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Sorgo é capaz de reduzir custos com alimentação e controlar parasitas em tambaqui

Sorgo é capaz de reduzir custos com alimentação e controlar parasitas em tambaqui
Sorgo é capaz de reduzir custos com alimentação e controlar parasitas em tambaqui

Este estudo também mostrou que a dieta com sorgo com alto teor de tanino proporcionou redução e controle significativo dos parasitas que afetam a criação deste peixe. O objetivo da pesquisa foi reduzir os custos com alimentação e controlar os parasitas que afetam a criação do tambaqui, a espécie nativa mais produzida na piscicultura no Brasil.

Na avaliação das dietas experimentais, os resultados com sorgo com alto tanino indicam redução de 44% nos acantocéfalos e 83% nos monogenéticos. Esses parasitas representam importantes problemas que afetam a reprodução e reduzem a produção na piscicultura.

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“Os valores obtidos na pesquisa são considerados promissores para a busca de ingredientes que associem a nutrição e saúde do pescado, sem o uso de produtos químicos e sem comprometer a qualidade do pescado”, afirma a pesquisadora Cheila Boijink, da Embrapa, que desenvolve pesquisas em saúde de peixes e coordenou o estudo por meio do projeto “Avaliação de taninos em dietas para juvenis de tambaqui no controle de helmintos e desempenho zootécnico”.

O projeto de pesquisa foi realizado de 2019 a 2021, com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). No estudo, os taninos foram avaliados nas formas hidrolisável (ácido tânico) e condensado (sorgo com alto teor de tanino), a fim de identificar se possuem ação anti-helmíntica e não prejudicam a aceitação animal e o desempenho zootécnico.

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A utilização de fontes vegetais na alimentação de peixes tem aumentado nos últimos anos com o intuito de atender a demanda por ração e sustentar o desenvolvimento da produção aquícola. Uma das alternativas é o uso de compostos derivados de plantas, devido aos poucos ou nenhum efeito colateral sobre os peixes e o meio ambiente e que é uma prática agrícola mais sustentável.

Produtos naturais, com propriedades antiparasitárias conhecidas, são considerados uma alternativa em potencial, e dentre esses compostos está o tanino, presente em diversas plantas como o sorgo.

Segundo Boijink, os resultados obtidos mostram que os taninos são eficientes para o controle de helmintos, podendo ser utilizados na alimentação como ingrediente alternativo natural, sem prejudicar o desempenho animal.

Essa linha de pesquisa já foi desenvolvida por pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental, que comprovaram anteriormente que outra fonte de tanino, os resíduos de banana, também é eficiente no controle de helmintos em tambaqui.

Como a alimentação de peixes na piscicultura corresponde a cerca de 70% dos custos totais de produção, pesquisas da Embrapa Amazônia Ocidental vêm buscando alternativas baseadas na avaliação de ingredientes não convencionais no estado do Amazonas que possam reduzir o custo da alimentação do tambaqui .

“Com uma alimentação mais econômica, ao final do ciclo, os custos serão menores do que os de uma produção com uso de rações convencionais à base de farelo de soja e milho, commodities que apresentam grande oscilação de valor no mercado internacional.

Além disso, o Amazonas obtém parte significativa de seus ingredientes e ração dos estados vizinhos, o que onera ainda mais o piscicultor amazonense, que arca com o custo logístico da obtenção”, explica o pesquisador Jony Dairiki, da Embrapa, que atua em Nutrição e Alimentação. para espécies de aquicultura na Amazônia, e participou da pesquisa.

Dairiki observa que o sorgo (Sorghum bicolor) é um ingrediente energético de origem vegetal, com composição semelhante ao milho, porém, é um alimento com custo de produção menor em relação ao milho.

Portanto, o sorgo foi escolhido para avaliação como opção de matéria-prima, tendo em vista que o custo da ração poderia ser menor com a maior inclusão do sorgo na dieta dos peixes.

O pesquisador informa que o sorgo se destaca pela rusticidade, possibilidade de cultivo na entressafra e em solos mais pobres em fertilidade e com déficit hídrico.

A planta do sorgo produz grãos e matéria seca para composição da forragem que contribui para a alimentação animal, e o tanino é um químico natural no grão de sorgo.

A pesquisa identificou que a utilização do sorgo com baixo teor de tanino para a nutrição de juvenis de tambaqui em substituição ao milho proporcionou uma redução de 27,4% no custo da alimentação quando o nível de inclusão desse ingrediente foi de 40%.

Outro achado importante é que o sorgo com alto teor de tanino pode ser utilizado em dietas para tambaquis com até 45% de inclusão na formulação, sem nenhum efeito adverso no desempenho animal, em um período de até 45 dias.

Os pesquisadores acrescentam que mais estudos com animais de engorda e com maior período experimental precisam ser realizados para complementar a pesquisa, além da importante validação em pisciculturas locais.

Parasitas causam perdas econômicas na criação de tambaqui
Especializado em saúde de peixes, Boijink explica a diferença entre monogenéticos e acantocéfalos e como eles afetam o tambaqui.

“É importante ressaltar que, apesar da transmissão desses parasitas entre peixes infestados, esses parasitas não apresentam risco à saúde humana”, explica.

Os monogenéticos são ectoparasitas (parasitas externos) que se fixam principalmente nas brânquias e podem causar uma hipersecreção de muco que prejudica a respiração dos animais.

Por terem um ciclo de vida direto e curto, as reinfecções podem ser rotineiras em viveiros de piscicultura.

Grandes infestações causam alta produção de muco, destruição do epitélio branquial e ruptura dos capilares sanguíneos, causando dificuldades respiratórias, sinal que pode ser confundido com o comportamento dos peixes em baixas concentrações de oxigênio na água.

Os peixes podem perder peso e as lesões também se tornam uma porta de entrada para infecções bacterianas e fúngicas secundárias.

Os acantocéfalos são endoparasitas (parasitas internos) e se fixam à parede intestinal. Os efeitos do parasitismo na produção de tambaqui dependem da intensidade da infestação e do estado fisiológico e nutricional dos animais.

Grandes infestações podem resultar em necrose e ulcerações no epitélio intestinal, prejudicando a absorção de nutrientes; consequentemente, os animais perdem peso e ficam mais suscetíveis ao manejo, a parasitas e patógenos e a qualquer alteração na qualidade da água.

A consequência é o atraso no crescimento, redução no desempenho zootécnico e alguns animais mais debilitados podem morrer, o que causa perdas econômicas.

Para parasitas monogenéticos ou acantocefálicos, o tratamento pode ser profilático ou terapêutico, segundo Boijink. O ideal são os tratamentos profiláticos, que adotam um conjunto de cuidados para evitar a doença.

No entanto, devido a diversos fatores, muitas vezes acabam ocorrendo infestações, que requerem terapias com uso de substâncias químicas, que podem gerar deposição de resíduos na natureza.

“O uso constante desses produtos químicos pode levar à redução da eficácia causada pela resistência desenvolvida no parasita e, muitas vezes, são caros”, explica.

Devido aos efeitos colaterais indesejados causados ​​pela quimioterapia, como redução da eficácia causada pela resistência desenvolvida no parasita, riscos de intoxicação aos consumidores e poluição nos mananciais, o uso de fitoterápicos tem sido uma alternativa viável para o controle dos parasitas.

Segundo os pesquisadores, para prevenir esses problemas na piscicultura, recomenda-se adotar boas práticas como adquirir alevinos de qualidade, realizar quarentena, monitorar a qualidade da água, fornecer ração de qualidade em quantidade adequada e utilizar equipamentos adequados e higienizados.

Outro indicador que ajuda a detectar possíveis problemas no início é a observação rotineira da resposta alimentar, uma vez que a redução do consumo alimentar é a primeira resposta dos peixes a uma condição de estresse, que pode ser motivado pela qualidade inadequada da água ou pelo início de uma doença.

Também é necessário observar a presença de alterações de comportamento ou sinais clínicos externos, como coloração anormal, produção excessiva de muco, entre outros, como forma de identificar problemas em estágio inicial, o que facilita o tratamento dos animais.

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