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Queda no preço do milho

    Queda no preco do milho

    Os preços do milho em Chicago também recuaram nesta semana, aliás, mais uma vez. O fechamento da quinta-feira (18) foi de US$ 5,55/bushel, contra US$ 6,32 na semana anterior. Esse valor já é o menor desde o início de novembro de 2021. Um dos motivos para essa queda está no relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado em 12/05, que indica safra importante nos EUA e no mundo para 2023/ 24. Além disso, com o clima positivo no país norte-americano, o plantio do cereal avança rapidamente neste momento, provocando uma pressão baixista.

    Já o relatório aponta que a projeção de safra nos EUA, para o milho, é de 387,8 milhões de toneladas, contra 348,8 milhões um ano antes. São 39 milhões de toneladas a mais, portanto. Ou seja, se esse volume se confirmar, os EUA aumentarão sua safra de milho acima de toda a produção de milho verão do Brasil. Com isso, os estoques finais dos EUA atingiriam 56,4 milhões de toneladas em 2023/24, um aumento de 56,7% em relação ao ano anterior. Assim, o preço médio do milho ao produtor norte-americano, no ano novo, é esperado em US$ 4,80/bushel, contra US$ 6,60 em 2022/23. A produção mundial de milho, pela primeira vez na história, chegaria a 1,219 bilhão de toneladas, ganhando 6% sobre o volume do ano anterior. Os estoques finais mundiais seriam de 312,9 milhões de toneladas, contra 297,4 milhões no ano anterior. A produção total brasileira, para o novo ano-safra, está estimada em 129 milhões de toneladas, enquanto a da Argentina está prevista em 54 milhões.

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    Veja os preços do milho AQUI.

    Mesmo assim, o plantio de milho nos EUA, até 14/05, atingiu 65% da área prevista, contra 59% da média histórica para esta data. Do milho já semeado, 30% da área germinou, contra 13% no ano anterior. Por sua vez, na semana encerrada em 11/05, os embarques de milho pelos Estados Unidos somaram 1,17 milhão de toneladas, próximo ao limite superior esperado pelo mercado. No total do ano comercial, até agora, os embarques somam 26 milhões
    toneladas, 33% inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior.

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    E aqui no Brasil, os preços do milho continuaram com tendência de queda. A média gaúcha fechou a semana em R$ 59,29/saca, enquanto nos principais centros de comercialização do Rio Grande do Sul o valor foi de R$ 55,00/saca. Já nos demais mercados nacionais, os preços oscilaram entre R$ 43,00 e R$ 54,00/saca.

    Os preços são pressionados pela excelente safra que se aproxima e pela desaceleração das exportações nacionais do cereal, além da queda dos preços mundiais.

    Nesse contexto, a Conab anunciou nesta semana seu 8º levantamento da safra 2022/23 e avançou uma produção final de soja de 154,8 milhões de toneladas, enquanto para o milho o volume final foi de 125,5 milhões de toneladas, com aumento de 11% em relação à anterior ano, com a segunda safra nacional contribuindo com 96,1 milhões desse total. Vale destacar o excelente desempenho da entressafra goiana, com produção total de 17,7 milhões de toneladas, contra crescimento de 37,8% na segunda safra. A produtividade média em Goiás atingiria
    6.411 quilos/hectare (106,8 sacas/hectare), com aumento de 41% em relação ao ano anterior.

    Diante dessas altas, que se espalharam pela maior parte do Centro-Sul do país, os preços despencaram e não havia onde armazenar o produto, forçando as vendas a acelerar.

    Enquanto isso, o Paraná informa que 1% de suas lavouras de entressafra estão em maturação, 30% em frutificação, 36% em floração e 33% ainda no chamado repouso vegetativo. Cerca de 92% das lavouras estão em boas condições e 8% em condições médias, indicando também uma excelente safra pela frente. (cf. geral)

    Finalmente, as exportações de milho do Brasil continuaram lentas em maio. Segundo a Secex, foram embarcadas 76.079 toneladas nos nove primeiros dias úteis do mês, representando apenas 7% do total embarcado em todo o mês de maio de 2022. Com isso, a média diária de embarques caiu para 82,9% em relação ao ano anterior. E se as exportações não decolarem a partir de julho, não haverá contrapartida para a safra recorde. Com isso, praticamente desaparecem as possibilidades de recuperação dos preços domésticos do milho no segundo semestre. Nesse sentido, para as próximas semanas são esperadas novas quedas de preços em diversas regiões do país. Aqui no Rio Grande do Sul, o recuo só não é maior porque houve outra quebra parcial da safra e o Estado é tradicional importador do cereal.

    Do lado das exportações, há esperança de que a China busque mais intensamente o milho brasileiro, já que recentemente cancelou as compras do produto norte-americano. Resta saber se tal cancelamento não representaria uma acomodação no consumo interno chinês, fato que também não favoreceria as vendas do cereal brasileiro.

    A análise é do Centro Internacional de Análise Econômica e Estudos de Mercados Agrícolas – CEEMA

    Fonte: Agro