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Brasil ganha 1,7 milhão de hectares de superfície de água em 2022

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O Brasil ganhou 1,7 milhão de hectares de lâmina d’água em 2022 e ficou 1,5% acima da média da série histórica, iniciada em 1985, ocupando um total de 18,22 milhões de hectares de superfície, ou 2% do território nacional, o equivalente a quatro vezes o estado do Rio de Janeiro em rios, lagos e usinas hidrelétricas. Mas, mesmo assim, em 30 anos o país perdeu 1,5 milhão de hectares de espelho d’água.

Segundo o mapeamento da MapBiomas Água, o ano passado foi o primeiro ano, desde 2013, em que o lençol freático no Brasil ultrapassou a barreira dos 16 milhões de hectares. Ao todo, o país ainda detém cerca de 6% da superfície e 12% do volume de toda a água doce do planeta.

O levantamento também mostrou que, em 2022, o lençol freático anual do Pantanal aumentou pela primeira vez desde 2018. Mas o bioma ainda passa por um período seco, já que a diferença entre o lençol freático e a média da série histórica é de 60,1%. O Pampa também registrou queda de 1,7% em relação à média, atingindo a menor superfície de água de toda a série histórica.

Todos os outros biomas ganharam superfície de água em 2022: Cerrado (11,1%), Amazônia (6,2%), Caatinga (4,9%) e Mata Atlântica (1,9%). Entre os estados, Mato Grosso com redução de 48%, Mato Grosso do Sul, com 23%, e Paraíba, com 12%, vão na contramão do ganho de superfície de água registrado na maioria dos estados em 2022.

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O coordenador técnico do MapBiomas Água, Juliano Schirmbeck, explica que a variação se deve ao aumento das chuvas, mas também ao La Niña, fenômeno que costuma aumentar as chuvas na Região Norte e reduzi-las na Região Sul do país.

“Observamos um aumento dos eventos de precipitação em grande parte do país, com chuvas acima da média, e isso trouxe a recuperação observada em nossos dados. Mas estamos vivendo momentos de mudanças climáticas, que indicam que teremos cada vez mais eventos e situações extremas. Também passamos por um evento La Niña muito acentuado, que influencia o regime de chuvas no Brasil, reduzindo as chuvas no sul do país e aumentando nas regiões centro e norte”.

Outro ponto importante, segundo Schirmbeck, é que o Brasil saiu de um evento muito crítico em 2021. “Tivemos um espelho d’água 7,9% (1,42M ha) abaixo da média”, enfatiza.

A superfície de água nos reservatórios oficiais monitorados pela Agência Nacional de Águas (ANA) em 2022 também foi a maior dos últimos 10 anos: 3.184.448 ha, 12% a mais que a média da série histórica. Os reservatórios representam 22% da superfície de água no Brasil, os outros 78% são rios e lagos e pequenas represas.

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retratação
“A mudança de cenário de 2021 para 2022 é animadora, mas não colocaria como motivo de comemoração. Estamos observando uma redução quase constante do espelho d’água no Brasil nos últimos 20 anos, e desde 2013 tivemos os 10 anos mais secos da série histórica, com menor espelho d’água”, disse o coordenador.

Entre 1985 e 2022, todos os biomas perderam superfície de água, com destaque para o Pantanal, onde a retração foi de 81,7%, mostra o MapBiomas. Em segundo lugar vem a Caatinga, que já é o bioma mais seco do país e que perdeu quase um quinto de sua superfície de água (19,1%). A Mata Atlântica perdeu 5,7%, a Amazônia, 5,5%, o Pampa, 3,6%, e o Cerrado, 2,6%, ficando mais seco.

“A tendência é um parâmetro estatístico que olha toda a série histórica e, considerando suas oscilações, aponta para qual direção estamos indo. Ao longo dos 38 anos de monitoramento, observamos essa tendência de queda”, alertou Schirmbeck.

“O incentivo visto em 2022 não deve desviar a atenção dos cuidados com os recursos hídricos, viemos de uma sequência de 10 anos muito secos, e as mudanças climáticas indicam que teremos cada vez mais eventos extremos, com secas e regimes de precipitação mais prolongados com enchentes e enchentes mais frequentes”.

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A redução do Pantanal fez com que o Mato Grosso do Sul ocupasse a liderança entre os estados com maior perda de água superficial. A captação de água superficial foi de 781.691 hectares, ou 57%.

A tendência de perda de superfície de água foi observada na maioria das bacias e regiões hidrográficas do país. Quase três em cada quatro bacias hidrográficas (71%) perderam água superficial nas últimas três décadas. E mesmo com o aumento geral da superfície das águas do país em 2022, um terço (33%) delas ficou abaixo da média histórica do ano passado. Em alguns casos, como na Bacia do Araguaia-Tocantins, o ganho de lâmina d’água está associado às hidrelétricas. As regiões hidrográficas que mais perderam superfície de água na série histórica do MapBiomas foram Paraguai (591 mil hectares), Atlântico Sul (21,4 mil hectares) e Atlântico Nordeste Oriental (4,8 mil hectares).

As bacias do Atlântico Nordeste Oriental (65,8 mil hectares), do São Francisco (61,8 mil hectares) e do Paraná (39 mil hectares) tiveram ganhos de superfície de água.

O mapeamento mostrou que após o ano 2000 há maior variabilidade intra-anual. De 2017 a 2020, 7 em cada 12 meses do ano ficaram abaixo da média anual. Novamente, 2022 foi uma exceção em que todos os meses tiveram aumento da superfície da água em relação a 2021, em média 10%. Os meses de dezembro a julho ficaram acima da média mensal histórica, enquanto o período de agosto a novembro ficou abaixo.

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MapBiomas Água
O coordenador da pesquisa explicou que diferentemente dos dados de desmatamento, também fornecidos e monitorados pelo MapBiomas, o monitoramento do espelho d’água é o acompanhamento de um fenômeno cíclico, que apresenta variações dentro de um mesmo ano, com meses mais secos e mais úmidos. , bem como variações entre anos.

O projeto MapBiomas é uma iniciativa do Observatório do Clima, cocriado e desenvolvido por uma rede multiinstitucional de universidades, organizações não governamentais e empresas de tecnologia com o objetivo de mapear anualmente a cobertura e uso da terra no Brasil e monitorar as mudanças do território .



Fonte: Noticias Agricolas

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