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Pesquisas do IAC e APTA ajudam a reduzir danos causados ​​por…

    Pesquisas do IAC e APTA ajudam a reduzir danos causados

    Estudos do Instituto Agronômico (IAC) e da Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio (APTA) mostram que é possível reduzir em 30% os danos causados ​​pelo percevejo-preto na cultura do amendoim. Essa mesma redução foi observada na população desse inseto, que vive no solo e causa prejuízos qualitativos ao agronegócio dessa oleaginosa, que tem São Paulo como principal estado produtor e onde 80% das lavouras estão instaladas com cultivares IAC.

    Esses resultados foram obtidos com o uso de fontes de enxofre em aplicações foliares e rebocos para reduzir a população de insetos e, consequentemente, a redução de seus danos aos grãos. “A ideia é utilizar esses recursos de forma integrada e avaliar se é possível melhorar o controle dessa praga. Também estamos fazendo isso com o tratamento de sementes com o inseticida fipronil, que hoje é uma das ferramentas que observamos para controlar esse inseto”, explica Marcos Doniseti Michelotto, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

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    É uma praga importante porque, embora não reduza a produtividade, afeta muito a qualidade do grão, que perde a condição de ser comercializado in natura. “Esse dano é descoberto na unidade de processamento, principalmente quando o grão é branqueado, ou seja, a pele foi retirada. Nessa etapa do beneficiamento, fica exposto o dano causado pelo inseto, que se alimenta do grão ainda na vagem, no solo”, explica. Nesse caso, os grãos danificados são utilizados para fins que pagam menos, como a produção de óleo, e os prejuízos são arcados pelos processadores.

    Segundo o cientista, o percevejo é a principal praga de solo do amendoim e sua ocorrência tem aumentado nos últimos anos no estado de São Paulo. O crescimento populacional dessa praga ocorre a partir dos 90 dias após a semeadura. Este período coincide com a fase reprodutiva da cultura, reforçando os danos à lavoura.

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    Os experimentos IAC e APTA são realizados desde 2017, principalmente nos municípios paulistas de Pindorama e Ribeirão Preto.

    pragas-chave de amendoim

    O amendoim possui algumas pragas-chave, assim chamadas porque ocorrem em todas as lavouras dessa cultura. Há aquelas que atacam a parte subterrânea da usina e outras que atingem sua estrutura aérea. Uma das principais pragas da parte aérea são os tripes e no amendoim existem duas espécies: o tripes prateado e o tripes das flores. O primeiro é um inseto que causa danos diretos à cultura ao se alimentar de folículos de plantas jovens. “À medida que a planta emite novos folíolos, os atacados se abrem e o dano fica exposto e, dessa forma, os sintomas de prateamento dos folículos tornam-se visíveis. Esse ataque reduz o desenvolvimento vegetativo das plantas, diminuindo a área foliar e, consequentemente, a produção de vagens”, acrescenta.

    Quando não controlado, o ataque do tripes abre as portas para a sarna, doença fúngica que afeta a parte aérea da planta. Dependendo da gravidade da ocorrência, a planta seca e tem perda de produtividade. “O controle desse inseto é feito com inseticida aplicado regularmente ao longo do ciclo, que pode totalizar de sete a dez aplicações, elevando o custo de produção”, afirma.

    Mas, a boa notícia é que existem manejos que podem ser adotados, como o monitoramento do inseto. Com o monitoramento, é possível reduzir o número de aplicações, que passam a ser feitas de acordo com a densidade populacional do inseto. No entanto, os produtores acham difícil monitorar isso. “Como eles já vão fazer os pedidos de controle da doença, eles já fazem o controle do tripes de forma programada. Como o controle da doença é feito de forma preventiva, protetora e programada, junto com esses fungicidas, haverá também um inseticida para esse tripes”, comenta.

    A outra espécie, o tripes das flores, não causa danos diretos à planta ao se alimentar dela, mas transmite doenças causadas por vírus, chamados vírus. Nesses casos, a intensidade de ocorrência oscila de ano para ano, mas também são importantes para o amendoim.

    A região da Alta Paulista, importante produtora de amendoim, registra a maior ocorrência desse vírus desde 2014. “Os inseticidas, embora controlem os tripes, não são eficazes para reduzir a incidência da doença. Nesse caso, recomendamos o plantio de cultivares mais tolerantes, como IAC 503, IAC 505 e IAC OL5, e evitar o plantio tardio de cultivares mais suscetíveis, como IAC OL3 e Granoleico”, recomenda.

    Além disso, o controle do vírus deve ser baseado no uso integrado de métodos. Os pesquisadores do IAC recomendam o uso de variedades mais tolerantes e o plantio com estande maior, em fileiras duplas e em palha.

    Segundo Michelotto, a equipe também está realizando estudos que mostram a redução da incidência de tripes e viroses quando o amendoim é semeado diretamente na palha. “No caso dos tripes, a redução é observada nos primeiros 30 a 40 dias após a semeadura. Mas em termos de redução percentual de plantas com vírus, observou-se até 50%”, relata.

    No entanto, ainda são poucos os produtores que adotam a técnica de plantio direto, que consiste em instalar a lavoura sobre a palha seca da safra anterior.

    Outras linhas de pesquisa estão em andamento. “Temos experimentos com o uso de produtos biológicos para controle de percevejos, tripes e doenças fúngicas foliares. Esses trabalhos estão sendo realizados em parceria com a iniciativa privada e com o Instituto Biológico”, finaliza.



    Fonte: Noticias Agricolas