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Embrapa identifica doenças em lavouras de mandioca em áreas indígenas do…

    Embrapa identifica doencas em lavouras de mandioca em areas indigenas

    A Embrapa Amapá identificou microrganismos que afetaram plantações inteiras de mandioca em áreas indígenas do Oiapoque, extremo norte do estado do Amapá. Análises laboratoriais confirmaram a presença de três espécies de fungos fitopatogênicos em amostras de plantas, caules-sementes e mandioca, bem como a ocorrência de sintomas compatíveis com a doença conhecida como “brotação excessiva”. O trabalho conta com o apoio da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, Bahia).

    Planta de mandioca em área indígena com sintoma de brotação excessiva

    “Foram identificados microrganismos que ocorrem naturalmente nos solos, com potencial para atacar as plantas de mandioca. Não são prejudiciais à saúde humana, mas sim à planta, como as que estão causando perdas na produção de caules em terras indígenas do Oiapoque”, destacou a pesquisadora Cristiane Ramos de Jesus, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Amapá.

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    Além de fornecer técnicas agronômicas, especialmente para a produção de mudas-sementes de qualidade comprovada, a Embrapa se encarrega de formar multiplicadores indígenas, atendendo a solicitação enviada pela 29ª Assembleia de Avaliação e Planejamento do Oiapoque (Apio), evento realizado pelo Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque (CCPIO) em março deste ano, no qual esteve presente uma equipe da Embrapa. Atende também a encaminhamentos da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Grupo de Trabalho que integra diversos órgãos do Governo do Estado.

    A Embrapa destaca que a assistência técnica permanente, prestada por instituições estatais, é fundamental para garantir a manutenção de práticas agrícolas compatíveis com a cultura indígena e a segurança alimentar dos povos indígenas. A equipe da Embrapa dedicada a atender essa demanda dos povos indígenas do Oiapoque é formada pelos gerentes Antonio Claudio Almeida de Carvalho (chefe-geral), Cristiane de Jesus (chefe de Pesquisa), o pesquisador Adilson Lopes Lima (fitopatologista), os analistas Jackson de Araújo dos Santos e Adriana Bariani, e o técnico Aderaldo Gazel.

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    Laboratório de Proteção Vegetal

    A Embrapa iniciou os trabalhos com uma visita técnica às plantações afetadas, juntamente com profissionais do Instituto Estadual de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap), da Funai e do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé), com o objetivo de avaliar a incidência de doenças na mandioca. Durante a avaliação, realizada em março, ficou evidente a severidade dos sintomas apresentados nas mandiocas das aldeias Tukay, Ahumã e Tuluhi, e a consequente perda de grande parte da produção devido ao ataque de doenças.

    Os microorganismos identificados até agora estão associados aos vasos condutores das plantas e à parte superior dos caules. O material foi coletado e levado ao Laboratório de Proteção Fitossanitária da Embrapa Amapá, em Macapá, onde foi realizada assepsia conforme recomendações técnicas do laboratório. O pesquisador da Embrapa destacou a importância de conciliar a oferta de tecnologias, produtos e serviços técnicos, com respeito às orientações dos povos indígenas.

    “Trabalhar em áreas indígenas exige uma forma peculiar de relacionamento. Na Embrapa, temos um analista experiente nesse aspecto, que está acompanhando todo o trabalho in loco. Precisamos seguir alguns preceitos, respeitar a cultura dos indígenas. Por exemplo, usando a agricultura orgânica sem o uso de defensivos químicos”, acrescentou o chefe de Pesquisa da Embrapa Amapá.

    Recomendações da Embrapa

    Entre as recomendações da Embrapa estão a realização de ensaios para avaliar a eficácia de protetores alternativos para minimizar o ataque de doenças de plantas e solo em mudas de sementes em áreas indígenas; e a instalação de uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) para produção de mudas de qualidade fitossanitária.

    Essas áreas de produção devem ser instaladas exclusivamente com material propagativo de comprovada qualidade sanitária e fisiológica, que são mudas de sementes sadias e vigorosas. A Embrapa também recomenda a instalação de uma dessas áreas no Centro de Treinamento Domingos Santa Rosa, localizado no ramal Aldeia do Manga, km 18 da BR-156. “Indicamos esta área como prioritária, devido ao fácil acesso ao local, o que implica em maior facilidade para realização de treinamentos e outras demandas”, explica o pesquisador Adilson Lopes Lima. Qualquer recomendação requer o interesse e concordância da população indígena.

    Outra medida é o treinamento em técnicas de multiplicação de mudas, implantação de roças e controle de pragas e doenças da mandioca compatível com a realidade das comunidades indígenas. Essas capacitações são destinadas a profissionais e lideranças indígenas capazes de mudar a realidade atual da produtividade da mandioca e, dessa forma, contribuir para garantir a segurança alimentar desses povos originários.

    Microrganismos associados a plantas infectadas

    Com base nos sintomas apresentados pela amostra de plantas doentes, e no escurecimento dos vasos condutores das hastes infectadas, concluiu-se que o problema é causado por fitopatógenos vasculares, principalmente Fusarium oxysporum e Fusarium solani, além de um agente da doença conhecido como antracnose. “Sintomas altamente compatíveis com a doença da superbrotação foram observados em todas as áreas inspecionadas”, acrescenta o pesquisador Adilson Lopes Lima.

    Fonte: Noticias Agricolas