Um estudo publicado em revista Naturezaem 2019, estimou que o mundo perde, em média, 22,5% da produção dos cinco alimentos mais produzidos no mundo (arroz, trigo, soja, milho e batata) para pragas agrícolas. Após décadas de evolução e do uso desenfreado de pesticidas, o mundo reconhece mais uma vez a importância do manejo biológico de pragas para garantir a sustentabilidade ambiental.
Os produtos químicos e os pesticidas são essenciais para garantir uma elevada produtividade num mundo onde a procura de alimentos só aumenta. Porém, o uso excessivo e a aplicação acima da indicação causam uma série de danos ao meio ambiente e à saúde humana, podendo até fortalecer os parasitas.
Grandes áreas de monocultura constantemente expostas ao controle químico podem gerar pragas e doenças resistentes a pesticidas. Como resultado, é necessário utilizar produtos cada vez mais agressivos, reduzindo a produtividade e aumentando os riscos ambientais. Nesse contexto, o controle biológico volta a ser um fator importante na equação, seja como único agrotóxico utilizado ou para compor uma estratégia de defesa junto aos agrotóxicos químicos.
O que é manejo biológico?
O manejo ou controle biológico (BC) é uma tática de manejo de pragas e doenças que afetam as culturas agrícolas, que se caracteriza pela utilização de organismos vivos para controle de pragas e patógenos. Seu principal objetivo é controlar pragas utilizando seus inimigos naturais.
A partir deste princípio, foram desenvolvidas diversas técnicas que podem recorrer a macro ou microorganismos. Os diferentes métodos de controle biológico podem ser divididos em três modalidades principais: parasitismo, predação e patogenicidade.
O parasitismo consiste na liberação de organismos que utilizarão o corpo de organismos pragas como hospedeiros. Assim, o parasitóide pode não causar a morte imediata da praga, mas utiliza seu ciclo de vida para explorar recursos. Este método diminui a população de pragas a longo prazo e garante a continuidade do ciclo de vida dos organismos que controlam os parasitas.
A predação é a liberação de organismos que consomem pragas, sejam insetos e ácaros ou plantas doentes. Os predadores podem ser locais e naturais ou organismos trazidos de diferentes locais que se alimentam da praga em questão.
Finalmente, a patogenicidade é um método de controle biológico que utiliza microrganismos. São aplicados na cultura e infectam hospedeiros como fungos, bactérias, vírus ou outros agentes biológicos e, com o tempo, os seres infectados (insetos, vírus ou plantas) morrem.
Como é feito o controle biológico?
A CB pode ser realizada de algumas maneiras principais, incluindo controle biológico clássico, conservador ou natural, e aplicado.
No controlo biológico clássico, um inimigo natural da praga é importado e libertado em pequenas quantidades (libertações inoculativas) nas culturas. Novas solturas podem ocorrer conforme a necessidade, mas a tendência é que o predador se reproduza e mantenha sua população, por isso esta é considerada uma medida de longo prazo.
O controle biológico conservador ou natural trata da prática de subsidiar o desenvolvimento de uma população predatória de pragas já existente na região. Dessa forma, sua população aumenta e, consequentemente, consome mais do alvo, reduzindo a população da praga.
Este método é mais sustentável, pois não insere organismos de outros ecossistemas da região. Para preservar esses inimigos naturais, podem ser utilizados produtos fitossanitários, além de fornecer fontes de alimento e manter habitats naturais.
No controle biológico aplicado, grandes quantidades de agentes de controle (inundativos) são liberadas na região afetada pela praga. Este método proporciona um controle mais rápido e pode ser executado independentemente do tamanho da área. O controle aplicado de seres microbiológicos é semelhante, em técnica, aos métodos de aplicação de defensivos químicos.
No Brasil, cerca de 60% dos produtos destinados ao controle biológico estão relacionados a agentes microbiológicos.
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Vantagens e desvantagens do controle biológico
O manejo biológico de pragas se destaca principalmente pela proteção ambiental. Ao não causar maiores desequilíbrios nos ecossistemas, protege o ambiente e a biodiversidade. Além disso, não oferece riscos de contaminação à saúde humana e não gera pragas-alvo resistentes.
Quando programado e monitorado por profissionais, o efeito do controle biológico é muito mais duradouro, reduzindo custos com agrotóxicos e perdas de produção.
Apesar dos benefícios, o controle biológico também apresenta desvantagens em comparação aos métodos mais comuns de controle de pragas. Uma das principais reclamações dos produtores rurais é o tempo para os resultados ocorrerem.
Uma boa estratégia de BC também requer conhecimento técnico ou aconselhamento profissional, o que, com a necessidade de gestão, pode causar alguns gastos inesperados.
Uma das principais dificuldades para a implementação do controle biológico é a tradição. Muitos produtores resistem à ideia de “criar” organismos que se tornarão predadores, e preferem eliminá-los.
Por fim, o controle biológico também sofre com fatores externos, eventos climáticos extremos (temperatura, luz, chuva, etc.) podem afetar as populações. Estes também podem sofrer e ter seus números reduzidos pela influência dos produtos fitossanitários aplicados na região.
Como aplicar o controle biológico na sua propriedade?
É indicado que o desenho da estratégia de controle biológico e sua aplicação sejam realizados por profissionais qualificados ou consultorias. Os profissionais analisarão as principais pragas alvo e aplicarão o melhor produto para a região.
Dependendo do tamanho e tipo de plantio, além dos objetivos do produtor, pode ser indicada uma estratégia que misture o controle biológico com produtos fitossanitários.
Fonte: Embrapa, Revista Nature, EMDAGRO Sergipe
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2457600verificação de cookiesO que é o manejo biológico de pragas e como ele é aplicado?
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