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Conhecida pelos seus queijos artesanais, a Canastra lança agora uma marca no território da…

    Cafes especiais baristas disputam vaga para representar o Brasil no

    Cafeicultores da região e Sebrae Minas se unem para agregar valor ao produto e fortalecer sua posição no mercado

    Localizada entre o Oeste e o Sul de Minas Gerais, a Serra da Canastra está localizada na nascente do Rio São Francisco, cercada por quilômetros de belas paisagens naturais típicas do Cerrado brasileiro. A região também é conhecida pela qualidade dos queijos artesanais, iguaria que recebeu, em 2008, o título de Patrimônio Cultural Imaterial do país. Mas engana-se quem pensa que a Canastra só vive de queijo. A cafeicultura tem ganhado destaque com uma produção significativa. E para valorizar ainda mais a origem da produção, a Associação dos Cafeicultores da Canastra (Acanastra) e o Sebrae Minas lançam, no dia 27 de junho, em Piumhi, a marca territorial Café da Canastra, estratégia de divulgação e posicionamento do produto no mercado para fortalecer a união dos produtores e a identidade do território.

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    Nos últimos anos, a cafeicultura da Região da Canastra se desenvolveu, beneficiando todos os elos da cadeia – fornecedores de insumos, assistência técnica, produtores, armazéns e torrefadoras – dando visibilidade ao território como fornecedor de cafés diferenciados no estado.

    Anualmente, a Região da Canastra produz cerca de 750.000 sacas de café de 60kg, em mais de 1.100 propriedades, num total de 33.000 hectares de área plantada. O território é formado por 10 municípios aptos para a produção sustentável de cafés especiais. São eles: Bambuí, Capitólio, Delfinópolis, Doresópolis, Medeiros, Pimenta, Piumhi, São João Batista do Glória, São Roque de Minas e Vargem Bonita.

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    Em 2019, as duas associações de cafeicultores da região buscaram o apoio do Sebrae Minas para unir forças e criar uma nova instituição que representasse os cafeicultores da Região da Canastra, criando a Acanastra, que hoje conta com 35 associados. A entidade surge com o objetivo de criar uma identidade única para os cafés produzidos na região e colocar a origem da Canastra no mapa das regiões cafeeiras do Brasil.

    “Ao longo dos anos, desde a introdução da cafeicultura na região, criamos um jeito único de produzir café, integrado à valorização do meio ambiente e da nossa cultura. Nossas plantações são indústrias ‘a céu aberto’, e a natureza manda em tudo. Dessa forma, estamos sempre atentos às novas tecnologias e manejos que possibilitam o armazenamento de água no solo. Consequentemente, isso gera maior produtividade e qualidade nos cafés. Com a parceria do Sebrae Minas, organizamos nossa governança para valorizar ainda mais o trabalho dos produtores e o reconhecimento da região. A criação da marca do território é um marco importante em todo esse processo”, comemora Bacili.

    Nesse período, também foram promovidas ações voltadas para a melhoria dos processos de produção de café na região. Por meio do programa Educampo – importante ferramenta de gestão da atividade cafeeira disponibilizada pelo Sebrae Minas – e de consultas e monitoramento pós-colheita, foi possível aumentar a produtividade e melhorar a qualidade do café produzido.

    “Há uma década, o Sebrae Minas promove diversas ações na região para resgatar a tradição e a identidade em torno da produção do agronegócio. Assim como no queijo, agora no café, o resultado se traduz em ganhos de qualidade, sabor e, principalmente, valor. Tudo isso graças ao esforço e comprometimento dos produtores da região que não mediram esforços para buscar mais conhecimento técnico e novas soluções para suas lavouras, garantindo a qualidade do produto”, explica o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae Minas, Marcelo de Souza e Silva .

    Estratégia

    Em 2022, o Sebrae Minas e a Acanastra iniciaram o trabalho de branding do café produzido na Região da Canastra. Para isso, foi realizado um diagnóstico que identificou as características regionais e diferenciações de produtos, que resultou na criação da marca territorial Café da Canastra. “Esta estratégia expressa e comunica o propósito, valores, identidade, tradições e posicionamento da região no mercado. Mais do que isso, serve para mostrar que não é um simples café, mas um produto de origem determinada e controlada, gerando valor para o território, produtores, compradores e consumidores”, explica Marcelo Silva.

    Após o lançamento, que acontece no dia 27 de junho, em Piumhi, a marca do território Café da Canastra será gradativamente incluída nas embalagens dos produtos, bem como nos materiais promocionais da região. O próximo passo será a elaboração de um plano de ação com o objetivo de regular, proteger, controlar e promover a marca do território. O lançamento da marca do território conta com o apoio do Sicoob Credialto, Credibam, Credicapi e Sarom.

    Para o presidente da Acanastra, o trabalho de reposicionamento do café na região vai elevar o nível de atuação dos cafeicultores locais no mercado. “Estamos na Serra da Canastra, na nascente do rio São Francisco, o que favorece o cultivo do produto. Ao longo dos anos, criamos um jeito único de produzir café, integrado à valorização do meio ambiente e da nossa cultura. Nossas plantações são irrigadas a céu aberto e buscamos novas tecnologias para conseguir um café diferenciado. Com a parceria do Sebrae Minas, organizamos nossa governança para valorizar ainda mais o trabalho dos produtores e o reconhecimento da região, e a criação da marca do território é um marco importante em todo esse processo”, comemora Bacili.

    Avaliação de origem

    A Canastra torna-se a sétima região de todo o estado a se beneficiar do trabalho do Sebrae Minas em relação ao desenvolvimento local em torno da cafeicultura. Outras regiões contempladas são: Cerrado Mineiro, Matas de Minas, Mantiqueira de Minas, Chapada de Minas e Região Vulcânica – sendo as três primeiras citadas, já com Indicação Geográfica (IG).

    O Café da Canastra se diferencia das demais regiões do estado por possuir características climáticas e geográficas que influenciam na qualidade do produto, além dos métodos de cultivo e colheita utilizados pelos produtores locais. Em geral, os cafés da região têm aroma e sabor de mel, frutas amarelas, tropicais e cítricas e chocolate ao leite com notas de castanha, limão cravo e laranja. Possui alta doçura com notas de açúcar mascavo e cana-de-açúcar em equilíbrio com a acidez alta e predominantemente cítrica. O corpo é denso, cremoso e sedoso com um final longo e doce.

    Devido a essas características únicas, em 2022, a Acanastra, com o apoio do Sebrae Minas, protocolou pedido de registro de IG, na modalidade Denominação de Origem (DO), junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

    Vale lembrar que as IGs são instrumentos legais que garantem a exclusividade no uso do nome geográfico do produto do território, sob a gestão de uma entidade representativa dos produtores. A opção pela modalidade DO garante que o nome do território ou localização do produto possua qualidades e características exclusivas ou essencialmente ligadas ao meio geográfico, incluindo fatores naturais e humanos.

    Para subsidiar a solicitação feita ao INPI, entre 2021 e 2022, foram realizados estudos para delimitação da área geográfica do Café da Canastra, além da organização da governança, elaboração do Livro de Especificações Técnicas da DO, constituição da regulamentação conselho do DO e a criação de um estatuto para a Associação dos Cafeicultores da Canastra.

    Assim, como foi para o Queijo da Canastra, a conquista da Indicação Geográfica garantirá a qualidade e autenticidade dos cafés produzidos nos 10 municípios que compõem a região, valorizando a cultura e tradição local, agregando valor à produção, impulsionando o desenvolvimento do território e fortalecendo a imagem da Canastra, garantindo assim um diferencial competitivo para o café no mercado. A expectativa é que, no futuro, outros produtos da Canastra recebam o mesmo respaldo a partir da valorização da origem dada ao queijo e ao café.



    Fonte: Noticias Agricolas