Pular para o conteúdo

Pecuária regenerativa reduz emissões

    Criação de gado

    Pecuária Regenerativa: diminuindo emissões e ampliando a biodiversidade

    Um relatório a respeito da prática de Pecuária Regenerativa na América Latina e Caribe mostra como diminuir as emissões de gases liberados pela pecuária, como fazer da criação de bovinos um componente da regeneração da biodiversidade e como ampliar a oferta de alimentos indispensáveis à saúde humana. O relatório, realizado pela USP, traz dados surpreendentes e revela estratégias inovadoras para tornar a pecuária mais eficiente e sustentável.

    Gostou das nossas dicas? Possui alguma outra que gostaria de compartilhar com a gente?

    Patrocinadores

    Sumário:

    1. PECUÁRIA REGENERATIVA

    1.1 Apecuária bovina energeticamente ineficiente

    1.2 Pecuária praticada no Uruguai, Argentina e regiões de pastagens naturais

    2. PECUÁRIA NA AMAZÔNIA

    2.1 Necessidade de redução da superfície de pastagem e introdução de leguminosas

    2.2 Associação entre pecuária bovina e desmatamento

    3. VISÃO NEGATIVA

    3.1 Associação entre pecuária e desmatamento

    3.2 Políticas de crédito rural do Brasil

    3.3 Consumo exacerbado de carne ao redor do mundo

    4. EMISSÃO DE GASES

    4.1 Estudos de ciclo de vida da produção de carne bovina

    4.2 Impacto das pastagens na redução de emissões de gases

    Relatório fala em como fazer da criação de bovinos um componente da regeneração da biodiversidade

    Um relatório a respeito da prática de Pecuária Regenerativa na América Latina e Caribe mostra como diminuir as emissões de gases liberados pela pecuária, como fazer da criação de bovinos um componente da regeneração da biodiversidade e como ampliar a oferta de alimentos indispensáveis à saúde humana.  Eis a íntegra do relatório (PDF – 555 kB).

    Patrocinadores

    Ricardo Abramovay, professor titular da Cátedra Josué de Castro da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) dedicada à produção de conhecimento sobre sistemas alimentares e um dos autores do relatório, comenta a respeito da prática de pecuária regenerativa.

    PECUÁRIA REGENERATIVA

    Segundo Abramovay, alguns elementos contra intuitivos –revelados pelo estudo realizado– vêm à tona quando o assunto é pecuária regenerativa. Considera-se, por exemplo, a pecuária bovina energeticamente ineficiente, porque é preciso ingerir uma quantidade muito grande de calorias vegetais para produzir uma caloria animal. “Mas os bovinos são capazes de digerir alimentos vegetais que nós, animais monogástricos, não somos capazes de digerir”, aponta.

    Dessa forma, a pecuária praticada no Uruguai, na Argentina, nos pampas, e em regiões de pastagens naturais usa componentes de baixo custo de oportunidade da alimentação natural; ou seja, se esses alimentos não fossem oferecidos para os bovinos, não haveria quase nenhuma outra utilidade. “É diferente do milho e da soja, que são alimentos que podem ser consumidos por seres humanos, então tem um alto custo de oportunidade”, explica o professor. Além disso, a pecuária desempenha funções ecossistêmicas muito importantes.

    PECUÁRIA NA AMAZÔNIA

    De acordo com Abramovay, na Amazônia, há 26 milhões de cabeças de gado, o que corresponde a 40% do rebanho bovino brasileiro. Esse território abarca não só o território do Brasil, mas também a Amazônia colombiana. Se fosse possível escolher, hoje em dia, o professor diz que não seria adequado estabelecer práticas pecuaristas na Amazônia. Portanto, a solução é reduzir drasticamente a superfície de pastagem do território e introduzir leguminosas e plantas arbóreas nessa paisagem, de maneira a enriquecer a biodiversidade e contribuir para a captação de gases de efeito estufa.

    Atualmente, há uma imensa desvantagem, que é a associação entre pecuária bovina e desmatamento. Porém, o professor acredita que é possível transformar esse cenário em um trunfo, caso a pecuária seja bem manejada; 70% da pecuária dos Estados Unidos é estabulada e os animais consomem grãos que poderiam ser consumidos por seres humanos. Já no Brasil, só 16% da prática é estabulada. “Se isso for bem manejado, é uma oportunidade extraordinária para reduzir as emissões e aumentar a oferta de produtos de qualidade”. A pecuária a pasto estimula e favorece o bem-estar animal nas pastagens, justamente porque não estão estabulados.

    VISÃO NEGATIVA

    Muitas pessoas ainda enxergam a pecuária como uma prática altamente nociva e um dos motivos é a associação entre pecuária e desmatamento. O professor comenta que não é possível dissociar as emissões de metano da produção pecuária, já que o gás poluente é produzido organicamente pelos bois. Entretanto, a pecuária e o desmatamento não podem ser entendidos como práticas semelhantes. 

    Outro motivo que justifica a visão negativa que algumas pessoas têm dessa prática tem relação com as políticas de crédito rural do Brasil, que favorecem a aquisição de animais. De acordo com Abramovay, o país deveria oferecer políticas de crédito que favoreçam o manejo da alimentação desses animais com base em pastagem, e que seja uma prática que preste serviços ecossistêmicos.

    Além disso, o professor fala em outro motivo: o consumo exacerbado de carne ao redor do mundo. O Brasil, por exemplo, é o 3º maior consumidor de carne bovina do mundo. “Isso não é bom para a saúde humana. Nós temos que consumir proteínas numa proporção adequada às nossas necessidades metabólicas”, comenta. É possível compatibilizar as necessidades metabólicas dos humanos à oferta de serviços baseados na preservação de serviços ecossistêmicos. Entretanto, se a ideia for aumentar a produção à medida que o consumo aumenta, então nenhum método de criação será sustentável.

    EMISSÃO DE GASES

    Abramovay comenta que 86% dos estudos de ciclo de vida da produção de carne bovina em que o IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change –sigla em inglês para “Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas”) se baseia para medir as emissões que vêm da Europa e dos Estados Unidos, locais em que o gado é predominantemente estabulado. 

    “O que não se leva em consideração, no caso das pastagens, é que as pastagens, ao crescerem, absorvem gás de efeito estufa, e pastagens mais bem manejadas com introdução de leguminosas têm a propriedade de reduzir o uso de produtos químicos e de agrotóxicos, além do crescimento das árvores das pastagens”. No momento em que a medição da emissão de gases poluentes nas criações a pasto é medido, o resultado é diferente da medição registrada nos outros tipos de pecuária.


    Com informações do Jornal da USP

    Um relatório sobre a prática de Pecuária Regenerativa na América Latina e Caribe foi divulgado, destacando a importância de reduzir as emissões de gases liberados pela pecuária, promover a regeneração da biodiversidade e ampliar a oferta de alimentos essenciais para a saúde humana. O relatório completo pode ser acessado através deste link. Ricardo Abramovay, professor titular da Cátedra Josué de Castro da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e um dos autores do relatório, comentou sobre a prática de pecuária regenerativa.

    PECUÁRIA REGENERATIVA

    Abramovay destaca que a pecuária bovina é considerada energeticamente ineficiente, uma vez que é necessário consumir uma grande quantidade de calorias vegetais para produzir uma caloria animal. No entanto, os bovinos possuem a capacidade de digerir alimentos vegetais que outros animais, como os seres humanos, não conseguem. Ele destaca também que a pecuária praticada em regiões de pastagens naturais utiliza componentes de baixo custo de oportunidade da alimentação natural, ou seja, alimentos que não têm muita utilidade além de servir como alimento para os bovinos. Isso é diferente do milho e da soja, que são alimentos que podem ser consumidos pelos seres humanos e possuem um alto custo de oportunidade. Além disso, a pecuária desempenha funções ecossistêmicas importantes.

    PECUÁRIA NA AMAZÔNIA

    Abramovay destaca que na Amazônia existem cerca de 26 milhões de cabeças de gado, correspondendo a 40% do rebanho bovino brasileiro. Porém, ele acredita que não seria adequado estabelecer práticas pecuárias na Amazônia, devido à associação entre pecuária e desmatamento. Ele defende a redução da superfície de pastagem na região e a introdução de leguminosas e plantas arbóreas para enriquecer a biodiversidade e contribuir para a captura de gases de efeito estufa.

    A atual associação entre pecuária bovina e desmatamento é um problema, porém Abramovay acredita que é possível transformar essa situação em uma oportunidade, desde que a pecuária seja bem manejada. Ele destaca que nos Estados Unidos, 70% da pecuária é estabulada, ou seja, os animais consomem grãos que poderiam ser consumidos pelos seres humanos. No Brasil, apenas 16% da pecuária é estabulada. Ele enfatiza que se bem manejada, a pecuária a pasto pode estimular e favorecer o bem-estar animal nas pastagens.

    VISÃO NEGATIVA

    Muitas pessoas ainda têm uma visão negativa da pecuária, principalmente devido à associação entre pecuária e desmatamento. Abramovay destaca que as emissões de metano associadas à produção pecuária são inevitáveis, uma vez que o gás é produzido organicamente pelos bois. No entanto, ele ressalta que a pecuária e o desmatamento não podem ser considerados práticas semelhantes.

    Outro motivo para a visão negativa da pecuária está relacionado às políticas de crédito rural do Brasil, que favorecem a aquisição de animais. Abramovay defende a implementação de políticas de crédito que incentivem o manejo da alimentação dos animais com base em pastagem, de forma a fornecer serviços ecossistêmicos. Além disso, ele menciona o consumo excessivo de carne no mundo e destaca a importância de consumir proteínas de acordo com as necessidades metabólicas, equilibrando as necessidades dos humanos com a preservação dos serviços ecossistêmicos.

    EMISSÃO DE GASES

    Abramovay comenta que a maioria dos estudos sobre as emissões de gases na produção de carne bovina se baseia em dados da Europa e dos Estados Unidos, onde o gado é predominantemente estabulado. Ele destaca que o crescimento das pastagens absorve gases de efeito estufa e que pastagens bem manejadas, com a introdução de leguminosas, podem reduzir o uso de produtos químicos e agrotóxicos, além de promover o crescimento das árvores nas pastagens. Portanto, as medições das emissões de gases nas criações a pasto têm resultados diferentes das medições registradas em outros tipos de pecuária.

    Com informações do Jornal da USP

    Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo

    O que é Pecuária Regenerativa?

    A pecuária regenerativa é uma prática que busca diminuir as emissões de gases liberados pela pecuária, fazer da criação de bovinos um componente da regeneração da biodiversidade e ampliar a oferta de alimentos indispensáveis à saúde humana.

    Por que a pecuária bovina é considerada energeticamente ineficiente?

    A pecuária bovina é considerada energeticamente ineficiente porque é preciso ingerir uma quantidade muito grande de calorias vegetais para produzir uma caloria animal. No entanto, os bovinos são capazes de digerir alimentos vegetais que nós, animais monogástricos, não somos capazes de digerir.

    O que difere a pecuária praticada no Uruguai, na Argentina e em regiões de pastagens naturais?

    A pecuária praticada no Uruguai, na Argentina e em regiões de pastagens naturais utiliza componentes de baixo custo de oportunidade da alimentação natural. Ou seja, se esses alimentos não fossem oferecidos para os bovinos, não haveria quase nenhuma outra utilidade. Isso é diferente do milho e da soja, que são alimentos que podem ser consumidos por seres humanos e possuem um alto custo de oportunidade.

    Qual é a relação entre a pecuária e o desmatamento na Amazônia?

    A Amazônia possui 26 milhões de cabeças de gado, o que corresponde a 40% do rebanho bovino brasileiro. Atualmente, a associação entre pecuária bovina e desmatamento é uma grande desvantagem. No entanto, é possível transformar esse cenário em um trunfo, reduzindo a superfície de pastagem e introduzindo leguminosas e plantas arbóreas, enriquecendo a biodiversidade e contribuindo para a captação de gases de efeito estufa.

    Por que a pecuária ainda é vista de forma negativa por muitas pessoas?

    Muitas pessoas enxergam a pecuária como uma prática altamente nociva, principalmente por sua associação com o desmatamento. Além disso, as políticas de crédito rural no Brasil favorecem a aquisição de animais, em vez de incentivar o manejo da alimentação com base em pastagem, que prestaria serviços ecossistêmicos. Outro motivo é o consumo exacerbado de carne ao redor do mundo, o qual não é benéfico para a saúde humana.

    O que difere a emissão de gases poluentes nas criações a pasto das outras formas de pecuária?

    As pastagens, ao crescerem, absorvem gás de efeito estufa, e pastagens mais bem manejadas, com introdução de leguminosas, têm a propriedade de reduzir o uso de produtos químicos e de agrotóxicos. Portanto, a medição da emissão de gases poluentes nas criações a pasto é diferente da medição registrada nos outros tipos de pecuária.


    Relatório fala em como fazer da criação de bovinos um componente da regeneração da biodiversidade

    Um relatório a respeito da prática de Pecuária Regenerativa na América Latina e Caribe mostra como diminuir as emissões de gases liberados pela pecuária, como fazer da criação de bovinos um componente da regeneração da biodiversidade e como ampliar a oferta de alimentos indispensáveis à saúde humana. Eis a íntegra do relatório (PDF – 555 kB).

    Ricardo Abramovay, professor titular da Cátedra Josué de Castro da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) dedicada à produção de conhecimento sobre sistemas alimentares e um dos autores do relatório, comenta a respeito da prática de pecuária regenerativa.

    Verifique a Fonte Aqui