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A soja continua em queda. VER ANÁLISE

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As principais notícias da semana não foram diretamente ligadas ao mercado de soja, mas ao lado financeiro dos EUA e da Suíça. Dois grandes bancos americanos anunciaram que estão literalmente falidos. Estes são o Silicon Valley Bank e o Signature Bank. Então, um dos maiores bancos do mundo, o Credit Suisse, da Suíça, anunciou que seguiria o mesmo caminho. Apesar da rápida intervenção dos respectivos Bancos Centrais, procurando socorrê-los, o estrago estava feito.

Há grande temor de que o mundo volte a viver algo semelhante à grande crise econômica e financeira de 2007/08. De facto, antes da pandemia, os indicadores económicos apontavam para uma nova recessão global entre 2020 e 2024. A pandemia acelerou o processo e, agora, esta nova situação financeira pinta um quadro ainda mais preocupante. Diante do alto risco, o setor de crédito encolhe ainda mais e a aversão ao risco aumenta. Com isso, o dólar se valoriza, o ouro é procurado como porto seguro, as bolsas despencam, trazendo consigo, por enquanto, as commodities em geral, inclusive a soja.

Nesse contexto, o alqueire da soja, na semana, recuou fortemente em Chicago. A cotação do primeiro mês fechou quinta-feira (16) a US$ 14,91, ante US$ 15,20 na semana anterior.

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Até os derivados da soja recuam. O farelo, que vinha sendo fortemente sustentado pela forte queda na safra de soja da Argentina, maior exportador mundial desse subproduto, caiu para US$ 474,00/st no dia 16/03 (a menor cotação desde o final de janeiro de o ano corrente). Lembrando que sete dias úteis antes, havia chegado a US$ 507,90. O óleo de soja, que vinha em queda quase constante, continuou com cotações fracas, acompanhando a forte queda do petróleo diante da possibilidade de uma nova crise mundial. O petróleo chegou a 55,34 centavos de dólar por libra-peso no dia 13/03, a menor cotação desde dezembro de 2021, porém fechou este 16/03 a 57,73 centavos.

Efetivamente, na Argentina, a quebra da safra de soja tende a ser ainda maior do que já foi anunciado. Até agora, a produção final foi estimada em 33 milhões de toneladas, contra uma expectativa inicial de mais de 45 milhões. Agora, analistas locais falam em safra abaixo de 30 milhões de toneladas devido à forte estiagem. Pensa-se que o governo argentino vai reemitir o “dólar da soja” para animar o mercado local de oleaginosas, que está completamente parado no momento. Na prática, estamos diante da pior safra de soja da história argentina. E esta situação acontece há pelo menos dois anos, numa altura em que os custos de produção aumentaram 50% devido à guerra da Rússia contra a Ucrânia. Situação semelhante, embora com impactos talvez menos graves, vem ocorrendo no Rio Grande do Sul.

Nesse contexto, olhando para o mercado externo, o Brasil, mesmo com uma safra menor do que a esperada, devido à forte queda no Rio Grande do Sul, poderá aproveitar o infortúnio da Argentina, aumentando a moagem de soja e exportando mais farelo e óleo. em soja; além de exportar soja para a própria Argentina, algo excepcional.

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E por falar no Brasil, os preços continuaram viesados ​​para baixo, embora o real tenha se desvalorizado mais devido à crise bancária nos EUA. A moeda brasileira chegou a R$ 5,30 por dólar em alguns momentos da semana, porém, a queda

Chicago e a continuação de prêmios muito negativos nos portos brasileiros não permitiram a recuperação dos preços.

Assim, a média gaúcha, no balcão, fechou a semana cotada a R$ 160,00/saca, seguindo as principais praças compradoras do Estado, enquanto no Paraná o produto recuou para R$ 151,00. Nos demais mercados nacionais, a saca de soja oscilou entre R$ 141,00 e R$ 148,00/saca.

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O indicador Cepea/Esalq, calculado pela USP de Piracicaba (SP), caiu para R$ 159,73/saca, o menor valor desde 16 de novembro de 2021, ou seja, o menor valor em quase 16 meses. Só no acumulado do ano, o preço da soja já caiu 10% no Paraná. Aqui no Rio Grande do Sul a queda é de 7% nos últimos três meses. E os preços só não caíram mais porque há uma estimativa de exportação recorde para este ano, em torno de 92,7 milhões de toneladas. Ainda assim, o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado em 8 de março, apontava que no ano comercial 2022/23 os estoques brasileiros de soja chegariam a 31,5 milhões de toneladas, o maior dos últimos cinco anos.

Mesmo assim, a colheita de soja no Brasil atingiu 49% da área no final da semana anterior. Um ano antes atingiu 60,5% na mesma data, enquanto a média histórica é de 50,6%.

Especificamente no Paraná, atingiu 30% da área total, que é de 5,7 milhões de hectares, ao final dos 10 primeiros dias de março, contra a média histórica de 50%. Naquele Estado, “a produtividade da soja surpreende positivamente, porém há preocupação com a incidência de doenças, o que exige mais aplicações de fungicidas, onerando a produção ou aumentando a possibilidade de perdas onde o controle não é satisfatório”. Quanto ao preço, a média de fevereiro foi de R$ 158,14/saca, o menor valor desde dezembro de 2021. Espera-se uma colheita de 20,9 milhões de toneladas de soja no Paraná. (cf. geral)

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No Mato Grosso, a colheita atingiu 95% da área no início desta semana, superando a média histórica. Enquanto isso, a comercialização da atual safra de soja atingiu 52,3% do total a ser colhido. Um ano antes, esse número era de 62,2% e a média histórica é de 67,2%. Por sua vez, a venda antecipada da futura safra 2023/24 (a ser plantada a partir de setembro) atingiu 4,9% naquele Estado. A média histórica, para esta época do ano, de comercialização antecipada da oleaginosa é de 12,5%.

Por fim, a queda da safra de soja no Rio Grande do Sul, que pode ultrapassar os 31% apontados recentemente pela Emater, está levando analistas privados a situar a produção brasileira final em 148,9 milhões de toneladas, contra uma previsão inicial que chegava a 154 milhões com algumas analistas. (cf. Pátria AgroNegócios) A queda da produção nacional não será maior do que o esperado porque alguns estados melhoraram o desempenho da produção, compensando parcialmente as perdas do Rio Grande do Sul.

A análise é do Centro Internacional de Análise Econômica e Estudos de Mercados Agrícolas – CEEMA.



Fonte: Agro

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