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Quando teremos a tão esperada queda da taxa Selic? – Meio de Estudos Avançados em Economia Aplicada

    Quando teremos a tão esperada queda da taxa Selic? - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada

    Nos últimos meses, grande atenção se voltou para o Banco Mediano (Bacen), mais especificamente para a diretoria do Copom (Comitê de Política Monetária) – responsável por definir a taxa básica de juros da economia, a famosa taxa Selic –, uma vez que que está em níveis relativamente altos. Mas, finalmente, por que todos os agentes econômicos (empresas, famílias e setor público) têm escoltado de perto as ações do Copom em relação à definição da Selic?

    A taxa Selic[1] é o instrumento que o Bacen utiliza para controlar a inflação e, por ser a base, influencia todas as demais taxas de juros do país, uma vez que empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Dessa forma, à medida que sobe, encarece o crédito para empresas e famílias e aumenta a remuneração dos poupadores da economia, gerando um resfriamento do consumo, reduzindo, por consequência, a pressão de uma provável inflação da demanda sobre a economia. Por outro lado, faz com que as empresas adiem ou mesmo descartem novos investimentos, pois aumenta o dispêndio de capital e aumenta o dispêndio de oportunidade dos investimentos. No caso do setor público, o dispêndio do serviço (ou manutenção) da dívida pública cresce, devido à urgência de geração de maior volume de recursos para o pagamento dos juros da dívida pública.

    O contrário ocorre quando a Selic recua; e, quando o Bacen não quer estimular ou desestimular a economia, define uma taxa neutra, um valor da Selic que manteria a taxa de inflação na meta e seria neutra no nível de atividade econômica (PIB – Resultado Interno Bruto). É importante que o quadro fiscal da economia seja adequado para conciliar essa taxa neutra, de forma a prometer a solvibilidade do país, considerando assim o seu nível de endividamento.

    Variável relevante para a política monetária na norma do valor da taxa Selic pelo Copom, e que é definida no projecto de metas[2] do Bacen, é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Vasto), calculado pelo IBGE (Instituto Brasílio de Geografia e Estatística) e serve uma vez que medida da variação de preços de uma cesta de produtos importantes para as famílias – uma vez que vitualhas , transporte e ensino. A meta refere-se à inflação (valor do IPCA) acumulada no ano e, para 2023, é de 3,25. Mas é permitido que seu valor feche o ano dentro de uma tira de 1,5 ponto percentual (pp) para mais ou para menos que o meio da meta. Ou seja, se o IPCA fechar 2023 com seu valor reunido entre 1,75% e 4,75%, a inflação brasileira estará dentro do pausa da meta definida pelo Copom.

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    A Figura 1 mostra a evolução temporal da taxa Selic nominal, valores mensais da taxa efetiva divulgados pelo Bacen; do IPCA e da taxa Selic Real, que é calculada a partir da taxa nominal descontando o valor do IPCA (inflação solene).

    De janeiro de 2000 a maio de 2023, ocorreram seis ciclos de altas mais fortes da Selic. Esses ciclos coincidem com momentos de crise na economia brasileira – que pode ter sido influenciada por uma crise internacional, uma vez que a crise financeira de 2007/2008, ou não, uma vez que no caso do pico de 2016, que ocorreu uma vez que uma correção posteriormente uma redução injustificada da taxa. Naquele ano, também houve uma queda significativa na safra agrícola, provocando um aumento da inflação. O início do último grande ciclo de incremento ocorre justamente a partir de 2021, devido aos efeitos da pandemia e da guerra na Ucrânia sobre a oferta e demanda agregada na economia mundial.

    Em universal, a curva nominal da Selic segue a curva do IPCA, com certa defasagem, ou seja, à medida que a inflação aumenta, o Copom, que a observa a cada reunião, avalia a urgência de engrandecer os juros, ou, a partir do momento em que a inflação diminui , considera o momento de encolher os juros. Isso ocorre quando se espera que haja uma queda persistente espalhada pelos preços da economia, de modo que haja certa certeza de que não é um tanto sazonal e que não há risco de subida de preços. Embora levar a inflação para o pausa da meta seja uma decisão técnica, nem sempre isso acontece na mesma velocidade, uma vez que pode ser visto na Figura 1, que mostra um processo de queda mais rápida da taxa nominal no ciclo de altas em 2003 do que em a observada em 2006, por exemplo.

    A decisão sobre o valor da Selic leva em consideração o processo de convergência da inflação para a tira da meta e os riscos associados a esse processo de convergência, uma vez que uma subida pode ser causada por um novo aumento de preço (de produtos domésticos ou mercados internacionais) e uma desvalorização da moeda.

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    Na Figura 1, pode-se observar que a curva nominal da Selic vem se mantendo há qualquer tempo em seu patamar ressaltado, sugerindo baixa verosimilhança de novas altas, mantidas as atuais perspectivas econômico-financeiras, principalmente do quadro que emergirá da crise fiscal decisões tomadas no parlamento. Ou por outra, observa-se que a inflação acumulada (IPCA) em 12 meses foi de 3,94% em maio, dentro do pausa da meta. Ou por outra, a taxa de juros real (Selic real) situou-se em 9,17% aa em maio, taxa que tem sido extremamente elevada e eficiente em manter o incremento do consumo e da produção das famílias e das vendas das empresas em níveis baixos. – conforme resultado dos componentes do PIB do primeiro trimestre de 2023 divulgado pelo IBGE[3].

    O relatório do IBGE também traz notícias bastante favoráveis ​​em relação à produção agrícola, que cresceu quase 22% no primeiro trimestre de 2023. Esse aumento na produção agrícola é uma boa notícia, pois o aumento da oferta deve contribuir para sustar a inflação nos próximos meses . Isso porque o aumento da produção de grãos tem impactado na redução de seus preços, sendo o milho e a soja, por exemplo, matérias-primas importantes para a produção de rações e óleos vegetais, o que, por sua vez, pode influenciar na redução preços de carnes, farinhas, leites, ovos, óleos, peixes, margarinas, produtos de limpeza e até biodiesel. Pesquisa do Cepea mostra que uma queda de 10% no preço da soja tem potencial de reduzir o preço do óleo de soja em quase 5%, o que é captado pelo IPCA da soja; e no caso do milho, uma queda de 10% em seu preço tem o potencial de reduzir o preço do leite em aproximadamente 3%, entre outros impactos.

    Além do biodiesel, surgiu um cenário favorável (e pouco esperado) no mercado internacional com a queda do preço do petróleo. No início de junho, o Banco Mediano divulgou seu indicador de preços de commodities, o IC-Br[4]. Leste indicador mostra uma redução nos preços de todos os tipos de commodities, tanto agrícolas quanto metálicas e energéticas. A queda em 12 meses do IC-Br formado é de 20%, com a maior taxa vindo do setor de robustez, cujos preços caíram 46% em 12 meses. Em maio/23, frente a abril/23, o indicador ainda aponta queda de 4,7%, sendo 3,3% referentes à queda das commodities agrícolas; 4,7% para commodities metálicas; e 9,9% para bebidas energéticas.

    Diante dessas informações, analistas do mercado financeiro (mais focados no limitado prazo), que no início do ano esperavam que o IPCA fechasse 2023 próximo a 6%, já o veem dentro do pausa da meta de inflação para leste ano. Desta forma, o sobrou da Selic é considerada muito provável pelos agentes de mercado; O Quandomas, ainda depende fundamentalmente da avaliação dos membros do Copom sobre o cenário fiscal para leste e os próximos anos, que se encontra em definição política.

    Figura 1. Evolução mensal das taxas efetivas anualizadas – Selic e IPCA (índice solene de inflação)

    Manancial: Elaborado pelo responsável com base em dados do Instituto Brasílio de Geografia e Estatística (IBGE) e Bacen (Banco Mediano do Brasil)

    **Leste texto não reflete, necessariamente, a opinião do Jornal Do Campo**

    Fonte