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Soja tem semana marcada por aversão ao risco em Chicago e forte queda…

    Soja tem semana marcada por aversao ao risco em Chicago

    A semana foi muito difícil para o mercado de soja na Bolsa de Chicago, movimento que acompanhou as demais commodities, devido à pressão e às inúmeras incertezas que vinham do mercado financeiro desde o último final de semana. A aversão ao risco manteve-se muito presente nos negócios dos mercados internacionais, reforçando o peso da crise de confiança que se instalou a partir dos últimos acontecimentos no sistema bancário norte-americano e que na sequência contaminou os mais diversos setores.

    Com tudo isso, o futuro da soja na CBOT encerrou a semana com perdas acumuladas de mais de 2% entre os contratos mais negociados. O vencimento maio, importante referência para a safra atual no Brasil, registrou perda de 2,06%, passando de US$ 15,07 – última sexta-feira (10) – para US$ 14,76 por bushel. Em julho passou de US$ 14,94 para US$ 14,60, no mesmo período, acumulando queda de 2,3%.

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    Somente no pregão desta sexta-feira (17), as cotações da soja encerraram o dia perdendo entre 13,25 e 15,50 pontos, com contratos mais longos já operando abaixo de US$ 14,00 por bushel. Mais cedo, as cotações atingiram o mínimo desde janeiro, segundo analistas e consultores de mercado. Os contratos futuros de farelo e óleo também caíram, com o petróleo caindo quase 2% apenas nesta sessão.

    Ao lado do movimento técnico, o mercado da soja sofre pressões que também vêm do lado dos fundamentos. Os traders estão acompanhando a chegada – embora atrasada – de uma grande safra do Brasil, enquanto a demanda, principalmente da China, permanece moderada.

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    “Hoje o viés é de baixa, tanto técnico quanto fundamental. Fundamental porque tem muita oferta e pouca pressão de compra. O comprador já está muito comprado e até agora não conseguiu pegar, os embarques estão atrasados. No técnico, O mercado de investimentos de Chicago aposta na queda por conta da situação financeira, dos bancos, da crise. E com tudo isso, um leve viés de baixa”, diz o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

    As informações sobre a Argentina – incluindo o novo corte desta semana apontando para uma safra de soja de 25 milhões de toneladas – também permanecem no radar dos traders, porém, não mais fortes o suficiente para promover novas rodadas de altas, mas apenas dando sustentação às cotações. A partir daí, ainda há preocupações com as ofertas de farelo e óleo de soja, que sofrerão com uma lacuna diante de uma queda de cerca de 50% na safra 2022/23.

    A tendência é que o Brasil seja o substituto natural dos derivados, além de ser a primeira alternativa de exportação de soja in natura para os argentinos para que, pelo menos, o básico de sua capacidade de processamento seja alcançado, na tentativa de mitigar perdas.

    “O que tinha que fazer o mercado subir já foi precificado. Agora, só um fato novo e altista pode fazer o mercado virar nessa direção no curto, médio e até longo prazo”, explica o diretor da Cogo Inteligência em Agronegócios , Carlos Cogo , em entrevista ao Notícias Agrícolas.

    A detecção de novos casos de peste suína africana na China também intensificou o viés negativo para os preços da soja em Chicago nos últimos dias. E embora hoje a nação asiática esteja muito mais preparada para passar por um momento como esse após a epidemia que registrou nos últimos anos. Mesmo assim, as informações acabam trazendo um peso importante para os mercados.

    “Uma corretora na China falou de um grande aumento nos casos positivos de PSA no norte da China e também falou de inadimplência de farelo no mercado doméstico. Ainda assim, a oferta de carne suína continua crescendo. O segundo maior produtor da China divulgou seus números de fevereiro. Houve um aumento no peso médio dos animais, um aumento no número de animais abatidos, mas o preço ficou bem abaixo dos últimos três meses e abaixo do seu custo. A estratégia da Top3 é consolidar o setor pela dor, o que não é bom pensando no consumo de farelo de soja. As vendas esta semana continuaram muito fracas”, explica o analista do complexo soja, Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.

    MERCADO BRASILEIRO FOCADO EM QUEDA DE PRÊMIOS

    Toda essa combinação de fatores que pesam agora sobre os preços futuros da soja em Chicago esbarra em prêmios caindo de forma muito agressiva no mercado brasileiro e sendo o destaque negativo para o produtor brasileiro por mais uma semana. “A semana está acabando e os prêmios da soja renovam suas mínimas”, relata Vanin.

    Nos últimos dias, conforme explica o analista da Agrinvest, foram registrados negócios com prêmios de até 50 centavos de dólar negativos, ou seja, 50 centavos de dólar abaixo do preço do bushel praticado na Bolsa de Chicago para o contrato de maio.

    “O que merece mais atenção é que a queda não vem acompanhada de um grande movimento de vendas de produtores e cooperativas. A queda se deve a uma combinação de fatores: atraso nos portos, alto tempo de espera – em Paranaguá chegando a 30 dias -, cobertura de fábricas avançando para maio/junho, janela de compras da China indo para maio e junho, falta de espaço no interior, além da safra recorde”, diz.

    Com isso, os negócios seguem lentos no mercado doméstico. Ainda de acordo com a consultoria, a venda do produtor, em quatro dias, foi de 2,35 milhões de toneladas, “o que ainda não é um número grande. mês. Porém, a maioria ainda é bastante ausente quando se trata de vendas de maio, junho e julho”.

    No Mato Grosso, ainda de acordo com Vanin, os sojicultores têm procurado garantir operações com pagamentos muito longos para captar financiamentos e câmbio, por exemplo. Mas a diversidade de perfis de comercialização entre os produtores brasileiros tem sido uma marca muito forte desta safra.

    Segundo Carlos Cogo, porém, toda atenção agora deve ser redobrada, pois a rentabilidade final da safra 2022/23 pode ser menor devido a esse atraso na comercialização e à possível redução de preços. Por enquanto, as margens ainda são atrativas e precisam ser aproveitadas com cautela e estratégia.

    “Sem medo, para quem já vendeu alguma coisa, eles planejam a comercialização de forma pausada, intercalada. Mas, ‘para quem não fez nada (vendas) ainda é muito interessante pelos preços atuais e arrumando uma peça da safra futura nos preços atuais. As margens ainda são muito atrativas e não dá para ficar totalmente descoberto em um mercado que está em curva de queda”, orienta o especialista.

    Veja a entrevista completa no link abaixo:



    Fonte: Noticias Agricolas