secas abruptamente.
Novas práticas de manejo, sem certeza exata de seus efeitos benéficos sobre o rebanho, desestimulam os produtores a colocá-las em prática na propriedade (GOTI et al, 2017). Um exemplo claro dessa afirmação é que mais de 90% dos produtores de leite dos EUA usam o método de secagem rápida em seus rebanhos (LOMBARD et al., 2015).
O que podemos concluir é que os dois métodos de secagem (abrupta e gradual) são equivalentes em relação aos efeitos sobre a produção de leite e saúde do úbere na lactação posterior ao período seco, sendo que a secagem abrupta promove maior facilidade de manejo.
Embora, vacas secas gradualmentesão beneficiados por reduzir o risco de exposição a estressoreso que pode prejudicar seus mecanismos de defesa e predispor a infecções ou doenças, como distúrbios metabólicos durante o período de transição.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
