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Mitos e verdades sobre o uso de agrotóxicos na cultura do tabaco

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O blog Empreendedores do Campo, disponível no site do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), entrevistou o presidente da entidade, Iro Schünke, sobre os mitos e verdades sobre o tabaco e sua relação com os agrotóxicos. Além de sua vasta experiência no setor tabagista, Schünke também é agrônomo por formação. Confira abaixo:

É verdade que o tabaco é a cultura que mais usa agrotóxicos?

Iro Schünke: Esse é um dos motivos que justificam a comunicação como um dos pilares do SindiTabaco. Desmistificar mitos como este tem sido um dos nossos principais objetivos. O fumo brasileiro está entre os produtos agrícolas comerciais que menos utilizam agrotóxicos, segundo quatro diferentes levantamentos. O mais recente, realizado por professores da ESALQ/USP com dados do SINDVEG (2016), aponta que a cultura do fumo utiliza em média 1,01 kg de princípio ativo por hectare, quantidade bem inferior a outras culturas que utilizam até 45 vezes mais ingrediente ativo por hectare. Ou seja, não é verdade que o tabaco usa muitos agrotóxicos.

Por que você acredita que a premissa acima continua a ser relatada incorretamente?

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Iro Schünke: Por ter um produto final polêmico, a cadeia produtiva do tabaco fica mais vulnerável a ataques. Por isso temos investido cada vez mais na comunicação de nossas conquistas, pois o setor fumageiro é, de fato, um exemplo para outros setores, não só na área de saúde e segurança, mas também nas áreas social e ambiental. Ao opinar sobre determinado tema, temos que estar munidos de informações baseadas em fatos, com dados atualizados e fontes oficiais. Essa é a conduta que seguimos, mas infelizmente nem todos seguem. Existem também alguns casos em que notamos alguma confusão ou falta de conhecimento ao tratar do assunto, que é bastante técnico. Um exemplo é quando ouvimos que determinado setor utiliza “x” litros de agrotóxicos. O que determina a toxicidade do agrotóxico é a composição do produto [os chamados ingredientes ativos] e não o volume aplicado, seguindo a mesma lógica de medicamentos como o paracetamol: a mesma cápsula pode conter 250mg, 500mg, 750mg ou até 1g do princípio ativo. Passar a ver o agrotóxico como uma espécie de “remédio” para as lavouras poderia desmistificar tudo isso: prescrito na dose certa, cura; na dosagem errada e sem os cuidados necessários para sua aplicação, pode sim virar um veneno.

Os pesticidas usados ​​no tabaco são mais tóxicos do que os usados ​​em outras culturas?

Iro Schünke: Outro mito. Quando consideramos as Classes Toxicológicas dos produtos utilizados, quase todos são registrados no MAPA e classificados pela ANVISA nas categorias 4 e 5, ou seja, um produto com pouca toxicidade e um produto com pouca probabilidade de causar danos agudos (ambas as faixas azuis ) e categoria de produto não classificada (faixa verde). Nenhum produto da faixa vermelha – a mais tóxica – é recomendado por nossas empresas associadas aos fumicultores.

Pesquisas associam o uso de organofosforados a problemas de saúde. Como o setor lida com a questão?

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Iro Schünke: Os organofosforados são um tipo de inseticida que não é mais recomendado na produção de tabaco há muitos anos. Mas vale ressaltar que a intoxicação por agrotóxicos só acontece se o produtor não utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPI) ou não seguir as orientações de segurança.

Você acredita que os fumicultores ainda resistem ao uso de EPI?

Iro Schünke: O uso correto dos EPIs no manuseio e aplicação de agrotóxicos é fundamental, mas ainda gera resistência por parte de alguns produtores. Cartilhas, campanhas de mídia e seminários de conscientização fazem parte dos investimentos do setor para reforçar as orientações técnicas repassadas e tentar mudar a questão cultural de que proteção não é necessária. Ressalta-se que o setor fumageiro é a única cadeia produtiva organizada que conta com assistência técnica gratuita e trabalhos de orientação e conscientização dos produtores sobre o uso correto dos EPIs. Pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com fumicultores da região Sul do país, constatou que, em 2016, 85% já haviam realizado cursos sobre manuseio seguro de agrotóxicos (NR 31). Além disso, o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) é obrigatório e previsto no contrato com as empresas integradoras, sendo os equipamentos disponibilizados a preço de custo aos produtores.

E quanto ao meio ambiente? Os produtos utilizados têm potencial para contaminar o solo e a água?

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Iro Schünke: Todos os pesticidas têm o potencial de contaminação. Por isso, as empresas lançaram um programa pioneiro de logística reversa em 2000, antes mesmo da legislação de 2002 que regulamentava a devolução de agrotóxicos. de fumo no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina e recolhe embalagens utilizadas até mesmo em outras culturas agrícolas. No Paraná, iniciativas semelhantes realizadas por polos locais são apoiadas por empresas associadas ao SindiTabaco. Em 22 anos, a iniciativa já deu o destino certo a mais de 18,8 milhões de embalagens, incluindo vasilhames usados ​​em outras lavouras, visto que um grande número de fumicultores diversifica suas propriedades.

O que a indústria do tabaco tem feito para reduzir os problemas relacionados ao uso de agrotóxicos?

Iro Schünke: Quando se trata de defensivos, o setor atua em três frentes principais: a saúde e a segurança do produtor, conscientizando-o sobre a necessidade de se proteger; o da proteção ao meio ambiente, tomando como exemplo o referido Programa de Recebimento de Embalagens e orientações sobre o correto armazenamento e manuseio desses produtos; e, por fim, a inovação, com investimento em pesquisa para continuar reduzindo a necessidade de uso de agrotóxicos. Nesse sentido, o uso de boas práticas agrícolas e o uso de agentes biológicos específicos para o controle de determinadas pragas podem reduzir significativamente o uso de agrotóxicos na produção de tabaco.

Como o uso de agrotóxicos não recomendados pode afetar a cadeia produtiva?

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Iro Schünke: Além de representar um risco à saúde e ao meio ambiente, o uso de agrotóxicos não recomendados também prejudica o mercado fumageiro brasileiro. O Brasil lidera o ranking mundial de exportação há 30 anos e isso se deve muito à qualidade, mas também à integridade física (material estranho) e química (resíduos) do produto. Exportamos anualmente para mais de 100 países e isso exige o cumprimento de critérios nacionais e internacionais. Por isso, as empresas também investem na rastreabilidade dos produtos e na assistência técnica, além de integrar programas que oficializam esse cuidado, como é o caso da IP Tabaco, realizada pelo Ministério da Agricultura.



Fonte: Agro

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