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Cafés do Brasil avança para protagonismo na agenda internacional

    Cafes do Brasil avanca para protagonismo na agenda internacional

    *Por Marcos Matos e Silvia Pizzol – Diretor Geral e Gerente de Sustentabilidade do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé)

    O Cecafé monitora e atua proativamente em todos os temas relacionados às novas tendências regulatórias nos principais mercados globais. Conforme relatado com frequência, a agenda de sustentabilidade em 2022 apresenta vários projetos regulatórios em discussão no continente europeu para obrigar as empresas a prestarem contas de como enfrentam as questões ambientais e sociais. obrigatoriedade de due diligence (DD) das empresas para mensurar e mitigar os riscos de desmatamento em suas cadeias de suprimentos. Na Alemanha, legislação semelhante foi aprovada em 2021, com aplicação a partir de 2023, exigindo que as empresas monitorem riscos e denunciem abusos de direitos humanos e ambientais, estendendo as obrigações de DD a fornecedores estrangeiros.

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    Nesse sentido, a Comissão de Meio Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar (ENVI) aprovou recentemente uma proposta de due diligence relacionada à importação de commodities vinculadas ao risco de desmatamento, após analisar milhares de alterações propostas. De acordo com a agenda oficial, o documento foi enviado ao Parlamento Europeu para votação em 12 de setembro deste ano.

    Diante desse cenário, a tendência é que a rastreabilidade nas cadeias agroalimentares e os programas de sustentabilidade surjam como ferramentas de DD relevantes e possam se tornar requisitos de acesso a mercados mais exigentes.

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    O Cecafé, como representante do setor exportador de café no Brasil, atento às novas tendências, tem ampliado sua participação em eventos nacionais e globais para apresentar a sustentabilidade e as especificidades do agronegócio cafeeiro brasileiro.

    A convite do International Trade Center (ITC), o Cecafé representou o Brasil na mesa redonda “Implicações da proposta de regulamentação da UE sobre produtos sem desmatamento”, com representantes do setor privado, certificadoras, além de representantes da Comissão Europeia (Sra. Astrid Ladefoged, chefe da Unidade de Bens Comuns Planetários, Valores Universais e Segurança Ambiental, na DG Ambiente da Comissão Europeia), entre outros.

    Na ocasião, ficou demonstrado que o café brasileiro está associado à preservação ambiental e ao aumento do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e, portanto, as novas regulamentações devem buscar aprimorar e fortalecer ações sustentáveis. Sem diálogo e a construção de uma agenda inclusiva e cooperativa, as novas ações podem gerar restrições ao fluxo do comércio global, exclusão social nos países produtores e pressão sobre a inflação dos países.

    Internacionalmente, durante o segundo semestre de 2022, o Cecafé tem em sua agenda discussões com o setor privado e autoridades de Paris, na França, e Genebra, na Suíça, sempre destacando a sustentabilidade, as qualidades e a diversidade do café brasileiro.

    Internamente, também se destacam diversas participações relevantes, como o 21º Congresso Brasileiro de Agronegócios, realizado pela ABAG em parceria com a B3, e o 5º Fórum Global de Agronegócios (GAF), ambos em São Paulo (SP).

    O rumo das discussões é que o diálogo, a promoção da imagem e a integração sejam pontos centrais para que o agronegócio brasileiro aumente a competitividade em nível global e produza mais, com um nível ainda maior de conservação ambiental. E essa integração precisa ser global, entre os setores público e privado, entre cadeias produtivas, entre academia e empresas e entre países.

    Os eventos em questão são movimentos em prol do desenvolvimento sustentável e visam discutir urgentemente os desafios e oportunidades globais relacionados à segurança alimentar, sustentabilidade e anomalias climáticas, fortalecendo nossos modelos de agricultura tropical. Nesse sentido, o café brasileiro, reconhecido mundialmente por sua qualidade e sustentabilidade, tem liderado e ampliado ações responsáveis ​​em tempos de ESG (governança socioambiental).

    Como exemplo, oportunidades e desafios para o setor liderar a agenda do carbono, conforme resultados científicos apresentados pelo Cecafé, indicando que a adoção de boas práticas na cafeicultura gera adicionalidade no sequestro de carbono, pois passa a reter ainda mais CO2eq na solo e na planta do que emitir para a atmosfera, em relação ao manejo tradicional, que já é “carbono negativo”.

    Considerando a transição do manejo tradicional para o mais conservacionista, na média das propriedades avaliadas, houve um balanço de carbono negativo de 10,5 toneladas de CO2eq por hectare por ano, evidenciando que a cafeicultura brasileira é um ativo importante para a mitigação das mudanças climáticas.

    As ações de representação institucional e a expansão de projetos e programas no setor exportador estão em linha com o signo mais verde da economia mundial e podem abrir portas para o Brasil ter acesso a benefícios, créditos e reconhecimentos voltados para atividades que respeitem critérios ESG.



    Fonte: Noticias Agricolas