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Petrobras reduz preço do diesel em 9,9% antes de mudança de imposto

Por Roberto Samora e Rodrigo Viga Gaier e Marta Nogueira

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Petrobras informou nesta sexta-feira que vai reduzir o preço médio de venda do diesel às distribuidoras em 9,9% a partir de sábado, já que a empresa busca ajustar seu preço a variáveis ​​como câmbio e valor do petróleo, além de questões de competitividade com o produto importado.

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O preço médio na refinaria cairá de R$ 3,84 para R$ 3,46 o litro, uma redução de R$ 0,38 o litro, segundo nota da empresa.

A queda era esperada pelo mercado, já que os preços da Petrobras estão acima dos valores internacionais e também do produto importado que está chegando ao Brasil, principalmente da Rússia. Os analistas esperaram até que a empresa pudesse reduzir ainda mais o valor.

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Além disso, a alteração do preço da Petrobras ocorre antes mesmo de uma mudança na arrecadação do ICMS estadual, prevista para 1º de maio, o que pode gerar um impacto inflacionário, que será amenizado pela redução do preço na refinaria, segundo analistas.

“Os participantes do mercado viram na recente queda de preços no mercado internacional uma oportunidade para a Petrobras passar por essa redução dias antes da implantação do regime do diesel monofásico, o que tenderia a resultar em aumento do preço do diesel para o final consumidor”, disse o especialista em combustíveis da Argus, Amance Boutin.

“Esta sincronização permite reduzir o efeito inflacionário da reforma do regime fiscal do gasóleo, em linha com os esforços do Governo e do Banco Central”, acrescentou.

Outra consultoria, a StoneX, também mencionou a questão tributária, lembrando que, “entre a redução da refinaria e o aumento do imposto, há uma expectativa de queda no preço do diesel praticado no Brasil”.

A partir do início de maio, será estabelecida uma cobrança ad rem para o diesel e biodiesel de R$ 0,9456 por litro, e não mais percentual, conforme os estados tentam se adequar à lei sancionada no ano passado pelo então presidente Jair Bolsonaro. Uma segunda legislação estabeleceu um limite para a cobrança do ICMS sobre o combustível, sob o argumento de que se trata de um produto essencial, em meio aos esforços para conter a inflação durante o período eleitoral.

ESPAÇO PARA REDUZIR

Para o especialista em energia Adriano Pires, do centro de estudos CBIE, a Petrobras ainda teria espaço para reduzir ainda mais o preço do combustível mais consumido no Brasil.

“Essa queda do diesel já era esperada porque havia um prêmio de 56 centavos por litro de diesel (em relação ao valor externo). Agora, com a redução de 38 centavos, ainda sobra alguma coisa. “, disse Pires.

Segundo ele, o mercado já esperava essa redução na semana passada. “Mas a Petrobras demorou. Continuamos com a política de paridade internacional, há um prêmio, temos que reduzir o preço”, acrescentou Pires.

A Petrobras também pode estar perdendo mercado para o produto importado, o que seria um fator para reduzir o preço.

O produto importado da Rússia está chegando a preços mais baixos, disseram especialistas à Reuters neste mês.

A StoneX também concorda que há espaço para novas reduções nos preços do diesel além da gasolina em um percentual estimado em torno de 9%.

Desde o início do ano, a Petrobras reduziu o preço médio do diesel em cerca de 23%, segundo cálculos da Reuters com base em dados da empresa. Com a redução no sábado, a cotação será a menor desde o início de 2022.

Os especialistas concordam que a Petrobras mantém uma política de preços atrelada ao mercado internacional e ao câmbio.

Mas eles se perguntam, diante de declarações anteriores de membros do governo Lula sobre a política de preços, se ela seria seguida se os preços no mercado externo estivessem subindo.

“Por enquanto, a empresa continua seguindo a paridade de preços, mas resta saber até quando. Segundo as declarações do novo governo, haverá uma nova política de preços considerando aspectos da produção nacional”, disse o consultor e ex-Petrobras Refino diretor Jorge Celestino .

Na véspera, a assembleia de acionistas da Petrobras aprovou os membros do novo Conselho de Administração da empresa no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o que em tese poderia abrir caminho para as estratégias prometidas na campanha e defendidas pelo CEO Jean Paul Prates.

Entre as mudanças prometidas estavam alterações nas políticas de preços e dividendos, além de um novo planejamento para a empresa, que passará a investir na transição energética.

Para o sócio-diretor da Raion Consultoria, Eduardo Oliveira de Melo, a Petrobras pode ter adotado uma postura conservadora ao não reduzir ainda mais o preço do diesel.

“Entendemos que a redução poderia ser maior, mas a Petrobras acabou tomando uma decisão estratégica, após a nomeação do conselho de administração, coincide com isso, de liberar o reajuste parcialmente. Poderia ter tido um reajuste maior, mas adotou em nossa leitura uma postura mais conservadora, aplicando apenas uma parte dela”, disse Melo.

A Petrobras, por outro lado, disse que a redução de preços “tem como principais objetivos a manutenção da competitividade de preços da empresa em relação às principais alternativas de abastecimento de seus clientes e o market share necessário para a otimização dos ativos de refino”.

A empresa reforçou ainda que “na formação dos seus preços procura evitar o repasse da volatilidade do mercado internacional e da taxa de câmbio, preservando ao mesmo tempo um ambiente concorrencial saudável nos termos da legislação em vigor”.

(Por Roberto Samora, Rodrigo Viga Gaier e Marta Nogueira; edição de Letícia Fucuchima)



Fonte: Noticias Agricolas

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