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Soja: Brasil tem 2023 promissor para demanda interna e exportações

    Soja Brasil tem 2023 promissor para demanda interna e

    A semana foi marcada por uma bateria de novos dados divulgados para o cenário brasileiro de oferta e demanda da soja brasileira e há três pontos de forte convergência entre analistas e consultores de mercado: 1) todas as estimativas atuais da safra são muito otimistas e – no clima adversidades já registradas, que estão sendo registradas e que ainda poderão ocorrer – o país deve colher no máximo 150 milhões de toneladas; 2) as exportações de oleaginosas têm tudo para renovar seu recorde nesta temporada, ultrapassando 90 milhões de toneladas antes de se consolidar como a maior safra da história da soja mundial; 3) a demanda interna por soja no Brasil deve ter um 2023 promissor com os problemas enfrentados pela Argentina e a quebra de safra na maior nação que é a maior exportadora mundial de óleo e farelo.

    A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias Processadoras de Soja) reduziram suas estimativas de safra, bem como reduziram suas projeções para as exportações do país. No entanto, ambos ainda trazem números expressivos de, respectivamente, 93,9 milhões e 92 milhões de toneladas. O USDA estima que o Brasil exporte 91 milhões de toneladas de grãos.

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    Da mesma forma, a Conab aumentou seu número de esmagamento de soja brasileira de 50,67 para 52,75 milhões de toneladas, enquanto a Abiove manteve a estimativa de processamento em 52,5 milhões.

    Imagem do WhatsApp 13/01/2023 em 37.37.09

    Assim, a principal pergunta que o mercado faz agora é sobre o vigor da demanda interna e externa do complexo soja no Brasil e, claro, como isso deve continuar impactando a formação de preços e as margens de lucro dos produtores brasileiros.

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    “2023 deve ser um ano de maior oferta de soja no Brasil porque, apesar dos problemas no Sul, teremos uma safra recorde, e como teremos uma oferta muito maior, voltaremos a ter exportações recordes e a moagem deve voltar a crescer “, acredita Luiz Fernando Gutierrez, analista da Safras & Mercado. A consultoria estima exportações em 94 milhões e moagem em 50 milhões de toneladas.

    Gutierrez diz que, naturalmente, os números podem ser alterados nos próximos meses, principalmente no processamento, já que parte desses resultados está ligada às decisões que serão tomadas em relação às políticas de biodiesel. A expectativa é que a mistura de óleo de soja na composição do biocombustível passe de 10% para 14% e, posteriormente, para 15% após o primeiro trimestre deste ano, porém, ainda sem definição.

    No dia 3 de janeiro, o novo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a mistura será definida após conversas e pesquisas realizadas com representantes do setor. “É importante trazermos previsibilidade ao setor, acabando com a instabilidade causada pelas frequentes mudanças no percentual de mistura de combustíveis fósseis”, afirmou.

    Ainda de acordo com o analista da Safras, quando atingir 13% a partir de março ou abril, devem ser alcançadas 50 milhões de toneladas de soja processada. “Se for o B10, a gente consegue um pouco menos, se for o B15, a gente consegue ir um pouco mais”, completa.

    Ao lado da questão do biodiesel, a atenção das indústrias brasileiras está voltada para o futuro da safra na Argentina. A queda por lá é bastante acentuada e os números finais devem ficar bem abaixo dos registrados por consultorias privadas ou por órgãos públicos neste momento. Nesta quinta-feira, o USDA baixou sua projeção de 49,5 para 45,5 milhões de toneladas, enquanto a Bolsa de Cereais de Buenos Aires baixou sua estimativa de 48 para 41 milhões de toneladas. Porém, há especialistas que acreditam que a nova safra de Buenos Aires pode não chegar a 40 milhões de toneladas.

    Da mesma forma, o USDA inclusive baixou suas estimativas de esmagamento da soja argentina de 39,75 para 38 milhões de toneladas.

    “Quando a safra argentina diminui, não é só o volume em si que está em questão. A Argentina é o maior fornecedor mundial de óleo e farelo, e quando a safra diminui, o volume de derivados e alguém vai ter que entrar para suprir isso . E esse alguém será o Brasil com a entrada de sua nova safra”, explica o consultor de agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios.

    E na sua perspectiva, que se soma aos baixos estoques também nos Estados Unidos, esse será um importante pilar de sustentação das cotações da soja no mercado brasileiro. Afinal, esta semana também foi marcada pela notícia de que a Argentina chegou a comprar soja brasileira nos últimos dias.

    Segundo avaliação do gerente sênior de riscos da hEDGE Point Global Markets, Victor Martins, estão formados seis navios da oleaginosa brasileira, importados pelo porto de Murtinho, no Mato Grosso do Sul, via barcaças. O comprador é o grupo Vicentin. “Os estoques de soja estão esgotados, a Argentina está tendo extrema dificuldade em originar soja in loco, levar para a indústria e oferecer farelo e óleo”, diz. “A demanda vem da escassez de soja devido ao volume muito alto de exportações no quarto trimestre de 2022”.

    Com isso, conforme explica Martins, os preços dos derivados explodiram no mercado argentino, dando oportunidade aos produtos brasileiros, empurrando até os prêmios da soja por aqui nos últimos dias.

    A par dessas boas perspectivas para a demanda interna da soja brasileira – amparada pela janela que deve ser deixada pela Argentina, com boa demanda das indústrias processadoras, além de um horizonte melhor para a mistura de biodiesel -, há também projeções de forte exportação de soja no Brasil, que pode ultrapassar 90 milhões de toneladas.

    “A demanda pela soja brasileira deve voltar a ser forte, devemos recuperar uma parcela que perdemos para os Estados Unidos em 2022, porque não tínhamos mais nada para oferecer ao mercado externo devido à quebra da última safra. vamos voltar a ganhar aquela fatia que perdemos para os americanos, então devemos ver nossas exportações crescendo novamente, a China aumentando suas compras, possivelmente se aproximando de 100 milhões de toneladas e o Brasil sendo o principal exportador para a China”, explica o analista da Safras & Market .



    Fonte: Noticias Agricolas