A tendência de redução drástica no ritmo de incremento da produção de músculos suína no Brasil se consolidou nos últimos 5 meses de 2023, quando comparados aos últimos anos. De janeiro a maio de 2023, em relação ao mesmo período do ano anterior, houve um aumento de aproximadamente 2% no abate de cabeças (gráfico 1). Com números definitivos do primeiro trimestre (IBGE) e dados preliminares dos meses de abril e maio/23, estima-se que o incremento da produção em toneladas de carcaças tenha ficado em torno de 1,2% somente.
A título de conferência, ao examinar os 5 primeiros meses de 2023 em relação aos anos anteriores, nos anos de 2019, 2020, 2021 e 2022 o incremento da produção em toneladas neste mesmo período foi de 8,0%, 6,9%, 9,4% e 7,3 %, respectivamente, reforçando a redução efetiva da taxa de incremento da produção de suínos em 2023.
Do lado das exportações, o volume embarcado foi recorde para o início do ano, atingindo 429,3 milénio toneladas de músculos suína in natureza de janeiro a maio/23 (tábua 1), superando o volume da mesma em quase 15%. período do ano pretérito. Os números das exportações parciais do mês de junho/23, divulgados pela Secex, referentes aos embarques entre 1º e 16 de junho/23, indicam manutenção do viés de subida, com média por dia útil de 5.150 toneladas, com potencial para chegar próximo a 100 milénio toneladas no final deste mês, contra 83,6 milénio toneladas em junho do ano pretérito.
Ao fazer um balanço comparativo entre o que foi produzido e exportado nos primeiros cinco meses de 2023 e 2022, estima-se que a disponibilidade interna de músculos suína tenha reduzido oriente ano em muro de 30 milénio toneladas em relação a 2022, conforme tábua 2 Esta redução, embora relativamente pequena, significa uma queda projetada de 340g per capita/habitante/ano, considerando que nos últimos anos o consumo per capita de músculos de porco tem subido supra de 1kg/habitante/ano. Com essa queda na disponibilidade interna, era esperado um aumento nos preços pagos ao produtor, mas desde março/23 os preços vêm caindo, atingindo o menor patamar em junho (gráfico 2).
Para entender melhor esse movimento de preços, é preciso ver o contexto universal do mercado de commodities em franca retração e principalmente o comportamento da músculos bovina, que nos últimos anos havia perdido muito mercado para a suína, devido à escassez e subida preços. . A Tábua 2 compara o estabilidade entre bovinos e suínos; Enquanto nesses primeiros cinco meses a músculos suína reduziu a disponibilidade interna em 30 milénio toneladas, a músculos bovina aumentou a oferta no mercado interno em quase 300 milénio toneladas em relação ao mesmo período de 2022.
Esse aumento na oferta de músculos bovina em 2023 se deve ao aumento do abate (gráfico 3) e à redução das exportações em relação ao ano pretérito. Não é por eventualidade que os preços da carcaça bovina em São Paulo vêm caindo nos últimos meses, atingindo em junho o pior patamar dos últimos anos (gráfico 4).
Com músculos bovina mais disponível e mais barata, houve uma redução considerável da competitividade da músculos suína no mercado atacadista, pois a diferença de preço entre as duas carcaças (spread) é muito menor do que em anos anteriores (tábua 4).
Preços de insumos seguem em queda, mas relação de troca recua
O ânimo para o setor vem da queda consistente dos preços dos principais insumos: milho e farelo de soja nos últimos meses (gráfico 5). Com o início da colheita do milho segunda safra, e com perspectivas de volumes ainda maiores do que o esperado em termos de plantio, as cotações desse cereal devem se manter em patamar relativamente insignificante por alguns meses.
Porém, é preciso permanecer prudente ao comportamento da safra norte-americana, já plantada e que deve ser colhida a partir de setembro. Segundo a consultoria MBAgro, a queda acentuada dos preços do milho e da soja no Brasil nos últimos meses é uma verdade vernáculo e não mundial, refletindo o momento de subida oferta diante dos entraves de armazéns e logística no país. Os prêmios nos portos foram fortemente negativos, mas os preços no mercado extrínseco não caíram na mesma proporção que no mercado interno. Se a reação no mercado extrínseco se consolida pela piora das condições das safras norte-americanas, esse movimento deve ser escoltado no Brasil, já que uma eventual quebra na safra americana deve aumentar a demanda pelo resultado brasiliano.
Mesmo com a queda do preço do suíno nos últimos meses, a relação de troca do suíno vivo com os principais insumos, que aumentou significativamente em maio/23, caiu ligeiramente até meados de junho, mas segue supra de 5 no mercado mineiro (gráfico 6) . Lembrando que uma relação de troca maior que 5 em fazendas com boa produtividade garante margem positiva na atividade.
Essa situação não se restringe ao estado de Minas Gerais ou outros estados das regiões Sudeste e Núcleo-Oeste do país, tal qual preço do suíno vivo costuma ser superior ao dos principais estados produtores da região Sul do Brasil. Mesmo nos estados do Sul, o mês de maio já é um divisor de águas nas margens financeiras da atividade suinícola, conforme Tábua 5 a seguir.
É importante sobresair que os custos e a relação de troca são baseados na cotação média do mês. Porém, os animais abatidos em determinado período “carregam” o dispêndio dos meses anteriores, outrossim, o valor médio real dos insumos estocados ou mesmo comprados antemão pelos suinocultores são diferentes do “preço do dia”. Portanto, há um “detido” de alguns meses entre a queda dos preços do insumo no mercado e o efetivo revérbero nos custos de produção.
Considerações finais
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explica que em um mercado com oferta crescente de carcaça bovina, tal qual preço segue em queda, não há envolvente para aumentos significativos no preço pago aos produtores de suínos, a menos que a oferta de músculos suína reduza substancialmente no mercado doméstico. “Com a consolidação das safras recordes brasileiras de soja e milho, os olhos se voltam para o desenvolvimento da safra norte-americana, ameaçada pelo clima, e cuja redução pode resultar em pressão por maior exportação de nossos grãos. Até que isso se confirme, a janela de oportunidade para a compra dos principais insumos da atividade estará oportunidade.”
Ele completa explica que a queda acentuada dos custos, mesmo com os preços relativamente baixos da músculos suína, já determina margens positivas na atividade. “No entanto, além do tempo necessário para que isso se reflita no fluxo de caixa dos produtores, há um prejuízo aglomerado de quase dois anos de crise, muitas vezes agravado por dívidas com juros altos, que levarão qualquer tempo para serem compensados. ”, conclui. .