Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) – O Ibovespa fechou em baixa nesta sexta-feira, em nova sessão de ajuste, com a BRF recuando cerca de 7% após precificar uma oferta de ações de 5,4 bilhões de reais, enquanto o Méliuz disparou mais de 13% após renovar mínima histórica na véspera.
Índice de referência do mercado de ações brasileiro, o Ibovespa caiu 1,3%, a 117.710,54 pontos, acumulando queda de 1% na semana.
O volume financeiro nesta sessão totalizou 21,4 bilhões de reais.
Para o gestor de ações da Ace Capital, Tiago Cunha, o último pregão da semana refletiu uma nova correção, após o rali do segundo trimestre, principalmente nos meses de maio e junho, em um cenário de piora recente na dinâmica da curva de juros doméstica.
“Os juros futuros têm se mantido em um patamar mais elevado nos últimos dias, precificando em parte que o espaço para corte da Selic pode ser menor. E isso acaba impactando o mercado de ações.”
Na última terça-feira, a resiliência na alta dos preços dos serviços demonstrada pelo IPCA reforçou as expectativas de que o Banco Central iniciará gradativamente o afrouxamento monetário no país, com corte de 0,25 ponto percentual na taxa Selic em agosto.
“Mesmo em trajetória de alívio, o IPCA ainda tem variáveis que exigem cautela do BC”, afirmou a equipe do Commcor, acrescentando que houve um esvaziamento das apostas em queda de 0,50 ponto em agosto.
Ao mesmo tempo, notícias sobre preços nos Estados Unidos trouxeram algum alívio, abrindo espaço para perspectivas de que o Federal Reserve eleve os juros no final do mês e encerre o ciclo de aperto monetário iniciado em 2022.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou em queda de 0,10% nesta sessão, após renovar sua máxima intradiária em mais de um ano no início da sessão, que também teve resultados bancários no radar. Na semana, porém, acumulou alta de 2,4%.
DESTAQUES
– BRF ON caiu 6,71%, para 8,9 reais, após precificar sua oferta de ações em 9 reais por ação, captando 5,4 bilhões de reais. A operação completou o investimento da saudita Salic e da Marfrig na empresa brasileira.
– A GOL PN caiu 5,88%, para 9,93 reais, no contexto da previsão da companhia aérea de prejuízo por ação da ordem de 1,05 reais para o segundo trimestre deste ano. A margem Ebitda foi estimada em aproximadamente 21% no trimestre. No setor, o AZUL PN fechou em queda de 6,29%.
– O MÉLIUZ ON saltou 13,26%, para 8,03 reais, após fechar a véspera em mínimo histórico, para 7,09 reais, contabilizando uma perda de quase 40% no ano. O BTG Pactual reiterou sua recomendação de “compra” para as ações, segundo relatório de quinta-feira, após reunião com executivos da empresa.
– O VALE ON encerrou estável, a 68,61 reais, longe da máxima, quando chegou a 69,29 reais. Os contratos futuros de minério de ferro da Ásia fecharam em alta pela quarta sessão, apoiados por esperanças crescentes de estímulo chinês e estoques menores em usinas e portos. O contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange da China atingiu uma alta de quase quatro meses.
– ITAÚ UNIBANCO PN cedeu 1,05%, a 28,28 reais, e BRADESCO PN perdeu 1,27%, a 16,34 reais, com BANCO DO BRASIL ON e SANTANDER BRASIL UNIT também retornando ganhos e encerrando com sinal negativo. O conselho de administração do Santander Brasil aprovou a distribuição aos acionistas de R$ 1,5 bilhão na forma de juros sobre o capital próprio (JCP).
– LOJAS RENNER ON perdeu 3,36%, para 17,83 reais, em sessão negativa para o setor, após queda nas vendas do varejo brasileiro em maio, contrariando as expectativas do mercado. “Com os juros altos, o crédito foi impactado e é um fator importante”, disse Cristiano Santos, gestor da pesquisa divulgada pelo IBGE.
– PETROBRAS PN recuou 1,96%, a 29,05 reais, em meio à queda das cotações do petróleo no exterior, com o Brent fechando 1,8% menor, a 79,87 dólares o barril.
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