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Perspectivas e oportunidades para a agricultura de baixo carbono

    Perspectivas e oportunidades para a agricultura de baixo carbono

    Summit/Produzindo Certo/Charton Locks: poucos produtores têm assistência técnica no país e menos sobre sustentabilidade

    Por Tânia Rabello e Isadora Duarte

    São Paulo, 09/11/2022 – Uma das principais deficiências para que o agronegócio se torne mais sustentável no Brasil é a falta de assistência técnica e mais: assistência técnica especializada em práticas ambientais, afirmou hoje o diretor de Operações da Produzindo Certo, Charton Locks , durante o Summit Agro 2022, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo🇧🇷

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    Segundo ele, o país tem cerca de 2,7 milhões de extensionistas, “mas nem todos são capacitados para verificar a adequação ambiental das propriedades rurais”. Tanto que a Produzindo Certo foi selecionada pelo Land Innovation Fund (LIF), fundo que promove soluções de inovação, para formar extensionistas com conhecimento em sustentabilidade. “O objetivo do programa é democratizar a assistência técnica para a agricultura, independente do porte do produtor rural, seja ele pequeno, médio ou grande”, reforçou.

    Em relação às métricas para medir a sustentabilidade dos produtores rurais, a Produzindo Certo desenvolveu 90 indicadores para medir a adesão dos produtores em relação a eles. “Com essa métrica é possível tangibilizar essas práticas”, acrescentou. Porque, para o produtor rural, embora tenha um interesse crescente pela sustentabilidade, é preciso abordar a questão da sustentabilidade de forma pragmática. “Ele olha para nós e pergunta o que tem que fazer para ser mais sustentável.” Assim, os extensionistas que serão capacitados pelo Produzindo Certo serão capacitados nesse sentido, para entender e aplicar os indicadores na prática.

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    Essas métricas são essenciais, segundo Lochs, para que o agricultor “entregue mais valor, além de gerar sustentabilidade”. Atualmente, o Produzindo Certo já possui 6,5 milhões de hectares sob manejo sustentável com assistência técnica e a meta, até o ano que vem, é aplicar mais meio milhão de hectares neste sistema. “Também vamos oferecer um curso por mês, gratuito para profissionais do agro, para capacitar pessoas, deste mês até novembro do ano que vem.”

    Summit/Produzindo Certo/Locks: metodologias para cálculo de créditos de carbono ainda são muito caras

    Por Isadora Duarte e Tânia Rabello

    São Paulo, 09/11/2022 – Um dos desafios para viabilizar o mercado de carbono na agricultura é o alto custo das metodologias de mensuração do balanço de carbono e, consequentemente, do cálculo do crédito, segundo o diretor de Operações da Produzindo Certo , plataforma que certifica propriedades agrícolas em conformidade socioambiental, Charton Locks. “Hoje no Brasil temos uma agricultura que emite cada vez menos carbono por quilo de produto produzido. O problema é o custo de cálculo do crédito de carbono. As empresas investem muito em sensores para que o custo de transação diminua”, disse Locks durante o Agribusiness Brazil Summit 2022 “Challenges Ahead”, promovido pela Estadão, que teve início na última segunda-feira (7) e segue até hoje. Ele citou um projeto de crédito de carbono no Mato Grosso, acompanhado pela Produzindo, em que apenas a arrecadação da linha de base custará seis vezes o valor do crédito.

    Na avaliação da Locks, o custo de cálculo dos créditos de carbono pode ser reduzido caso o país enfrente desmatamento ilegal no país. “O desmatamento pesa muito na cesta de produtos do que é produzido. A pegada da soja brasileira devido ao desmatamento é de 600 kg de CO2 equivalente por tonelada produzida. Se você tirasse o desmatamento, isso cairia pela metade”, disse ele.

    Locks informou que algumas empresas desenvolveram metodologias próprias para créditos de carbono. “Vejo como uma grande oportunidade para os produtores brasileiros participarem. Foi lançada uma ronda de investidores e pretendem não descurar o contributo da agricultura de 1,5 graus para a temperatura global em tempos pré-industriais e colocar o produtor no centro”, afirmou. Ele acrescentou que a maioria das empresas está inclinada a estabelecer uma data limite para restringir o desmatamento em sua cadeia, mas considerou que, para isso, as empresas precisam conhecer a pegada de carbono de seus fornecedores.” Isso pode servir como uma barganha do produtor porque a indústria assumiu um compromisso com seus investidores. Há uma expectativa de que esse mercado privado valorize a produção de baixo carbono no Brasil”, afirmou.

    Também presente ao evento, o presidente da Yara no Brasil, Marcelo Altieri, avaliou que o caminho é a rede trabalhar o compromisso de reduzir o carbono de forma integrada. “Iniciamos esse caminho na Yara em 2005 e desde então reduzimos 45% das emissões. E para 2030 baixaremos mais 30% e em 2050 estaremos neutros em carbono”, apontou. Ele acrescentou a necessidade de um marco regulatório para o mercado de carbono. “É preciso ser forte para incentivar essa produção de grãos com baixas emissões. E a união dos setores público e privado com a cadeia produtiva para encontrar oportunidades e poder reduzir. Já é uma realidade e temos que ampliar”, afirmou.

    Summit/Regrow/Renato Rodrigues: Agricultura brasileira sofre com desmatamento e pastagens degradadas; é ótima oportunidade

    Por Isadora Duarte e Tânia Rabello

    São Paulo, 09/11/2022 – A pecuária brasileira, principalmente a de corte, tem imenso potencial ambiental a partir da recuperação de pastagens, afirmou hoje o líder regional para América Latina da Regrow, Renato de Aragão Ribeiro Rodrigues. Hoje, ele participou de painel sobre créditos de carbono no Summit Agro 2022, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo🇧🇷 “O Brasil tem 180 milhões de hectares de pastagens, dos quais 100 milhões de hectares estão degradados ou abaixo da capacidade produtiva”, acrescentou.

    Nesse contexto, o setor agropecuário brasileiro também tem, conseqüentemente, “imenso potencial” para participar do mercado de créditos de carbono. Ele citou práticas como a agricultura de baixo carbono, contemplada no Plano ABC. “Este plano é o mais consistente do mundo em termos ambientais”, assegurou.

    Rodrigues disse que os produtores são sustentáveis ​​e querem participar do mercado de créditos de carbono. “Mas o Brasil ainda carece de desmatamento e pastagens degradadas”, disse, lembrando, porém, que justamente as pastagens degradadas “são uma grande oportunidade de sequestro de créditos de carbono (se reformados e intensificados)”. Outro ponto a ser trabalhado, segundo Rodrigues, é a imagem do produtor rural nas áreas urbanas, “onde ele ainda é o vilão”, mas ninguém vê que ele quer melhorar ainda mais sua produção. “Na Europa, o produtor é um herói nacional.”

    Para Rodrigues, a agricultura brasileira já utiliza tantas práticas ambientais que às vezes fica difícil mitigar mais carbono em propriedades mais técnicas. “Os agricultores brasileiros estão muito à frente”, garantiu. “Se compararmos um produtor brasileiro com um americano, a distância é enorme, tanto que é mais fácil mitigar carbono nos EUA do que no Brasil (dada a falta de sustentabilidade da agricultura nos EUA)”, garantiu. “Se o produtor dos EUA usar o plantio direto, isso já gera créditos de carbono para ele.”

    O grande gargalo no Brasil, porém, ainda é a assistência técnica e o crédito em grande escala, disse o executivo, além do desmatamento.

    Summit/Yara Brasil/Marcelo Altieri: o agro tem boas práticas ambientais e precisa aprender a monetizá-las

    Por Isadora Duarte e Tânia Rabello

    A indústria de créditos de carbono já é uma realidade e, para o futuro, haverá, especificamente para a agricultura brasileira, mais demanda do que oferta. “O Brasil tem boas práticas ambientais, mas precisa aprender a monetizá-las”, disse hoje o presidente da Yara no Brasil, Marcelo Altieri. Ele participou de painel sobre o tema no Summit Agro, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo🇧🇷 Para ele, o agronegócio brasileiro “está na vanguarda em termos de sustentabilidade e tem como ponto forte um marco regulatório importante, que é o Código Florestal”, afirmou. “Mas precisa ser implementado.”

    Altieri também defendeu que o agricultor brasileiro já possui muitas práticas sustentáveis, como rotação de culturas, cultivo integrado e plantio direto. “Mas precisamos ter uma certificação dessas boas práticas”, acrescentou. “Em outras palavras, temos que transformar a preservação do meio ambiente em um bom negócio.” Em sua opinião, a agricultura brasileira “tem um grande potencial”, e não só no campo, “mas em toda a cadeia produtiva de alimentos”.

    Nesse contexto, ele citou uma tendência atual, que é a agricultura regenerativa e que a Yara trabalha nesse sentido, com a produção de fertilizantes verdes. “São fertilizantes minerais, mas produzidos com energia 100% renovável, como o biometano”, informou, acrescentando que na Europa a Yara também utiliza energia eólica em seus processos produtivos.

    Outra frente de atuação são as pesquisas para a substituição de fertilizantes nitrogenados por nitratos. Segundo Altieri, o nitrogênio aplicado nas lavouras tem boa parte lançada na atmosfera, o que não acontece com os nitratos, que é uma tecnologia já disponível e garante 90% menos emissões na atmosfera em relação ao nitrogênio. “Só falta a produção em escala industrial para uso amplo do agricultor, que pode repor automaticamente”. De qualquer forma, segundo Altieri, o agricultor já tem a opção da uréia verde.

    Sobre os processos produtivos próprios da Yara, Altieri informou que a empresa já reduziu 45% das emissões de carbono desde 2005, deve reduzir mais 30% no ano que vem e, em 2030, atingir o “net zero”, ou seja, neutralizar 100% das emissões.

    Summit/Insper/Jank: Vilão do Brasil na Cop-27 é o desmatamento ilegal, mas vamos levar muita coisa boa

    Por Tânia Rabello, Isadora Duarte e Vinicius Galera, especial da Agência Estado

    São Paulo, 09/11/2022 – Embora o vilão da imagem do agronegócio brasileiro no exterior ainda seja o desmatamento ilegal, o Brasil poderá apresentar “muita coisa boa” na 27ª Conferência do Clima, que acontece até o dia 18 no Egito, disse o professor sênior de agronegócio global e coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, que participou nesta manhã de painel sobre a China no Summit Agro 2022, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo🇧🇷

    Ainda segundo ele, o desenvolvimento de uma agricultura altamente eficiente e sustentável no Brasil é uma solução para as economias globais emergentes. Segundo ele, quem viajará amanhã para participar das discussões da COP-27, os países e, principalmente as empresas, que desde a última COP-26, em Glasgow, na Escócia, tiveram participação ativa, devem apresentar na conferência compromissos para reduzir as emissões, incluindo net zero (neutralização completa das emissões de carbono).

    “Há muita coisa acontecendo no mundo que afeta nossa economia. Reconheço que o Brasil tem um lado vilão, que é o desmatamento ilegal, e seremos questionados sobre isso, mas temos a solução, que é a agricultura de baixo carbono (ABC), temos energia renovável em larga escala, enquanto na Europa a base de energia é fóssil, por exemplo”, disse.

    Segundo Jank, é importante que o Brasil concentre seus esforços nas discussões sobre as demandas produtivas e ambientais de seus principais parceiros, como a China. Ele diz que hoje a Europa representa 16% das exportações brasileiras, enquanto a China responde por quase 40% e a Ásia, como um todo, 66%. “Essa questão das exportações, do que a Europa vai querer ou não, nos afeta muito menos hoje do que há 20 anos”, avaliou.

    “Nossa questão é discutir nossas soluções com a China e outros mercados emergentes. O que será discutido é o exemplo de um modelo de produção que gera segurança alimentar, climática e produtiva. O Brasil tem tudo. Somos principalmente uma solução para economias emergentes.

    Assista ao evento em: https://www.youtube.com/watch?v=Pu4p_B9Z3Hw

    Contacto: [email protected]; [email protected]

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    Fonte: Agro