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Com manejo integrado de pragas, algodão brasileiro supera adversidades climáticas

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Foto: Divulgação/WS Grupo BCI

Por mais de duas décadas, a produção de algodão no cerrado brasileiro e o conceito de manejo integrado de pragas e doenças (MIP) andaram juntos e evoluíram ano após ano. O sistema, utilizado desde a década de 1960, consiste em integrar, de forma matricial, diversas ferramentas de proteção de cultivos, como defensivos químicos, agentes biológicos e outras tecnologias, além de práticas agronômicas. “Essa mistura é fundamental para a sustentabilidade da produção”, aponta a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

Os avanços e benefícios do MIP na cotonicultura nacional foram avaliados durante encontro promovido pela Abrapa, em parceria com a Better Cotton Initiative (BCI), de 28 de fevereiro a 2 de março, em Brasília. Também foram discutidos os desafios para a produção responsável de algodão, tendo em vista as agendas do novo milênio, como a redução do uso de agrotóxicos.

A programação incluiu uma visita à Fazenda Pamplona, ​​pertencente ao grupo SLC Agrícola, no município de Cristalina/GO. Cerca de 20 pessoas, das regiões produtoras do país, participaram do encontro. Também participaram do evento pesquisadores nacionais e internacionais, representantes da Abrapa e da Better Cotton, incluindo seu CEO, Alan McCLay, que visitou o Brasil pela primeira vez.

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A BCI é uma organização não governamental (ONG) com sede na Suíça e ativa em 26 países. É referência internacional em licenciamento responsável de algodão. O Brasil responde por 42% de toda a produção do chamado algodão BC no mundo.

Há dez anos, a Abrapa e o BCI firmaram um benchmark, estabelecendo a equivalência entre os protocolos dos programas Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e BCI. A busca e disseminação de melhores práticas agrícolas é parte fundamental dos requisitos dessas iniciativas.

“Quando a Abrapa e o BCI oficializaram a parceria, demonstraram confiança e vontade mútua de melhorar a produção de algodão, em termos de sustentabilidade. Não tem como falar em sustentabilidade na cotonicultura sem destacar o trabalho dos produtores brasileiros”, enfatiza o presidente da Abrapa, Alexandre Schenkel.

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“Chegamos ao segundo lugar nas exportações mundiais, mas entregamos muito mais do que volume. Temos sustentabilidade, índices de produtividade impressionantes, rastreabilidade fardo a fardo e dados que comprovam a seriedade desse trabalho. Com o workshop pudemos apresentar, in loco, ao BCI esta parte de uma história de sucesso, que já existe e que precisa de ser contada, com orgulho, aqui, no nosso território, e um pouco por todo o globo”, acrescenta o diretor da associação.

poupa da terra

Na teoria, em Brasília, e na prática, na fazenda Pamplona, ​​os visitantes puderam conferir como a cotonicultura brasileira, por meio da tecnologia e do MIP, conseguiu alcançar níveis de produtividade, em regime de sequeiro, únicos no mundo. Dessa forma, reduziu muito a demanda por terras para plantio. A atuação ganha ainda mais relevância quando se considera o fato de ser um país tropical. Assim como nas lavouras e na pecuária, o clima é favorável a patógenos e parasitas, que atacam durante todo o ano, na ausência de eventos naturais que interrompam seu ciclo reprodutivo.

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As condições específicas do país e as dimensões continentais, aponta o chefe-geral da Embrapa Algodão, Alderi Araújo, invalidam qualquer tentativa de traçar paralelos com outros países. “Precisamos comparar volumes e princípios ativos em relação a nós mesmos, nossa evolução. As condições que enfrentamos são muito mais adversas.”

Segundo estudo recente da Embrapa, citado pelo pesquisador, que comparou a tecnologia utilizada na atual cotonicultura brasileira com a dos anos 1970, se o mesmo pacote tecnológico da época fosse aplicado hoje, seriam necessários 18,5 milhões de hectares para se obter o mesma produção atual. “Isto corresponde ao território de Portugal e da Hungria; chamamos esse estudo de tecnologia de economia de terras. Reduzir o volume significaria abrir muito mais áreas.”

Singularidades

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O CEO da BCI, Alan McClay, concorda que as comparações internacionais são difíceis e arriscadas porque não há dois países iguais. “A forma de trabalhar dos cotonicultores é diferente, mesmo entre as comunidades. Ainda mais entre países. No entanto, vejo que houve um grande progresso. A Abrapa tem muito a ver com o recente ressurgimento da produção brasileira de algodão. Se você olhar para trás 10 ou 20 anos atrás, o Brasil era completamente diferente na indústria de produção.”

McClay ficou impressionado com a visita à fazenda Pamplona, ​​desde a organização até a estrutura voltada para os funcionários e seus familiares, com escola, playgrounds e diversos recursos. “Outra coisa que me impressionou foi o tamanho do local e o fato de ser preciso usar um avião para distribuir o agrotóxico com precisão. Isso me fez perceber o quão bem organizada e planejada esta indústria é. Porque é uma escala massiva, e tecnologia e equipamentos são usados ​​para gerenciar toda essa dimensão.”

Fonte: Agro

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