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Quais culturas tolerantes à seca impulsionam a agricultura?

    Quais culturas tolerantes a seca impulsionam a agricultura

    O Brasil enfrentou a pior seca do século passado em 2021, com mais de 2.000 municípios e sete estados com 100% de seu território afetado pela seca. As mudanças climáticas podem comprometer a existência da agricultura no Cerrado, segundo o pesquisador Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

    No entanto, o agronegócio brasileiro é conhecido pelos avanços tecnológicos, principalmente no que diz respeito à genética de cultivos. Isso permitiu a tropicalização de diversas culturas no passado e agora pode garantir a sobrevivência das lavouras a um estresse hídrico mais intenso com a manutenção da produtividade.

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    Mudanças morfológicas para resistir à seca

    As modificações genéticas visam reduzir a perda de água e aumentar a absorção de água. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

    As plantas tendem a perder mais água por evapotranspiração e têm mais dificuldade em extrair nutrientes pelas raízes durante os períodos de seca. Como consequência do calor e da restrição dos recursos hídricos, as plantas apresentam menores taxas de crescimento, comprometendo sua fisiologia e até morrendo.

    O melhoramento genético, seja por seleção artificial de plantas ou por edição de genes, permite adaptações morfológicas para reduzir a perda de água e aumentar a absorção de água. Entre as principais estratégias estão a redução de áreas foliares e maior desenvolvimento radicular.

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    Confira abaixo as adaptações das principais culturas do país.

    Soja

    A produção de soja no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul na safra 2021/2022 foi prejudicada pelo longo período de seca. Mais de 95% do grão é cultivado sob sequeiro, com necessidade de 450 mm a 800 mm de chuva durante a estação para atingir a produtividade máxima.

    A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em colaboração com institutos de pesquisa do Japão, conseguiu inserir um gene rudimentar em sementes modernas de soja. Com isso, conseguiram tornar a cultura pelo menos 15% mais resistente à seca, necessitando apenas de 380 mm de precipitação para o desenvolvimento da cultura.

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    Milho

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    A seca causou uma quebra na primeira safra de milho no sul do Brasil. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

    O O milho é uma cultura extremamente sensível à seca. Dois dias de estresse hídrico durante a floração podem fazer com que os rendimentos caiam mais de 20%, e se o período for entre quatro e oito dias, os rendimentos podem cair pela metade. Isso ocorre porque as plantas fecham seus estômatos e passam a consumir suas reservas.

    Sementes de milho tolerantes à seca foram desenvolvidas utilizando técnicas de seleção genética e transgênicas. A Pioneer lançou dois híbridos que prometem um aumento de produção de 8% na estação seca; enquanto a Bayer testa plantas geneticamente editadas para serem mais curtas e mais resistentes às mudanças climáticas.

    Cana de açúcar

    Os canaviais precisam de 1.200 mm de água distribuídos ao longo do ano para proporcionar um desenvolvimento adequado. Sob escassez de água, as raízes das plantas têm dificuldade de crescer, impactando na absorção de nutrientes e na evolução dos caules (onde o açúcar é armazenado).

    A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) desenvolveu a variedade RB0442, por meio de um aperfeiçoamento clássico. Genes de rusticidade, longevidade e alto desempenho foram utilizados para proporcionar um ganho de produtividade de 24,5% e um aumento de 11,5% no teor de açúcar sob estresse hídrico.

    Trigo

    O O trigo é tradicionalmente uma cultura de inverno reservada para latitudes mais altas, como Sul do Brasil e Argentina, que necessita de alta disponibilidade hídrica para seu desenvolvimento. As áreas irrigadas com a lavoura apresentam uma produtividade média três vezes maior do que as lavouras de sequeiro.

    Assim, o cerrado brasileiro, obviamente, não é um ambiente adequado para o cereal. No entanto, a Embrapa desenvolveu uma variedade resistente à seca, que pode liberar mais de 2,7 milhões de hectares da Região Central do Brasil para o plantio do grão e ajudar a reduzir a dependência das exportações.

    Quer saber mais? Conheça a opinião de nossos parceiros especialistas sobre os principais temas do agronegócio.

    Fonte: Fundação Roge, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Reuters, Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

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    Fonte: Agro