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Senado debate autocontrole do agronegócio nesta segunda-feira

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Está marcada para segunda-feira (5), no Senado, sessão de debate sobre o PL 1.293/2021, projeto de lei que prevê o autocontrole do produtor rural sobre sua própria produção. O novo modelo transformaria o atual sistema de defesa do setor, hoje exclusivamente estatal, em um sistema híbrido. A sessão está marcada para começar às 10h.

Este projeto é de autoria do Executivo e já foi aprovado pela Câmara dos Deputados. Se passar também no Senado, pode seguir para sanção presidencial.

O PL 1.293/2021 é considerado prioritário pelas principais entidades representativas do agronegócio. Pela proposta, empresas e produtores criariam seus próprios programas de defesa agropecuária. O relator da matéria na Comissão de Agricultura do Senado (CRA) é Luis Carlos Heinze (PP-RS). Ele defende o novo modelo.

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Controvérsia

Para Heinze, o atual modelo de fiscalização sanitária no país está esgotado, principalmente porque, segundo ele, a enorme expansão do agronegócio não foi acompanhada de investimentos proporcionais nos órgãos fiscalizadores.

Mas, ao ser aprovado pelo CRA, em junho, o projeto foi rejeitado por Paulo Rocha (PT-PA) e Zenaide Maia (Pros-RN). Para o senador, os consumidores estarão sujeitos a mais riscos se a proposta for transformada em lei, porque haveria uma “omissão estatal”. Ela lembrou ainda que o texto, por outro lado, mantém a fiscalização do governo para os produtos destinados à exportação.

— PL 1.293/2021 retira a competência da vigilância sanitária. E o que mais chama a atenção é que os produtos a serem exportados serão monitorados. Você que compra carne aqui no Brasil, no seu açougue, cuidado!, pois não haverá imposto. O Estado não vai estar presente para dizer se tem tuberculose, brucelose. Agora a carne que será exportada terá [fiscalização], e serão os vigilantes do estado que o farão. Essa omissão me preocupa muito. O Brasil é um país grande. É um grande risco tirar essa competência – alertou Zenaide.

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Por sua vez, Heinze destaca que o projeto mantém fiscalizações estaduais nas esferas estadual e municipal. Ele também aponta que o autocontrole é praticado nos Estados Unidos e na Europa. Para o senador, o autocontrole favorecerá todas as cadeias produtivas, das grandes às pequenas.

— No meu estado (Rio Grande do Sul) toda carne consumida, não só a exportada, é fiscalizada. O estado tem um sistema de fiscalização, o Ministério da Agricultura tem um sistema de fiscalização e várias prefeituras têm um sistema de fiscalização. Portanto, ninguém consome carne que não seja inspecionada. Este é um projeto muito importante para o agro; teremos um crescimento muito importante, e não só das grandes empresas. Em qualquer canto do Brasil vai ter alguém auditando. Essa é a função do Ministério da Agricultura. Profissionais privados não poderão exercer atividades típicas de auditores”, disse Heinze.

Como isso funcionaria

A principal novidade do PL 1.293/2021 é prever que as empresas criem sistemas de autocontrole para auxiliar o poder público na tarefa de manter saudáveis ​​os produtos, rebanhos e lavouras. Caberá à fiscalização agropecuária verificar o cumprimento dos programas.

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Nesse cenário, o órgão estadual competente não apenas realizaria a fiscalização ativa, que hoje muitas vezes é realizada por amostragem, mas também passaria a atuar com base na gestão de informações, mantendo seus poderes de polícia administrativa em casos de descumprimento de normas.

De acordo com o projeto, os programas de autocontrole devem conter registros sistematizados e auditáveis ​​do processo produtivo – desde a chegada de matérias-primas, ingredientes e insumos até a entrega do produto final. Teriam também de prever a recolha de lotes de produtos que possam apresentar riscos para o consumidor (ou para a saúde animal ou vegetal).

O setor produtivo deveria submeter ao Ministério da Agricultura manuais para elaboração e implementação de programas de autocontrole. Os programas também poderiam ser certificados por instituições privadas com competência para isso.

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Os órgãos públicos integrantes do Sistema Único de Atenção à Sanidade Agropecuária poderão credenciar pessoas ou empresas para a prestação de serviços relacionados à defesa agropecuária. De acordo com o projeto, os agentes credenciados não poderão exercer atividades de fiscalização agropecuária que exijam poder de polícia administrativa.

Simplificação

O projeto também simplifica as regras de liberação de estabelecimentos e produtos pelos órgãos competentes. O Ministério da Agricultura deve disponibilizar, em até 180 dias após a possível publicação da nova lei, um sistema eletrônico que possa receber pedidos de registro e credenciamento de estabelecimentos e registro de produtos.

No caso dos produtos, caberia ao Ministério da Agricultura incentivar a adoção de procedimento administrativo simplificado. Atendidas as normas, a concessão dos registros seria automática. Mas, de acordo com a proposta, o registro automático não valerá para agrotóxicos.

Quanto aos estabelecimentos, seria dispensada a apresentação de documentos e autorizações expedidas por órgãos governamentais alheios à liberação. Além disso, os estabelecimentos que tenham mais de uma finalidade, e que estejam sujeitos a diferentes normas de defesa agropecuária, poderão ter um único registro neste ministério.

Incentivo

O PL 1.293/2021 cria o Programa de Incentivo ao Compliance em Defesa Agropecuária, que teria como objetivo tornar os sistemas de garantia da qualidade eficientes e auditáveis ​​por meio da reorganização de procedimentos.

Os produtores que aderirem teriam agilidade nas operações de importação e exportação, prioridade na tramitação de processos administrativos na Secretaria de Defesa Agropecuária, acesso automático às informações do processo e dispensa de anuência prévia para reforma e ampliação do estabelecimento.

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punições

O projeto prevê punições em caso de descumprimento das regras. Mas essas medidas não podem ser aplicadas caso a correção do problema possa ser feita durante o processo de fiscalização, ou, se aplicadas, devem ser canceladas assim que comprovada a solução do problema.

As infrações são classificadas como “leve”, “moderada”, “grave” e “muito grave”, de acordo com o risco à defesa agropecuária. Dependendo da gravidade, devem ser punidos com advertência, multa, condenação do produto ou cassação do registro, ou cassação da habilitação do profissional para prestar serviços de defesa agropecuária. O texto prevê a atualização das multas, que podem variar de R$ 100 a R$ 150 mil.

Além disso, a proposta prevê que a empresa poderá requerer a conversão de suspensão ou cancelamento de registros, registros ou credenciamentos em multa, desde que assine um termo de ajustamento de conduta.

vigilância de fronteira

O PL 1.293/2021 também cria o Programa de Fiscalização de Defesa Agropecuária nas Fronteiras Internacionais (Vigifronteiras), determinando o prazo de até 90 dias (após a publicação da eventual lei) para o governo definir as regras de política pública.

O Vigifronteiras visa estabelecer um sistema integrado de vigilância agrícola nas fronteiras, para prevenir a entrada de substâncias biológicas que possam causar danos à agricultura e à natureza e produtos agrícolas que não cumpram os padrões de qualidade ou requisitos de segurança exigidos para o consumo.



Fonte: Noticias Agricolas

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