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Argentina: Com a menor safra de soja em 14 anos devido aos efeitos da seca,…

    Argentina Com a menor safra de soja em 14 anos

    A crise do agronegócio argentino continua se agravando. Além das consequências devastadoras de uma das piores secas da história – e das previsões de mais dias de muito calor e seco -, o setor busca soluções para os problemas políticos e econômicos que enfrenta, incluindo um protesto marcado para esta terça-feira, fevereiro 28.

    “O pavio foi aceso pela Federação Agrária Argentina (FAA), mas foi o suficiente para demonstrar que no campo eles “explodem” de raiva diante da situação crítica que o setor vive devido à seca e à falta de respostas concretas do Governo”, trouxe uma das notícias do portal Infocampo local sobre a organização da manifestação.

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    Estão confirmadas para o evento quase todas as instituições que compõem a chamada Mesa de Enlace, além de entidades de diversos outros setores da agricultura argentina. Há meses, produtores e associações de classe pedem ajuda efetiva e rápida ao governo, principalmente com mudanças na carga tributária para o campo diante dos prejuízos causados ​​pelas adversidades por mais um ano consecutivo.

    No último dia 18 de janeiro, o Notícias Agrícolas já havia publicado matéria apontando que a produção agrícola e o produtor rural argentino estavam se tornando inviáveis ​​devido a tantos problemas acumulados. À época, a revisão das chamadas retenciones – taxação sobre as exportações de produtos agrícolas do país – já era uma das reivindicações do setor.

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    Segundo a FAA (Federação Agrária Argentina), que está acertando os detalhes da organização da mobilização, o ato é uma forma de solicitar “respostas e soluções urgentes para os produtores”. Um dos pares que apoiam a federação é a SRA (Sociedade Rural Argentina) que, por meio de seu presidente Nicolás Pino, afirma que o apoio ocorre diante “do forte impacto da seca, das geadas e das chuvas de granizo, que causam estragos entre os pequenos e médios produtores, o que se soma ao prejuízo que já vínhamos sofrendo com a inexistência de políticas públicas para nos socorrer, a grande pressão fiscal e a crise econômica com inflação alta e câmbio variado”.

    Mais do que isso, Pino afirmou ainda que “os anúncios do governo estão apenas nos anúncios”, dizendo ainda que os poucos que poderiam contar com algum auxílio do governo não podem, pois os recursos não chegam ou chegam com atraso. demais.

    “Recebemos um convite da Federação Agrária Argentina para nossa entidade e vamos participar da iniciativa convocada para o dia 28 de fevereiro, como temos feito em todas as assembléias. Acompanhar e ouvir os produtores não é nada extraordinário para nós. fazer todos os dias”, reafirmou o presidente da SRA.

    A Sociedade Rural é apenas um exemplo de adesão ao movimento marcado para este dia 28 de fevereiro. Instituições como a AAPA (Associação Argentina de Produtores Agrícolas), a SRR (Sociedade Rural de Rosário), entre outras, aderiram ao ato.

    O OUTRO LADO

    “Não se pode dizer que o estado não esteja presente. A verdade é que, de certa forma, essa convocação me surpreendeu”, disse o secretário de Agricultura da Nação, Juan José Bahillo. O responsável, nas suas últimas entrevistas, afirmou que tinha uma boa relação com a Mesa de Enlace mas que, por incompatibilidade de horários, não pôde estar com os seus representantes nas últimas semanas.

    Em declarações à imprensa, Bahillo afirmou ainda que não existem políticas públicas suficientes para fazer face a uma perturbação do ciclo normal das chuvas. Além disso, ele também citou o montante de US$ 3,6 bilhões destinado a cerca de 4,5 mil produtores de soja e milho, porém sem dar maiores detalhes sobre como isso acontecerá na prática.

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    Juan José Bahillo, Secretário de Agricultura da Nação – Foto: Infocampo

    Da mesma forma, o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, afirmou que o governo continua trabalhando para atender às demandas do campo e não apenas aos problemas causados ​​pela seca.

    “Temos que enfrentar uma das piores secas dos últimos 100 anos com, além disso, a baixa umidade do solo acumulada nos últimos três anos, o famoso Golden Seven que impacta a alfafa e a alimentação animal, além da queda na o peso dos nossos animais”, comentou. “E também temos que enfrentar a possibilidade de nos blindarmos contra o caso da vaca louca que começou a aparecer no Brasil. Temos que enfrentar a gripe aviária”, afirmou.

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    Foto: Infocampo

    OLHOS DO MERCADO

    “Fique de olho no clima da Argentina, maior exportador mundial de farelo e óleo de soja. Com mais estiagem na previsão, a situação da produção de oleaginosas pode ficar ainda mais grave”, destacou a agência internacional de notícias Bloomberg nesta segunda-feira (27). ). Afinal, na semana passada, a Bolsa de Grãos de Buenos Aires trouxe uma nova correção em sua estimativa para a safra 2022/23 no país para 33,5 milhões de toneladas, a menor em 14 anos quando foi confirmada. No número do último dia 23, a bolsa traz um novo corte de 4,5 milhões de toneladas em relação à sua última projeção.

    Em seu relatório, a bolsa também diz que “a gravidade dos danos será avaliada nas próximas semanas e, dependendo do impacto nos quadros, a estimativa real de produção poderá ser atualizada”.

    Declínio da safra de soja da Argentina
    Gráfico: Bolsa de Grãos de Buenos Aires + Bloomberg

    “Uma safra menor é uma má notícia para o governo, que depende da agricultura para impulsionar a economia e das exportações de soja para sustentar as reservas em dólares do banco central. A safra reduzida também alimentará os preços globais da soja”, acrescentou Bloomberg. .



    Fonte: Noticias Agricolas