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LEITE/CEPEA: Em movimento atípico, preço ao produtor cai 6% em maio – Meio de Estudos Avançados em Economia Aplicada

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Cepea, 29 de junho de 2023 – O preço médio do leite cru captado pelos lácteos em maio registrou a primeira queda desde dezembro/22. Levantamentos do Cepea (Meio de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostram que a “Média Brasil” líquida em maio foi de R$ 2,7229/litro, queda de 6,2% em relação a abril e 2,2% menor que a de maio/22, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de maio/23). É a primeira vez em 2023 que os preços no campo ficam aquém dos verificados no mesmo período do ano pretérito. Com esse resultado, o aumento aglomerado desde o início do ano ficou restringido a 4,9%.

O termo da subida em maio é alguma coisa bastante atípico para o setor, uma vez que, historicamente, esse período é caracterizado pela subida de preços, resultado da redução sazonal da produção nas regiões Sudeste e Meio-Oeste.

No entanto, em 2023, os preços foram pressionados por uma combinação de três fatores: consumo enfraquecido, aumento das importações e queda nos custos de produção.

O consumo de lácteos continuou em queda em maio, restringido pelo menor poder aquisitivo da população e pelos preços dos lácteos ainda em patamares mais elevados do que no ano anterior. Considerando a média de janeiro a maio, os preços do leite UHT, mussarela e leite em pó negociados entre indústrias e canais de distribuição no estado de São Paulo foram 11,5%, 8,1%, 8,3%, respectivamente, superiores em 2023 em relação a 2022.

O aumento das importações de lácteos é um fator importante nesse contexto porque, além do volume ser superior aos anos anteriores, os preços externos são mais competitivos do que os domésticos – o que pressiona os preços domésticos em toda a enxovia. Dados da Secex mostram que, em maio, as importações somaram mais de 208,8 litros em equivalente leite, subida de 42% em relação a abril e expressivos 219% em relação a maio/22. As compras realizadas entre janeiro e maio deste ano são três vezes maiores do que as registradas no mesmo período de 2022. Esse valor representa aproximadamente 9,1% do consumo formal de leite cru, com base nos dados da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE, de 2022. Vale lembrar que, no mesmo período do ano pretérito, as importações representavam somente 2,9% do consumo pátrio.

Ou por outra, vale evidenciar que os preços de outras commodities também caíram, o que impacta nos custos de produção do leite. O levantamento do Cepea mostra que, em maio, o Dispêndio Efetivo Operacional (COE) da pecuária leiteira caiu 2,3% na “Média Brasil”, influenciado pela retração nos preços dos concentrados. Com isso, a relação de troca tem sido mais favorável ao produtor: em maio, foram necessários 25,8 litros de leite para comprar uma saca de milho, uma melhora de 14,4% no poder de compra em relação ao mês anterior e de 25,9% em relação a maio /22. Esse contexto incentiva investimentos na produção, o que tem feito com que a oferta de leite se recupere mesmo na entressafra.

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Em maio, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) avançou 1,5% na Média Brasileira. Esse aumento nas captações é explicado principalmente pela melhora nos custos de produção. Mesmo com o inverno sequioso nas regiões Sudeste e Meio-Oeste nesta idade do ano, na média dessas regiões, a captação industrial amostrada pelo Cepea ficou praticamente firme de abril a maio, com subida de 0,3%. No Sul do país, as captações cresceram, em média, 2,4% no período. Assim, a expectativa dos agentes de mercado é de que o volume produzido entre maio e julho seja menos afetado pela sazonalidade.

Nesse contexto, a desvalorização do leite no campo ocorre em consonância com o movimento de queda que ocorre em toda a enxovia produtiva. No caso dos lácteos (que vêm apresentando desvalorizações desde abril), pesquisa do Cepea em parceria com a OCB mostra que, em maio, os preços médios de UHT, mussarela e leite em pó fracionado caíram 3,8%, 0,6% e 3,7%, respectivamente, no atacado paulista. Na confrontação anual, os valores ficaram 1,1%, 1,7% e 1,3% aquém dos registrados em maio/22, na mesma ordem. Já era verosímil observar, a partir da segunda quinzena de abril, queda nos preços do leite e derivados à vista. Em Minas Gerais, a média mensal do spot em maio recuou 16,6%, atingindo R$ 2,78/litro.

Gráfico 1. Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquidos), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de maio/2022).

Manancial: Cepea-Esalq/USP.

Preço do leite ao produtor (1)

ASSESSORIA DE IMPRENSA: Mais informações sobre o mercado de lácteos cá, por meio da Notícia do Cepea e com a pesquisadora Natália Grigol: [email protected].

Autoria: Natália Grigol

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**Levante texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**

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