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Mato Grosso aposta na produção de cacau na agricultura familiar

    cacau em mato grosso - agricultura familiar

    Equipes da Empaer, Seaf e outros representantes de MT visitaram o estado vizinho para visitar propriedades rurais de referência nas cadeias do cacau, leite e café

    O planejamento e a gestão são algumas das questões-chave no plantio de cacau para obter grãos de qualidade e com valor agregado. Para isso, é preciso considerar as variedades/clones de cacau, produção de mudas, técnica de enxertia, sistema de irrigação, poda de formação, tipos de pragas, fungos e ácaros. Esse é um pouco do conhecimento trazido pela comitiva da “Expedição de Mato Grosso a Rondônia: do cacau ao chocolate, do leite ao café” e que será multiplicado aos produtores mato-grossenses para a expansão da lavoura na agricultura familiar no Estado.

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    “O cacaueiro começa a produzir a partir do terceiro ano, mas algumas particularidades devem ser seguidas, como, por exemplo, que as mudas sejam compradas de um viveiro certificado. A planta precisa de sombreamento e uma das melhores lavouras é a banana, embora haja outras opções”, explicou o Agente de Negócios do Senar, Leandro Ezequiel Oliveira, que orientou e acompanhou a comitiva, e enfatizou que a lavoura é promissora.

    A expedição levou a Rondônia uma delegação de 40 pessoas, incluindo representantes da Empaer (Empresa de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural de Mato Grosso), Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (Seaf), Prefeitura de Aripuanã, agricultores familiares, indígenas, um representante do Consórcio do Vale do Juruena, e da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

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    ¿A iniciativa faz parte do projeto “Sistemas Agroflorestais Manejados Participativamente com Tecnologias Agroecológicas”, realizado pela Empaer, em parceria com a Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (Seaf), Prefeitura de Aripuanã, e apoiado pelo Programa REM. A visita de intercâmbio ocorreu entre os dias 14 e 21 de maio.

    O empresário, que também ajudou a construir a rota, também destacou a importância da análise do solo, que precisa ser realizada anualmente. Cada variedade de cacau tem sua forma de poda e tempo adequado para realizá-la. Ele ressaltou a importância de ter outras variedades na mesma área, mas de forma que possam ser identificadas para evitar que qualquer infestação de pragas comprometa todas as plantas.

    “Rondônia ainda caminha para se tornar um destaque nacional, com Bahia, Pará e Espírito Santo sendo referências. Como você, também fomos aprender com eles. Nessa troca de conhecimento, já começamos a colher resultados positivos em competições nacionais e internacionais. Vencemos o Concurso Nacional de Qualidade e Sustentabilidade do Cacau Especial no Brasil e fomos classificados para participar do “Cacau de Excelência (CoEx)”, premiação internacional realizada anualmente em Paris, na França, em setembro”, disse.

    Na primeira visita às propriedades, a comitiva foi recebida por Antônio Ferreira Luca e Marinilza Luiza Ferreira, que produzem cacau há 17 anos, mas após a assistência técnica que orientou a substituição de plantas antigas por clones, a produção triplicou. “Aqui somos acompanhados pelo Senar que, além de orientar o caminho certo, também auxilia na gestão do negócio. São mil fruteiras, que estão produzindo bem e com investimento já construímos uma casa de fermentação com cochos de madeira de jaca, a mais indicada porque não deixa resíduo nem cheiro”.

    A segunda experiência foi com a vencedora do Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Cacau de Rondônia, a professora aposentada e cacauicultora Maria do Carmo Ferreira. Sua plantação de 1.800 pés de cacau começou de forma despretensiosa e para os netos que cresceram nas terras da propriedade. “Ganhar este prêmio trouxe novas perspectivas. Hoje, minha meta é produzir amêndoas de qualidade que só consegui graças à orientação técnica. Viver do cacau é possível e seu retorno já acontece há mais de 30 anos”.

    O grupo também conheceu José Nonato, o popular Zé Lucas, de 99 anos. Em sua propriedade, com quatro mil árvores frutíferas, ele produz de forma ordenada com controle de pragas e irrigação. Lúcido e comunicativo, ele conta que produz cacau desde 1978, mas há poucos anos, junto com os filhos – resolveram investir na lavoura e estão tirando a renda da família com a venda da polpa e da amêndoa. “Nosso cacau produz o ano todo. É uma cultura que exige cuidado, mas o retorno do investimento é certo. Eu recomendo”.

    No município de Jaru, vencedor do concurso nacional, Deoclides Pires da Silva, juntamente com seus familiares, recebeu a equipe em sua propriedade de 1.305 hectares de cacau. Ele é atendido pela Emater-RO, sob a assistência técnica de Francisco Hildemburg, popular Chiquinho da Emater. Ele escolheu cultivar a variedade CCN51, mas algumas pessoas torceram o nariz para a escolha. “Não sabia que essa variedade tinha fama de não produzir bom chocolate, apesar de ser um cacau de alto rendimento e fácil de manusear, mas não é aceito na região da Bahia”.

    Segundo o cacauicultor, ele descobriu por meio de especialistas que em Rondônia o perfil sensorial é diferente, ou seja, uma variedade que não é bem vista no Nordeste do Brasil pode fazer sucesso no Norte do país. “Mas, além disso, nosso cuidado e dedicação fizeram toda a diferença para que o resultado fosse positivo”, pontua.

    A comitiva, que tinha como objetivo lançar a primeira marca de chocolate da agricultura familiar de MT, também participou de uma degustação com a agrônoma e confeiteira Jhanne Franco. Formada em chocolate, ela produz chocolates com cacau de Rondônia e defende que seu produto é fino, de qualidade e livre de corantes, gorduras saturadas e aromas artificiais. “Nossa missão é mostrar o chocolate como alimento e com o lema – Chocolates fazem bem”, reforça.

    Por Maricelle Lima Vieira | Empaer-MT

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    Fonte: Noticias Agricolas