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Pecuarista já pode ser um bom gestor • Portal DBO

    Pecuarista ja pode ser um bom gestor • Portal DBO

    Uma das palavras que os pecuaristas mais ouvem é manejo, uma “coisa” complicada que eles sabem que têm que fazer, mas quanto mais sabem, mais distantes parecem ficar.

    Tudo isso por números que parecem brotar mais que grama, indicadores que cercam mais que moscas e métricas cuja fita métrica parece nunca dar conta. No entanto, especialistas dizem que é possível dominar este mundo e aumentar a lucratividade da pecuária.

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    Foi o que se ouviu e o que se pode concluir do último episódio “Prosa de Pecuária” de 2022, programa veiculado mensalmente pelo Instituto Desenvolvimento Pecuária no YouTube. O tema do dia 8 de dezembro foi “Livestock Metrics”, apresentado pelo Grupo de Trabalho Pecuária do Amanhã (GTPA); Clique aqui🇧🇷

    O GTPA é outro programa do Centro de Tecnologia Pecuária (CTPEC), da Unipampa, em Uruguaiana (RS), que trabalha com bovinocultura de corte, com foco na produção animal, manejo e extensão rural. Atualmente trabalha com 27 empresas, em 95,7 mil hectares e 93,5 mil bovinos.

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    Revista DBO | Quais indicadores observar para o bom manejo da fazenda?

    Aproximando-se da boa gestão – Mas a questão é como eles desenvolvem um modelo de gestão? Tudo acontece com base em indicadores de cada propriedade, comparando com outras com o mesmo modelo de produção. Isto é: através avaliação comparativa, um conceito importado, mas um comportamento comum das pessoas.

    Que pecuarista nunca parou na cerca da divisa com o vizinho e observou, por exemplo, algo como o bezerro do parceiro ter pelo menos uma arroba a mais? Portanto, esta comparação trazida à compreensão nos últimos detalhes e fatores é avaliação comparativa. Quanto maior o universo de comparação, melhor.

    Foto: Divulgação

    Segundo o coordenador do CTPEC, professor Ricardo Pedroso Oaigen, formado pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), o médico veterinário especialista, mestre e doutor em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), “esse entendimento é a base de tudo”🇧🇷

    É um processo contínuo e sistemático que permite a comparação de desempenho entre as entidades. A nível estratégico, ajuda a estabelecer padrões de desempenho. No nível operacional, entender os melhores métodos e práticas para atingir as metas e objetivos propostos.

    Uma ampla gama de indicadores – Para tanto, a gestão pressupõe um bom banco de dados formado a partir de informações de qualidade, bem como um sistema de controle eficiente. Bons técnicos, hardware e Programas são grandes aliados no processo de obtenção de um bom manejo, mas não suprimem os bons olhos do criador.

    Se na ficção acima o pecuarista prestou atenção no maior peso (desenvolvimento) da novilha recém desmamada da vizinha, sem causar alarme, o leitor pode analisar a tabela abaixo e conferir todos os indicadores que o GTPA trabalha com seus assistidos. O peso é importante, porém, ainda mais associado a outros números.

    portaldbo indicadores
    Imagem: Reprodução

    A boa notícia é que não é necessário calcular todos esses indicadores para caminhar para uma boa gestão. Se o obstáculo não for a falta de vontade de trabalhar, abraçar algumas métricas iniciais vai, a curto e médio prazo, elevar a rentabilidade do negócio para um patamar superior, o que é um motivador para o avanço de uma gestão mais complexa.

    Mas quais são as principais métricas? 🇧🇷 O GTPA, segundo Oaigen, tem como premissa o compartilhamento de experiências, tanto nas vitórias quanto nas derrotas, pois ambas geram grande aprendizado; além de, ao mesmo tempo, estimular discussões técnicas dentro do ambiente produtivo, ou seja, nas próprias fazendas, sempre com forte foco na gestão.

    Dentre os indicadores iniciais, na operação de criação, é preciso elevar a taxa de prenhez, taxa de desmame, desmame (perdas reprodutivas entre o toque até o período de desmame – no Brasil, esse percentual estimado está entre 10 e 15%), quilos desmamados /vaca e taxa de desmame.

    Da recria à engorda, aparecem GMD (ganho de peso médio diário), carga animal (lotação), ganho de peso, peso de abate, rendimento de carcaça e conversão alimentar; sendo os dois últimos apenas estimados, devido às dificuldades de um cálculo mais efetivo em campo.

    Mas em qualquer sistema ainda é possível medir produtividade/ha, lotação, eficiência do rebanho, mortalidade (pós-desmame) e GMD global (todas as categorias). Vale lembrar que o GTPA classifica as propriedades em modelos produtivos, da seguinte forma:

    * G1 para ciclo completo com genética;

    * G2 para recria e terminação;

    * G3 para ninhadas e até ninhadas com ninhadas inacabadas;

    * G4 para ciclo completo.

    Olhando para finanças e economia de negócios – Do lado dos indicadores econômicos, há também indicadores iniciais: custo total de produção/ha, receita líquida/ha, produtividade, rentabilidade (em diferentes formas de cálculo, como receita líquida/patrimônio líquido – terra, gado, máquinas, implementos, etc.) e Ebitda Ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) (incluindo valorização ou depreciação do rebanho).

    Mais uma sugestão para indicadores importantes são:

    * desembolso cabeça mensal (reposição em R$/cab);

    * Ganho Médio Diário (ADG, em kg/dia);

    * valor de venda (R$/kg PV);

    * lotação (AU/ha);

    * resultado do valor do terreno (>4% AA);

    * resultado no valor do rebanho (>12% AA);

    * margem hectare/ano (R$/ha).

    Para se ter uma ideia, segundo o coordenador do CTPEC, uma vez implementada na fazenda uma boa avaliação dos indicadores sugeridos, o próximo passo para um manejo mais estruturado é olhar para os outros que surgem naturalmente, apenas com o cruzamento correto entre os os que existem.

    “É possível gerar outras leituras como número de bois por funcionário da fazenda; rotatividade de funcionários (percentual desejado abaixo de 30%); kg PV/ha (desejável >150kg PV/ha); eficiência de estoque (em %, produção de carne/estoque inicial); ADG Global (todas as categorias de animais); custo total (R$/ha); lucro líquido (R$/ha com arrendamento); custo por quilo produzido (R$/kg); lucratividade (em % lucro líquido/receita). E por aí vai…”.

    Fonte: Portal DBO