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Mercado de insumos biológicos deve chegar a US$ 18,5 bilhões até 2026

Exportações de café de janeiro a junho de 2022 aumentaram quase 58% em relação ao ano anterior e a qualidade dos grãos, aliada a práticas sustentáveis, é exigência de vários países

Segunda bebida mais consumida no mundo, atrás apenas da água, o café tem importância histórica para o Brasil. Desde a década de 1830, é um dos principais produtos da economia brasileira, colocando o Brasil na posição de maior exportador e produtor de café do mundo. Mas, embora o consumo tenha aumentado progressivamente, ao longo dessa trajetória as demandas dos consumidores globais mudaram.

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As pessoas buscam produtos de qualidade que não apenas preservem sua saúde, mas também o meio ambiente. E para atender a essas demandas de forma eficiente, toda a cadeia, dos reguladores aos agricultores, está caminhando para criar métodos de produção de alimentos mais sustentáveis. Uma das alternativas, que vem apresentando excelentes resultados, é o manejo biológico com uso de bioinsumos para manter o plantio seguro, sustentável e rentável.

Mercado biológico – E o movimento do mercado está apenas começando. De acordo com pesquisa recente divulgada pela Research and Markets, o mercado de insumos biológicos deve movimentar US$ 18,5 bilhões até 2026. Se a projeção se confirmar, o setor teria um crescimento de 74% em apenas quatro anos em comparação com os US$ 10,6 bilhões valores atuais. “É um mercado que só tende a crescer e não tem volta. Os agricultores, que não sabem, vão perder mercado e a um ritmo muito rápido. Não é apenas uma exigência do mercado nacional, mas mundial. No entanto, que nos dias 5 e 6 de outubro, vamos organizar o III Simpósio Brasileiro de Manejo Biológico da Cultura Cafeeira”, em Franca (SP)”, enfatiza o diretor executivo da AG Consultoria e Pesquisa Agronômica, Alessandro Guieiro.

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Saúde e Sustentabilidade – A escolha do que a população mundial colocou no prato e no copo leva cada vez mais em conta o equilíbrio entre saúde e meio ambiente. Nesse cenário, a opção por produtos orgânicos e economicamente sustentáveis ​​está cada vez mais presente. Portanto, o manejo biológico da cultura do café torna-se uma alternativa viável, como um caminho que se abre para aliar saúde e sustentabilidade.

Essas mudanças são necessárias não só para o meio ambiente, mas também para a saúde da população e a segurança alimentar. Estudos atuais apontam para um contraponto entre produção de alimentos e segurança alimentar. Dados da ONU indicam que a fome atinge 9,8% da população global, ou seja, 2,3 bilhões de pessoas em todo o mundo estão em insegurança alimentar moderada ou grave. Ao mesmo tempo, o pesquisador Sam Myers, diretor da Planetary Health Alliance da Harvard Chan School, descobriu que quando culturas alimentares como trigo, milho, arroz e soja são expostas ao CO2 em níveis previstos até 2050, as plantas perdem até 10 % do seu zinco, 5% do seu ferro e 8% do seu teor de proteína.

É importante ressaltar que são nutrientes essenciais para a saúde das pessoas, pois sua deficiência pode causar, entre outros, mortalidade materna no período do parto a problemas cerebrais nas crianças. Além disso, o zinco suporta o sistema imunológico e o ferro forma um bloco de construção fundamental da hemoglobina.

“Ou seja, se continuarmos não praticando a agricultura sustentável em todas as culturas, a população precisará cada vez mais se alimentar em maior quantidade para adquirir os nutrientes necessários para que seu organismo funcione de forma saudável. E isso pode causar problemas de saúde como a obesidade”, explica Guieiro. Ele acrescenta: “O uso de 5 bilhões de quilos de agrotóxicos anualmente não será responsável por acabar com a fome no mundo. Ações inteligentes com embasamento científico estão desmistificando a dependência química na produção de alimentos”.

Mas essa mudança de paradigma não se refere à abolição total, mas ao uso racional dos agroquímicos e à abertura para o novo, como os produtos biológicos, o que já é um passo dado pelos produtores brasileiros.

“Aos poucos, o produtor vai saindo das propriedades e indo em busca de informações. Estamos passando de uma agricultura de produto para uma agricultura conservadora, que preserva o ecossistema para não voltar a problemas anteriores e garantir a melhoria contínua”, destaca Alessandro.

“A gestão biológica proporciona uma série de benefícios, desde a qualidade do produto final, conservação do meio ambiente, aumento do valor agregado e a oportunidade de atender a uma demanda global por qualidade dos alimentos”, garante o agrônomo.

É importante destacar que a valorização de uma gestão sustentável que respeite o meio ambiente é uma tendência que está se espalhando pelo mundo. Vários países já exigem informações sobre a origem e todo o processo produtivo, desde a semeadura até a colheita e pós-colheita, visando tanto a sustentabilidade quanto a qualidade do produto. Diante desse cenário, a busca por café orgânico (sem uso de agrotóxicos) e biodinâmico (cultivado em ambiente sustentável) é crescente.

“O mundo está controlando rigorosamente os níveis de agroquímicos nos alimentos. Na Europa, por exemplo, a tolerância na análise de resíduos no produto é muito baixa. Enquanto no Brasil a tolerância é de 1 grama de glifosato por quilo de café, na Europa é de apenas 0,1 grama, ou seja, a tolerância na Europa é dez vezes menor que no Brasil. Caso essa exigência não seja cumprida, o produto é barrado e devolvido ao país de origem”, explica o agrônomo. A molécula do glifosato é a mais utilizada no mundo por dar origem a inúmeros produtos comerciais, que são classificados como herbicidas não seletivos. De acordo com alguns estudos científicos, pode ir da planta alvo para a planta não-lavo. “Mesmo aplicado em plantas que precisam ser controladas, o glifosato pode ser absorvido por culturas de interesse econômico”, explica Alessandro.



Fonte: Noticias Agricolas

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